CARTA ABERTA AO POVO
BRASILEIRO
DO ACAMPAMENTO INDÍGENA
REVOLUCIONÁRIO INSTALADO EM BRASÍLIA DEFRONTE AO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E
CONGRESSO NACIONAL
Os Índios instalados no Acampamento Indígena Revolucionário
(AIR), na Capital da República, representando mais de 15 nações indígenas,
entendem que tenha chegado o momento de, através da presente Carta Aberta,
prestar à Nação brasileira e ao mundo através da rede mundial de computadores
(internet) que trata da temática indígena no Brasil, alguns esclarecimentos de
forma a evitarmos que informações caluniosas e sem nenhum fundo de verdade
venham a tentar minimizar e desacreditar junto à opinião publica nossa luta.
1. O AIR se instalou na Esplanada dos
Ministérios em Brasília em 12 de janeiro de 2010, logo após a publicação do
Decreto nº 7056/09, elaborado pela atual Direção da FUNAI e assinado pelo
Presidente Lula, totalmente à revelia dos Povos Indígenas e que pretende
reestruturar o órgão indigenista brasileiro.
2. Sua instalação se deveu e se deve, única e
exclusivamente, à forma intransigente, autoritária, antidemocrática e
absolutista com a qual a Direção da FUNAI vem tratando o assunto, o que acabou
por nos deixar sem qualquer outra alternativa a não ser a de buscarmos através
da instalação do AIR e de manifestações pacíficas junto ao Congresso Nacional e
opinião pública chamar a atenção das autoridades brasileiras para a grave
situação de crise em que se encontra a política indigenista brasileira.
3. Aqueles que acompanham mais de perto o
desenrolar dos acontecimentos estão cientes de que a publicação do Decreto nº
7056/09 representa em síntese o esvaziamento e enfraquecimento da representação
da FUNAI em suas bases, e, por conseguinte, o descumprimento do compromisso
constitucional que a Nação tem com os Povos Indígenas.
4. É fato que tanto os Povos Indígenas como
os servidores da FUNAI verdadeiramente comprometidos com a defesa dos direitos
indígenas há mais de 30 anos lutam pela reestruturação do órgão, a qual sempre
teve como linha mestra a necessidade de fortalecimento do órgão indigenista em
suas bases pois sabemos que seu enfraquecimento nos locais onde estão as terras
e os povos indígenas só fortalece a atuação daqueles que têm amplos interesses
econômicos nas riquezas que lá existem.
5. Ao promover, portanto, uma reestruturação
que fragiliza o órgão indigenista, a atual Direção da FUNAI apenas sinaliza a
todos para quem de fato está trabalhando e ao defender esses interesses
apunhalou pelas costas, de forma maquiavélica e torpe, mais de 600.000 índios
brasileiros, bem como rasgou e jogou na latrina compromissos internacionais
firmados pelo Brasil, como, por exemplo, a Convenção 169 da Organização
Internacional do Trabalho.
6. Estamos aqui há mais de 5 meses e daqui não
vamos sair pois entendemos que se agora, nesse momento, não lutarmos pelos
nossos direitos, não lutarmos para fazermos valer todo um passado de briga,
onde tantos dos nossos tombaram, estaremos definitivamente fadados ao fim
enquanto Povos Indígenas.
7. Vivemos hoje um retrocesso sem precedentes
tanto no trato da questão indígena, como de todo o arcabouço legal que construímos
ao longo desses anos e que elevou a Brasil a um ser um dos países com legislação
ambiental e até mesmo indigenista mais avançados do mundo. Isso é fato incontestável!
8. Em nome de um crescimento econômico
pleiteado por toda a Nação, temos nossos territórios impactados por estradas, ferrovias, hidrelétricas
e outros empreendimentos, todos aprovados pela FUNAI com um simples “sem óbices
ao empreendimento x ou y“, sem que nesse processo se garanta o pleno
cumprimento da legislação ambiental e indigenista que ainda está em vigor.
9. A UHE Belo Monte é exemplo cabal de nossa
afirmativa e serviu para materializar o que até então era de conhecimento de poucos,
mesmo porque aqueles poucos servidores que no cumprimento do dever cuidaram de
denunciar o que acontecia nos bastidores da FUNAI, foram sistematicamente assediados
moralmente pelos atuais dirigentes.
10. As “negociatas“ que envolvem a aprovação
de Belo Monte e a exemplar reação da população indígena e não indígena que será
irreversivelmente por ela afetada, trazem a público a verdadeira ditadura aos
moldes do regime militar em que hoje vivemos, pois não foram somente os
técnicos da FUNAI os assediados. Os meios de comunicação têm noticiado freqüentemente
a situação dos técnicos do IBAMA e do Instituto Chico Mendes, que também passam
pela mesma situação.
11. Antecipamos aqui que, como todos os
brasileiros, queremos também o progresso, o desenvolvimento, entretanto esse
progresso não pode estar condicionado a deixarmos para as gerações futuras o
caos ambiental que hoje gestamos na avidez do lucro para empresários nacionais
e internacionais.
12. Lamentamos profundamente que antigos
aliados dos Povos Indígenas, sem que tenhamos uma explicação convincente,
tenham nos virado as costas, usando instrumentos que lhes tiram a dignidade e a
credibilidade na vã tentativa de tirar-nos a credibilidade.
13. A mais recente tentativa busca dar ao
nosso movimento conotações de cunho político ao afirmar que estaríamos sendo
financiados por partidos de oposição ao atual governo. Cabe inicialmente
registrar que o governo já financia seus opositores há muito tempo, basta
acessar o Portal da Transparência para constatar nossa afirmativa.
14. Estamos deixando claro que o nosso
Acampamento Indígena Revolucionário não tem qualquer vinculação ou motivação político-partidária
e vem se mantendo graças ao apoio dos moradores de Brasília e entorno, de instituições
de cunho religioso e dos próprios acampados que felizmente a cada dia aumentam.
15. Ao contrário de outros que aqui chegam
com diárias de colaborador, de servidor, hospedam-se em bons hotéis, com carro a
disposição, aqui estamos contando com a caridade de alguns e a certeza de que
nosso movimento é por uma luta justa. Desde janeiro aqui enfrentamos com
mulheres e crianças chuva, fome, frio em abrigos improvisados.
16. Estamos sim construindo alianças políticas
com o Congresso Nacional, tendo por sinal recebido apoio de parlamentares tanto
da situação como da oposição. A nossa luta é isso, não vemos nada de ilegal ou
errado. Sem esse apoio não teríamos, por exemplo, como barrar a recente tentativa
de criar-se o Conselho Nacional de Política Indigenista, mais um instrumento de
manipulação dos Povos Indígenas gestado na nefasta gestão do Sr. Marcio Meira.
17. Sem esse apoio não teríamos como levar
aos parlamentares a grave situação de crise imposta ao órgão indigenista pelo
Sr Marcio Meira, na expectativa de que nossas denúncias tenham algum eco junto às
instituições publicas, em especial junto ao Tribunal de Contas da União a quem
cabe investigar o que hoje acontece na FUNAI.
18. Graças a atuação do AIR, o Congresso
Nacional sabe do verdadeiro bordel em que hoje se transformou a FUNAI, tendo na
figura da Chefe de Gabinete sua maior gerente, pois a ela cabe principalmente
as nomeações espúrias de membros de partidos, sindicalistas, amigos, amantes e
outros chegados.
19. Hoje a maioria dos cargos comissionados
da Fundação Nacional do Índio encontra-se em mãos de pessoas totalmente alheias
às atividades e procedimentos legais que normatizam o serviço publico. A prova
inconteste de nossa afirmativa é o próprio Decreto nº 7056/09, visivelmente
elaborado por pessoas que nada ou pouco entendem das atividades do órgão
indigenista.
20. Todas as tentativas até agora adotadas
pela Direção da FUNAI no sentido de desqualificar a atuação do AIR não tem
encontrado ressonância, não só junto aos índios como também junto a instituições
que acreditamos sejam sérias como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Dizer
que nosso movimento não tem objetividade de pauta que sustente nossa principal reivindicação
que é a revogação do Decreto n. 7056/09 é desconhecer a manifestação de varias Associações
Indígenas, do conjunto de servidores da FUNAI através de sua Associação, do
SINDESP-DF, da CONDESEF entre outras.
21. Extinguir toda a representação da FUNAI
no Estado do Paraná, extinguir após literalmente enganar os Kayapó, a Unidade
da FUNAI em Redenção, deixar no abandono índios de recente contato na região da
Altamira, onde se instalará Belo Monte, com a extinção da Unidade de Altamira,
jogar de forma irresponsável o atendimento de todos os parentes Guajajara para
a cidade de Imperatriz, acabar com a Unidade da FUNAI no Estado de Pernambuco,
acabar com a Unidade da FUNAI em Tangará da Serra, submeter os Maxacali a uma
Unidade em Paulo Afonso na Bahia, esses são apenas alguns dos itens desse
nefasto Decreto que fundamentam e dão objetividade a nossa reivindicação.
22. Transferir para Organizações Não
Governamentais atribuições que pela Lei são de responsabilidade da FUNAI, como
a gestão dos recursos da Renda Indígena, abrindo assim um amplo leque de negócios
lucrativos para essas instituições, demonstra o nível de patifaria da atual
direção da FUNAI. Cabe destacar que são as ONGs travestidas de associações sem
fins lucrativos que hoje ditam as diretrizes da política indigenista
brasileira.
23. Submeter servidores do quadro efetivo da Fundação
Nacional do Índio a um processo forçado de redistribuição para outros órgãos,
impor a todos aqueles que demonstram descontentamento com a atual situação, práticas
nazi-fascistas de opressão, esses são outros dos itens desse nefasto Decreto
que fundamentam e dão objetividade a nossa reivindicação pela revogação do
Decreto nº 7056/09.
24. O AIR (Acampamento Indígena
Revolucionário) tem como segunda reivindicação a imediata exoneração do Senhor
Marcio Meira e sua equipe. Sobre esse tema é bom inicialmente recordar que a
equipe que hoje dirige a FUNAI foi toda ela exonerada pelo então Ministro da
Cultura Gilberto Gil.
25. Na época várias foram as manifestações
contrárias ao ato do Ministro. Hoje é premente concluir-se que GIL TINHA RAZAO!
Esperamos que agora o Presidente da República tenha a mesma lucidez em exonerar
essas pessoas da atual direção da FUNAI, como teve lucidez o Ministro Gilberto
Gil em exonerar o patife-mor Marcio Meira. O ato de exoneração à época do Marcio
Meira só serviu para que o então Ministério da Cultura (Gilberto Gil) finalizasse
o mandato de seu Ministério com tanto brilhantismo, reconhecido nacional e
internacionalmente.
26. Pois bem, dando objetividade a nossa
segunda reivindicação, apontamos o seguinte:
A) Coube a atual direção um intenso processo
de aparelhamento político partidário da FUNAI, que por não ter critérios
técnicos mínimos, vêm gerando a quase que paralisação das atividades da Fundação.
Já há algum tempo que temos vivido de eternas reuniões, encontros, seminários,
todos eles com participação escolhidas a dedo, ou seja, só entra a turma do
Presidente, reuniões que ao final redundam em outras reuniões sem que seus
resultados venham a alterar a grave situação em que hoje vivem os índios em
suas territórios.
B) Tem sido no mínimo vergonhoso o papel da
FUNAI nas discussões que tratam de empreendimentos em Territórios Indígenas.
Numa inversão de suas atribuições, quem de fato vem ditando as regras e condições
nessas discussões têm sido os empreendedores e a Casa Civil. Para os Povos Indígenas
a opção é uma só: Ou se aceita ou se aceita!
C) É visível o uso de recursos públicos e do
aparelho de Estado em benefício de Organizações Não Governamentais que atuam
com a questão indígena. Hoje membros importantes do CTI – Centro de Trabalho
Indigenista – integram o quadro de dirigentes e como tais cuidam de convênios
ou termos de Cooperação ou simples Pareceres para se auto-beneficiarem.
D) É bom registrar que o CTI é apenas uma das
ONGs que hoje penduram-se nas benesses e facilidades que a Fundação Nacional do
Índio pode lhes propiciar. Não podemos aqui deixar de registrar a atuação mesmo
que indireta de ONGs como o ISA (Instituto Sócio-Ambiental) que teve
recentemente um de seus membros mais proeminentes como um dos consultores da
CNPI para a elaboração do novo Estatuto dos Povos Indígenas, outra bomba
atômica que está para explodir no colo dos Povos Indígenas.
E) Apesar de tecer sérias criticas e divulgar
que em sua gestão está acabando com a danosa prática assistencialista da FUNAI,
em nenhum momento da história do indigenismo se viu sua execução de forma tão
intensa. A recente licitação no valor de R$ 400.000,00 para aquisição de cestas
básicas para os Xavantes, além de desnecessária, pois essa atividade é de
atribuição da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), evidencia com
clareza a forma de gestão dos recursos públicos da atual direção, qual seja,
assistencialista e imoral!
F) A cooptação de líderes indígenas, organizações
indígenas e índios de um modo geral tem sido de um cinismo sem precedente. Quem
por ventura vier a discordar, se resolve via cesta básica, nomeações ou via auxílio
financeiro, diária de colaborador e outros instrumentos possíveis de usar. Aos
que se mantêm resistindo, a solução foi mais simples ainda: Colocar a Força
Nacional com poder de uso de armas
letais na porta da FUNAI há mais de 5 meses.
G) Graças a essa prática, a atual Direção da
FUNAI levou ao descrédito o que poderia ter sido um instrumento importante de política
indigenista, que foi a Comissão Nacional de Política Indigenista, hoje tendo
seus membros indígenas colocados ao extremo descrédito junto a seus
representados.
Líderes importantes e históricos do movimento
indígena, como Akjaboro Kayapó, foram literalmente usados nesse jogo sujo de
cena de representatividade criado pela atual direção da FUNAI.
Registramos aqui a situação de Akjaboro
Kayapó, porque acompanhamos através das Atas da CNPI sua luta pelo não
fechamento de Redenção, contra a instalação de Belo Monte e em defesa do Plano
de Carreira da FUNAI.
Como Akjaboro Kayapó vários outros foram
enganados e iludidos pela atual direção da FUNAI com eternas promessas de que
nada seria feito sem consultá-los.
H) É visível a intenção da atual direção da
FUNAI de acabar com todo um trabalho indigenista de mais de século, no sentido
de inviabilizar a convivência pacifica entre os Povos Indígenas quando,
adotando de métodos escusos, joga Índios contra Índios, o que resultou em
conflito sangrento entre Xavante e Kayapó, na porta da Fundação Nacional do
Índio (FUNAI) em janeiro deste ano.
Lembramos ao Presidente da FUNAI que os Povos
Indígenas e seus territórios não podem continuar a ser tratados como
verdadeiros feudos, que a política indigenista não pode ser levada tentando-se
classificar os índios como os índios do Presidente, da ONG X ou Y, do servidor
“A”ou “B”.
Esses são, portanto, apenas alguns dos fatos
que fundamentam nossa reivindicação quanto à necessidade urgente e premente de
exonerar-se a atual direção da FUNAI.
No atual momento inclusive é premente que ela
ocorra o quanto antes para que seja possível abrir algum canal decente de negociação
com o governo federal.
A máscara de “bom moço” do Sr. Marcio Meira e
sua equipe inegavelmente caiu ao chão, a insatisfação de índios e servidores é
latente em todo o território nacional e só tende a se agravar.
Mantê-lo e manter a sua equipe à frente da Fundação Nacional
do Índio é gerar para o governo Lula grave desgaste nacional e internacional.
Hoje o governo brasileiro encontra-se questionado em vários Fóruns
internacionais quanto ao tratamento que vem dando à questão indígena e
ambiental.
Para finalizar nossos esclarecimentos não poderíamos
deixar de registrar o seguinte:
1. É lamentavelmente visível nesse processo
todo a inexplicável omissão do Ministério Publico Federal, a quem caberia nossa
defesa. Denúncias escritas, Ofícios, abaixo assinados são encaminhados a essa instituição
sobre tudo o que acima registramos e nada é feito.
2. É lamentável que membros importantes do
CIMI (Conselho Indigenista Missionário) tenham se deixado levar por essa farsa
em que se transformou a FUNAI e seus dirigentes. Hoje vemos uma atuação no mínimo
dúbia dessa ONG que tem uma longa história de luta em nossa defesa. Enquanto o
Presidente da instituição luta lado a lado com os Povos Indígenas e não indígenas
pela não implantação de Belo Monte, outros membros do CIMI se efetivam ocupando
cargos comissionados na FUNAI, portanto diretamente estão a concordar com o que
está acontecendo.
3. É lamentável o uso consentido de Organizações
Indígenas como a COIAB, APOINME entre outras, por parte da direção da FUNAI.
Lembramos que representatividade junto aos Povos Indígenas não se dá através de
CNPJ, mas sim através de um sistemático, coerente e honesto trabalho junto aos Povos
Indígenas nas aldeias.
Sabemos que algumas dessas organizações
caíram em mais uma armadilha governamental, que foi o processo de terceirização
de atividades que eram de responsabilidade do Estado e hoje encontram-se em séria
situação de dificuldades financeiras.
É exemplar a situação da COIAB (Coordenação
das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), ontem gerenciando milhões
de reais da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde), hoje com mais de um milhão em
dívidas trabalhistas, em dificuldades junto ao TCU (Tribunal de Contas da
União), o que a forçou inevitavelmente a iniciar uma Campanha pedindo R$ 1,00 a
quem possa lhe ajudar.
Como a COIAB, várias outras organizações indígenas
estão hoje absolutamente fragilizadas o que as torna presa fácil de interesses
outros que não aqueles para as quais foram criadas, que é a defesa dos nossos
Povos Indígenas.
4. É lamentável o silêncio de indigenistas,
servidores da FUNAI e outros que em passado recente diziam-se parceiros dos indígenas.
É justo afirmar que a Associação dos Servidores da FUNAI vem se posicionando
desde janeiro contrário ao Decreto, entretanto é fato que, como bem detalhamos,
a Fundação Nacional do Índio vive hoje grave situação de assédio moral.
Enquanto uns não falam por simples medo,
outros cuidam de aliar-se à atual direção e de alguma forma auferir algum
benefício, quer seja através de Cargos Comissionados, quer seja através de diárias,
ou através da possibilidade de agasalhar um parente ou amigo.
Por fim, temos o compromisso de alertar a
população brasileira para o seguinte: Se hoje são os Povos Indígenas do
Acampamento Indígena Revolucionário que lutam para manter vivo o compromisso da
Nação pelo direito à liberdade de expressão, pelos direitos que a duras penas
conquistamos na última Assembléia Nacional Constituinte, amanhã pode ser o servidor público, o aposentando e
outros cidadãos que se vejam forçados a ir a praça pública lembrar a todos nós
que os tempos da ditadura ficaram para trás.
Agradecemos todo o apoio que tem nos prestado
a população de Brasília e seu entorno, por compreender que se estamos
“enfeiando a Esplanada” “ com nossas toscas barracas é porque nossa realidade
nos Territórios Indígenas é bem mais feia.
Esperamos com essa Carta Aberta ter melhor
explicado os motivos de nossa luta e que assim outros cidadãos venham a se
sensibilizar nos doando gêneros alimentícios e material de limpeza. Não
queremos e não autorizamos que em nome do AIR se receba dinheiro da população.
Apelamos aos parentes que chegam a cada dia
que passa de outras regiões que tragam consigo seus produtos de roça.
Agradecemos aos parlamentares dos partidos de
situação e oposição que verdadeiramente têm se mostrado sensíveis à nossa
causa.
Agradecemos através da Associação Nacional
dos Servidores da FUNAI o apoio que temos recebido daqueles servidores
verdadeiramente comprometidos com a defesa de nossos direitos.
Agradecemos a antropólogos, jornalistas e
demais profissionais liberais que vêm disponibilizado seus meios de comunicação
para levar à opinião pública nacional e internacional a grave crise que passa a
política indigenista brasileira.
Depositamos toda a nossa solidariedade aos
parentes que em todo o território nacional, quer seja através de suas Associações,
quer seja individualmente, têm apoiado nossa luta. Sabemos que se não tivermos
forças para lutar agora, um futuro de opressão e mentiras se apresenta para
todos nós.
Esse conjunto de parceiros que hoje temos e
que se avoluma com o passar dos dias só reafirma que caminhamos no rumo certo.
Todas as tentativas que vão desde cooptar com
benesses nossos membros, seja pela força através do uso da Policia Federal,
Forca Nacional e até Polícia Militar, têm apenas servido para mostrar a
verdadeira face da atual direção da FUNAI, do Ministério da Justiça e do
Governo do Presidente Lula da Silva.
Continuaremos, portanto, aqui acampados!
Continuaremos na busca da abertura de canais legítimos
de negociação que passa pela imediata exoneração do Sr. Marcio Meira e a nomeação
de uma nova equipe que venha a viabilizar procedimentos de transição capazes de
garantir a participação dos Povos Indígenas, servidores e parceiros num
processo democrático, transparente e legítimo de reestruturação da FUNAI, que fortaleça
a presença do órgão indigenista em sua base.
Conclamamos os parentes que ainda permanecem
como membros da Comissão Nacional de Política Indigenista a formalizarem junto
ao Ministério da Justiça e a outras instituições, seus pedidos de retirada da
dita Comissão, como única forma de não mais se envolverem nesse pântano
lamacento em que se transformou a política indigenista gerida pela atual
direção da Fundação Nacional do Índio
Brasilia, 06 de junho de 2010
Acampamento Indígena Revolucionário!
Revolucionar não pelas armas, mas
revolucionar pela democracia e transparência!
O Direito sem a justiça não é um direito, é
apenas um jogo de interesses mesquinhos!
______________________________________
O homem que move montanhas, começa
carregando pedras pequenas!
Ditado chinês