tag:blogger.com,1999:blog-47211572302670706152024-02-20T10:02:57.177-03:00Blog do Mércio: Índios, Antropologia, CulturaVisita aos Xavante da Terra Indígena São Marcos, 2005Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.comBlogger1647125tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-77393003527238270572016-04-09T22:22:00.001-03:002016-04-09T22:24:48.961-03:00CPI - FUNAI E INCRA - Audiência Pública - 05/04/2016 - 14:33<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="https://www.youtube.com/embed/4dMbd0mYRbA" width="459"></iframe><br />
<br />
Esta é a parte do meu depoimento na CPI da FUNAI e do INCRA que faz a interação com os deputados. Dura quase duas horas, mas vale a pena acompanhar o debate.<br />
<br />
A parte correspondente à palestra de 20 minutos ainda não está no YouTube. Talvez só esteja, por enquanto, na TV Câmera.<div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-71442392736830248862016-03-01T12:03:00.002-03:002016-03-01T14:46:51.662-03:00Wagner Tramm, indigenista apaixonado, nos deixa mais sós.Wagner Tramm, um dos grandes e dedicados indigenistas da FUNAI, com uma larga folha de serviços ao indigenismo, com uma intensa experiência com muitos povos indígenas, com expertise comprovada em questões de meio ambiente, homem franco e sincero, batalhador, apaixonado, shakespeariano, Wagner Tramm tomou o seu destino nas mãos e saiu da vida nesta madrugada do último dia de fevereiro de 2016.<br />
<br />
Os amigos estão chocados, atônitos, derrubados pelo castigo dessa notícia. À sua família, sua mulher e filhas, mandamos todos nós os mais profundos sentimentos de pêsames e de saudades.<br />
<br />
Um indigenista da FUNAI, que teve em Tramm um dos seus amigos e emuladores, e como Tramm, um geógrafo com visão antropológica e humanista, Henrique Cavalleiro, escreveu o texto abaixo, que expressa os sentimentos de despedida de todos nós a Wagner Tramm.<br />
<br />
:::::::::::::::::::::::<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Prezado Tramm,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nunca fui bom em divagações filosóficas e existenciais, mas
vamos lá. Qual o limite entre a coragem e o desespero? Entre a lucidez e a
loucura? Aliás, qual o limite de uma pessoa para suportar as frustrações e
enfrentar os próprios fantasmas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Por que será que sua morte me lembrou meu pai que, de certa
forma, também se consumiu no próprio fogo? Pessoas muito idealistas costumam
ser as que mais sofrem com as incompreensões. Corpo e mente absorvem a carga
negativa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Seria forçar a barra dizer que você começou a morrer quando o
tal Novo Indigenismo começou a matar a Funai? O indigenismo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">clean</i>, limpinho, moderninho, neoliberal,
longe dos índios....ao contrário do indigenismo “mão na massa” que você tão bem
encarnava? Mesmo com seus (nossos) erros e contradições? Que atire a primeira
pedra quem nunca se considerou com a missão pessoal, quase voluntarista, de
salvar os índios contra o avanço do capitalismo selvagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Me lembro de como você reagiu de forma passional, kamikaze,
àquela reestruturação. Cheguei a sugerir que você pegasse mais leve, que aquilo
te faria mal. Era a época em que eu estava voltando pra Funai depois ter
passado no concurso do MDS, ali por 2010. Mas quem sou eu pra dar conselho?
Cada um sabe onde o calo aperta. Quando em 2013 fui chutado pra fora, naquele
festival de incompetência e cinismo das últimas gestões, fiquei aborrecido mas
toquei o barco. Porém, seu sangue no olho o fez continuar na guerra. Ainda que
eu não concordasse com a forma, respeitava a essência do que te movia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Por falar em lembrança, a memória é o que nos cabe preservar
para manter alguém vivo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Lembro de
nossas viagens ao Araguaia junto com o Gilberto Gaúcho (hoje da CR Maceió),
quando eu estava no PPTAL e vocês na antiga CGPIMA. Aquela reunião tensa em
Boto Velho com o MPF e Ibama. E aquela cena hilária de você sentado num casco
de tartaruga para provocar o pessoal do Ibama que perseguia os índios por
caçarem a espécie.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E ainda a festa de
aniversário da Joarcênia em São Félix, quando você saiu nadando para o meio do rio
e nós ficamos gritando pra que voltasse. Afinal, não é bom enfrentar sucuri e
jacaré depois de algumas cervejas, não é mesmo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">É isso meu camarada. Precocemente você resolveu usufruir o
descanso do guerreiro. Ficamos por aqui. E em cada viagem a campo, em cada
aldeia, você estará presente como o “espírito da cabeça branca”. A nos proteger
contra a mediocridade e a hipocrisia que nos cerca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Grande abraço. Imortal abraço.<o:p></o:p></span></div>
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Henrique Cavalleiro<o:p></o:p></span></div>
<div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-26616638580119543092015-10-09T09:29:00.003-03:002015-10-09T09:29:47.225-03:00Aniceto Tzuduweré tinha razão<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqA8_rv7atDoOwcvVLXJA4aBBqJ6vtWRSyikeV4Bh1ZCmc7C5I8VOelCY9TW5Xupia1Nhl9P7T-8-Y86Rb7ulp4MXZqjwVQEBChiSVygMgpQho_NV5ArWCO6StEBx9I78D1XcluVRA1pa0/s1600/DSC_5812.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqA8_rv7atDoOwcvVLXJA4aBBqJ6vtWRSyikeV4Bh1ZCmc7C5I8VOelCY9TW5Xupia1Nhl9P7T-8-Y86Rb7ulp4MXZqjwVQEBChiSVygMgpQho_NV5ArWCO6StEBx9I78D1XcluVRA1pa0/s320/DSC_5812.JPG" width="320" /></a></div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
Talvez algumas pessoas não entendam por que os índios, especialmente os mais velhos, que vivem em suas aldeias e cuidam que suas culturas tenham viabilidade atual, querem a preservação da tutela, como instrumento jurídico de sua defesa perante as firulas das leis e as manipulações dos fazendeiros e dos políticos que vivem dos municípios onde estão as terras indígenas.</div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Em dois documentos cheios de verve e indignação, um velho cacique do povo Xavante, Aniceto Tsudwaweré, figura importantíssima na recuperação de diversos territórios xavante, na década de 1980, escreve ao ministro da Justiça, Tarso Genro, pedindo que reconheça o documento que os índios escreveram e aprovaram na Conferência Nacional dos Povos Indígenas, realizada em abril de 2006, com mais de 600 participantes. Naturalmente, Tarso Genro não deu a mínima para a advertência de Aniceto, e a situação dos povos indígenas continuou a degringolar por todo o período em que ele foi ministro.</div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Aniceto Tsudwaweré estava indignado contra as atitudes da então presidência da Funai que diminuía a força do órgão em favor do papel das ONGs. </div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Por que os velhos índios são contra as ONGs indígenas? Porque elas propõem ações políticas que não conseguem dar continuidade. Como se fosse espuma e retórica. Os jovens índios meio que se encantam com esse canto de sereia, com uma retórica de protesto, com as reuniões nas cidades, as viagens, etc. Aniceto vê isso e critica esses jovens. Os velhos índios sabem do passado, da luta que tiveram para recuperar o mínimo de dignidade. Sabem porque vivem em terras reais, em situações reais, acossados por gentes de todas as laias. Sabem que, na hora H, quando o bicho pega, as ONGs saem de fininho, e os servidores da Funai é que têm que consertar os estragos.</div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Eis os documentos de Aniceto Tsudwaweré. Embora apresentados ao Ministério da Justiça em 2009, seu propósito continua a ter seu valor atual, quanto mais porque a Funai está fazendo nova conferência de política indigenista sem reconhecer que já houve uma primeira, com participação intensa de todos os povos indígenas, dirigida pelos próprios índios, e que produziu um documento essencial para a renovação da política indigenista.</div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
____________________________________</div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Senhor Presidente da FUNAI, Márcio Meira, Senhor Ministro da Justiça, Tarso Genro, e Sr. Presidente da República L1JizInácio Lula da Silva - 19 de abril de 2009.<br />Estamos sabendo que o senhor está trabalhando para acabar com a tutela exercida pela FUNAI. Nós não estamos gostando disso. Nós já fizemos reunião com todas as lideranças indígenas do Brasil no ano de 2006, aqui em Brasília- DF. E o senhcr não conhece nosso documento? Ele foi entregue para todas as autoridades do Leqislativo, do Executivo e do Judiciário, e nele apresentamos nossas reivindicações, com aprovação de todas as lideranças verdadeiras das comunidades indígenas. Ele foi feito com apoio da FUNAI, porque o Senhor não reconhece esse<br />documento?</div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Nossas reivindicações foram claras: apoiar e melhorar a FUNAI e continuar a TUTELA até nossos netos terem condições de melhor entender e conhecer a maneira do homem branco e até suas injustiças. E porque o senhor quer não respeitar nossa vontade?<br />E o Senhor está fazendo modificações na estrutura da FUNAI sem nossa participação. O Senhor está fazendo modificações escondido, sem conhecimento de nossa opinião e de vários interessados indígenas e indigenistas, por quê? Somente alquns poucos burocratas de Brasília estão produzindo esse documento de modificação da FUNAI, sem conhecimento e sem participação democrática - por quê?</div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
O Senhor colocou no Conselho Nacional dos Povos Indigenas representantes que não são verdadeiras lideranças comunitárias, sem consultar as verdadeiras lideranças, são na maioria índios que convivem da cidade. Somente o Horácio Kayapó nós reconhecemos como de comunidade. O CIMI e Ongs que já recebem muitos recursos de ministérios e até internacionais participam. E nós que não temos nada, que sofremos cada dia o massacre do modo do homem branco produzir e invadir a natureza, porque estamos excluídos? Porque somos impedidos de ir participar?</div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Aniceto Tsudzauérê<br />Caciique<br />AldeIa Nossa SenhOrIl de Gu~daluoe<br />________________________________________</div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Vocês estão destruindo o nosso planeta Terra, não conseguem ver isso?</div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Não concordamos com a retirada da TUTELA e com a modificação da lei 6001 sem nossa participação, nos enganaram com as reuniões regionais, estão manipulando os documentos que produzimos, não tomamos conhecimento dos documentos produzidos por outras lideranças nas outras regionais, foi mal orqan.zado. Estão manipulando para favorecer novas invasões das terras indígenas por empresas minerais e exploração de nosso conhecimento sobre medicamentos naturais.</div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
E a FJNAI está participando e colaborando com isso?</div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Senhor Ministro da Justiça e Presidente da República, se vocês estão concordando com a modificação da FUNAI e com o fim da TUTELA, por influência do Presidente da FUNAI e sua Diretoria de Ongs, para atender os interesses do PAC e de empresas mineradoras, então Senhores, devolvam nosso território original que o modc de ocupação de vocês promoveram, devolvam nossa natureza, nosso cerrado, nossos rios limpos, retirem as vilas e cidades construídas em cima de nosso território tradicional e que causaram tantas mortes por doenças e até por violências armada, devolva-nos a liberdade e autonomia que nos foi retirada. Aí sim poderemos viver como antes, do nosso modo, e sem a TUTELA.</div>
<div style="color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Quanto ao Presidente da FUNAI, r.ós queremos e sugerimos sua demissão da FUNlJ, saia da FUNAI junto com a sua Diretoria que não respeita os Povos Indígenas e somente atende a vontade dos empresários, dos plantadores de soja, dos empresános de mineração. O Senhor não merece dirigir e estar na FUNAI, órgão tão importante e necessário para os Povos Indígenas.</div>
<div style="color: #141823; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
Aldeia São Marcos- MT, 19 de abril de 2009 .<br />Aldeia Nossa Senhora de GuadaJuoe</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpNfou7NsyHx9R6U5sMW9PK3ZA9bIIvLOVhpa1bjNdIlO7TPwknJy7_yi-5Mc8IbrNzMOrOl60y0oIo_NjGmnbuocdfcU5NEFHfYYglu9t3jtW0Zsl5cCtpqMYxx9VD5hPKlAckawlQqUA/s1600/DSC_0113.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpNfou7NsyHx9R6U5sMW9PK3ZA9bIIvLOVhpa1bjNdIlO7TPwknJy7_yi-5Mc8IbrNzMOrOl60y0oIo_NjGmnbuocdfcU5NEFHfYYglu9t3jtW0Zsl5cCtpqMYxx9VD5hPKlAckawlQqUA/s320/DSC_0113.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-68460718629358750282014-11-30T23:34:00.000-02:002014-11-30T23:36:53.803-02:00O ministro Márcio Thomaz Bastos, os índios e eSão muitas as lembranças que tenho do Ministro da Justiça Márcio
Thomaz Bastos quando eu fui presidente da Funai. Quero recordar algumas
delas para demonstrar meu respeito e carinho pelo Dr. Márcio, falecido
hoje tão inesperadamente.<br />
<br />
As lembranças começam do primeiro momento em que lhe fui apresentado
em seu gabinete ministerial. Só o conhecia de jornal, pelo seu papel na
transição democrática, como presidente da OAB, e como advogado
criminalista, no júri dos assassinos de Chico Mendes. E ele nunca ouvira
falar de mim. Eu havia sido convidado pelo seu chefe de gabinete, o
advogado de direitos humanos Sérgio Sérvulo da Cunha, a quem conhecera
três dias antes, no Rio de Janeiro, para conversar com o ministro, em
Brasília, sobre a Funai.<br />
<br />
Naqueles dias de início de setembro de 2003 a
Funai estava uma zorra, em convulsão há oito meses, sem direção e sob a
pressão de mais de 500 índios em Brasília, clamando por mudança, por
atendimento a suas reivindicações coletivas e pessoais. Dr. Márcio me
atendeu numa conversa de não mais que meia hora, cada um de nós sentado
nas vetustas cadeiras do MJ, eu abismado ao mirar a Esplanada dos
Ministérios e o Congresso Nacional.<br />
<br />
O que ele viu em mim, ou leu em mim — com sua mente de criminalista
que tem que adivinhar porque um homem mata sua mãe e merece perdão —
nesse curto espaço de tempo, é de admirar. Ele me dizia que queria
alguém com um jeitão de impor ordem numa Funai da qual ele sabia quase
nada, ouvindo aleatoriamente índios, antropólogos, políticos e
funcionários do órgão sem saber qual direção tomar. Disse-lhe que não
era gerentão nem generalão, que, sendo antropólogo, meu perfil era de
ouvir, conversar, propor e considerar objeções, e só depois tomar
atitude.<br />
<br />
Minha experiência de governo tinha sido a de subsecretário de
planejamento junto a Darcy Ribeiro, no segundo governo Brizola, quando
fizéramos 504 escolas públicas de tempo integral, os CIEPs, e a
Universidade do Norte Fluminense. Com Darcy aprendera a administrar, a
ouvir, a debater, a brigar e a ter atitude política. A conversa que
começou formal, tornou-se amável, completamente sincera, e terminou sem
convite. Ao final, ele me perguntou se eu queria ser presidente da
Funai, respondi-lhe que sim e dei-lhe meu livro <i>Os Índios e o Brasil</i>,
e ele me perguntou se este seria meu programa de ação indigenista. Ri,
mas disse-lhe que talvez sim. Dois dias depois meu nome estava no Diário
Oficial da União como novo presidente da Funai.<br />
<br />
Naquela mesma tarde alguém comentou a conversa e a notícia correu
pela internet. A Coiab, a principal associação de representação do
movimento indígena, soltou nota de que eu não seria bem vindo, que eu
vinha da linhagem de Darcy Ribeiro e do Marechal Rondon, que tinha sido
do PDT e agora do PPS, e que havia publicado um texto no jornal
eletrônico <i>Achegas</i> criticando o PT. Meses depois soube pelo seu
chefe de gabinete que o todo poderoso ministro José Dirceu havia então
conversado com o Dr. Márcio e pedira-lhe para não me nomear. O Dr.
Márcio lhe teria retorquido que talvez o ministro Dirceu também o
quisesse demitir, e o Zé calou-se.<br />
<br />
Ao longo de três anos e sete meses de meu mandato na presidência da
Funai o ministro Márcio teve muitos motivos para me demitir. Havia
pressão direta do PT, de ONGs indigenistas, de fazendeiros, de políticos
do agronegócio, de alguns governadores, do vice-presidente da
República, o fazendeiro de algodão José Alencar, da cozinha do governo
(mas nunca do próprio presidente Lula, de quem sempre recebi um amável
retorno às minhas ponderações e sugestões), da 6ª Câmara do Ministério
Público que atende às reivindicações indígenas, de uma parte da imprensa
– mas nunca dos índios, suas comunidades e suas representações
tradicionais. Com estes sempre tive uma boa e alegre convivência, tendo
visitado mais de 80 terras indígenas e recebido mais de 300 delegações
nesse período de incumbência.<br />
<br />
Quando um grupo de guerreiros Cintas-Largas, em uma manhã de 15 de
abril de 2004, matou 29 garimpeiros de diamantes na Terra Indígena
Roosevelt, no Estado de Rondônia, defendi-os veementemente com o
argumento de que estavam exercendo o seu direito de proteger suas
terras. Foi um momento difícil, a questão tomou vulto na imprensa,
alguns jornalistas me acusaram de ser anti-humanista, um antropólogo me
cognominou de “pequeno Napoleão”, o Exército considerou fazer uma missão
para entrar na área indígena para resgatar os corpos, a fofocada na
Funai e em hostes contrárias espalhou que eu seria demitido.<br />
<br />
Naquela semana a Funai estava homenageando os índios Xavante e sua
luta pela retomada da Terra Indígena Marãiwatsede, e eu me sentia
orgulhoso de estar contribuindo para isso. O Dr. Márcio jamais disse uma
palavra contrária às atitudes e posições que eu estava tomando. Ao
longo de todo o período que antecedeu ao massacre eu o comunicava de
tudo. Acho que mataram uns 10 garimpeiros, ministro, podem ter sido 18,
ministro, acho que o número chega a 30, ministro. E tentava relatar as
providências tomadas, mostrar-lhe que tínhamos o melhor homem de área, o
bravo e inesquecível indigenista Apoena Meirelles, que, 35 anos atrás,
havia ajudado seu pai, Francisco Meirelles, a fazer os primeiros
contatos pacíficos com os Cintas-Largas. Apoena iria ser assassinado por
um rapaz seis meses depois num bizarro incidente na cidade de Porto
Velho, RO.<br />
<br />
E houve muitos outros exemplos da firmeza do Dr. Márcio Thomaz Bastos
em relação a mim. Voltando a aqueles tempos, parece estranho que nunca
tenha duvidado de minha capacidade de trabalho e de minha lealdade
pessoal a ele e ao governo Lula. Sua equipe de trabalho, composta por
jovens advogados paulistas, a seu comando, também nunca deixou de me
ajudar e me mostrar os percalços que podiam me atingir. A eles todos eu
sou grato.<br />
<br />
Duas grandes atuações indigenistas aconteceram comigo e o Dr. Márcio.<br />
<br />
O primeiro foi a demarcação e homologação da Terra Indígena Raposa
Serra do Sol, na região mais setentrional do Brasil, incluindo o Monte
Roraima. Fazendeiros tradicionais e espúrios, o Conselho de Defesa
Nacional, governadores, políticos de todo o espectro partidário, do
PCdoB ao PP, se posicionaram contra essa demarcação. Mostrando-lhe o
histórico da demarcação de terras indígenas no Brasil, as lutas
indígenas para sobreviver, o Dr. Márcio logo se deu conta de que a
demarcação de Raposa Serra do Sol seria sua obra indigenista mais
importante e significava o ápice do indigenismo brasileiro, iniciado em
1910 com o Marechal Rondon. Foi com esse argumento que ele convenceu o
presidente Lula de que este ato era digno e glorioso e ficaria nos anais
da República, talvez acima de outros atos presidenciais.<br />
<br />
O seguinte instante de alegria do Dr. Márcio em relação aos índios
foram suas visitas a terras indígenas. Ele esteve em 2004 no Kuarup
promovido pelo povo Kamaiurá, na Terra Indígena Alto Xingu. Lá
permaneceu por três dias, dormindo em rede na casa do cacique Kotok e
vivenciando as diversas fases desse ritual. Em setembro de 2005 ele voou
para a Terra Indígena Baú, dos índios Kayapó, a quem entregou o ato de
demarcação de sua terra indígena, que havia sido contestada por
fazendeiros e políticos da região da BR-163, no Estado do Pará. E em
março de 2006 ele levou os papéis de demarcação da Terra Indígena
Panambizinho, no Mato Grosso do Sul, aos índios Guarani-Kaiowá, que hoje
ainda sofrem por carência de terras. Nessa ocasião ocorreu um imenso
temporal que fez a cobertura do palanque voar aos ares e todo mundo
correr para o abrigo das casas. O Dr. Márcio sorria despreocupado,
olhando o céu em alvoroço, enquanto seus seguranças se avexavam
tentando proteger o chefe. Os Kaiowá acharam que o temporal era um belo
sinal de vitória por sua luta extrema que vinha desde a década de 1930
para garantir a terra que lhes havia sido subtraída para fazer um
loteamento para os imigrantes da ocasião.<br />
<br />
No seu período de ministério, Dr. Márcio e eu conseguimos homologar
67 terras indígenas, firmar a demarcação de 31 novas terras e abrir
algumas dezenas de processos de análise de novas terras. Nada fácil,
dada a cautela jurídica com que sua equipe de advogados verificava os
argumentos de demarcação. Nada fácil, pois o cerco contra a demarcação
de novas terras indígenas estava se estreitando, tanto no Congresso
Nacional quanto no Judiciário. Por isso mesmo, muitos processos de
demarcação foram contestados juridicamente por fazendeiros e políticos e
acabaram nos tribunais, em estado de disputa. Nos últimos anos o
Supremo Tribunal Federal tem tomado posições que restringem ainda mais a
possibilidade de novas demarcações em áreas contestadas.<br />
<br />
Ainda há um largo caminho a trilhar na demarcação de terras indígenas
até que os povos indígenas sejam efetivamente contemplados com o
sentimento de recuperação e consolidação de suas condições de vida. O
Brasil lhes deve muito.<br />
<br />
O Dr. Márcio tinha a visão do possível a se realizar a cada tempo. Ao
se fazer ministro, tornou-se um verdadeiro homem de estado, um
estadista. Seu olhar era multifacetado, abarcando as diversas
perspectivas da sociedade brasileira. Mas suas decisões eram tomadas com
firmeza. Os muito índios que foram por ele recebidos em audiência ou a
quem ele ajudou no cumprimento de suas reivindicações sabem disso.<br />
<br />
Ao indigenismo brasileiro o Dr. Márcio deixou sua marca. Por
extensão, ao Brasil, que só será uma nação próspera e honrada, no dizer
do poeta Gonçalves Dias, com a “inteira reabilitação” dos índios. O Dr.
Márcio Thomaz Bastos deixou a marca de um homem que sabia, por intuição
pessoal e por sentimento histórico, da importância dos índios para a
constituição da grandeza do Brasil.<br />
<a href="http://merciogomes.wordpress.com/2014/11/20/o-ministro-marcio-thomas-bastos-os-indios-e-eu/#_ftnref1" name="_ftn1"></a><div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-58495323079296417422014-01-09T09:42:00.000-02:002014-01-09T09:42:37.642-02:00A batalha de Humaitá<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;">Em Humaitá a situação continua tensa. A população exige que o desaparecimento de três pessoas seja esclarecido. O Exército perambula pelas aldeias dos Tenharim e não consegue pista do que aconteceu. Dizem que acharam um carro queimado que pode vir a ser o carro prendido pelos índios. Mas não há prazo para se esclarecer isso. Por seu lado, os índios estão encurralados, recebendo o apoio do Exército em forma de proteção e alimentos. Nenhum índio permanece na cidade de Humaitá com medo de ser linchado. A Funai não sabe bem o quê fazer, todos os seus funcionários graduados saíram para Porto Velho ou Manaus.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;">A pedido de uma jornalista, escrevi as seguintes considerações sobre o assunto.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;">1. Em muitas partes do Brasil há situações semelhantes à de Humaitá. Há alguns anos os índios passaram a conviver nas cidades, a criar uma vida urbana, e isso resulta em tensões, seja de ordem econômica, seja de ordem cultural. Entretanto, em geral, as tensões são dissipadas pelo conhecimento mútuo e pela confiança que se estabelece entre as partes. Muitas cidades brasileiras convivem perfeitamente bem com os índios que lá habitam ou que a frequentam. Outras não. Em geral, as tensões estão mais presentes em cidades novas, recém-formadas ou recém frequentadas pelos índios. Nelas há uma incompreensão por parte dos cidadãos não indígenas sobre quem são os índios e como eles devem se relacionar com o mundo dos "brancos". Já os índios buscam um caminho de bom relacionamento, ao seu modo, mas as coisas nem sempre ocorrem como os cidadãos brancos querem.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;">2. Em diversas partes do Brasil, onde passam rodovias, os índios se deram conta de que as rodovias produzem impactos em suas vidas. Eles sentem que muitos se valem dessas rodovias e por elas são beneficiados. Mas não eles, os índios. Daí começaram a cobrar pela passagem de automóveis nessas rodovias. Por exemplo, os índios Pareci permitiram que se fizesse um atalho em uma rodovia, que passou por suas terras, diminuindo a distância, mas sob a condição de pagarem pedágio. Isso vem ocorrendo há uma dezena de anos, e, apesar das reclamações, tornou-se uma realidade regional. Já os índios Kayapó cobram um pedágio pela passagem de carros em balsa sobre o rio Xingu. Os caminhoneiros reclamam, o governo do Mato Grosso quer acabar com isso, mas os índios mostram força para manter o pedágio. Há legalidade sobre isso? Provavelmente não, mas são fatos reais que precisam ser considerados para algum foram de legalização. Pedágio, hoje em dia, é cobrado nas principais rodovias brasileiras, supostamente em troco de sua manutenção, o que nem sempre é real.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;">3. O caso da Terra Indígena Tenharim-Marmelos é típico de outras situações em que há uma pressão extra, bem maior e contundente, por parte de madeireiros que invadem a terra indígena e dela fazem uso indiscriminado. Em algumas delas, faz-se vista grosso em troca de algum pagamento; em outras, há uma maior supervisão, e os índios recebem uma porcentagem maior. Há legalidade nisso? Provavelmente não, mas é um fato real, e precisa ser levado em conta.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;">4. A retirada de madeira em terras indígenas é ilegal. Mas está acontecendo sob as vistas do Ibama e da Funai, e pouco se consegue fazer, ainda mais quando alguns índios estão envolvidos. Isso também tem que ser levado em consideração.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;">5. Evidentemente, os índios não gostam de ver suas florestas serem devastadas. A maioria não permite que isso aconteça.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;">6. Portanto, falta uma política social e econômica para que aqueles índios que, em determinadas circunstâncias, não permitam que se retire madeira de suas terras. Quem haverá de fazer essa política? O governo, claro. Mas, não consegue. A retirada e expulsão de madeireiros se dá sempre em surtos, com polícia, Ibama, Funai, todos juntos. Mas, em geral, desafortunadamente, dura só enquanto há a presença da polícia.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;">7. Falta, portanto, uma política mais consistente na questão da proteção ambiental brasileira. Quem há de fazer isso?</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;">8. No caso recente ocorrido na região abrangida pela cidade de Humaitá, deu-se uma incontida explosão de desentendimentos, com os resultados que estamos acompanhando pela mídia. As mortes ocorridas, de parte a parte, têm que ser contabilizadas e julgadas. Isto é essencial para que se volte à situação anterior e se estabeleça um modus vivendi razoável para ambas as partes. Eventualmente, as tensões poderão ser dissipadas. Para isso, é preciso que se fortaleça a mediação da Funai para dirimir possíveis conflitos. Quem deve fazer isso? O governo, é óbvio.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px; line-height: 18.88888931274414px;">9. É fundamental que o caso Humaitá seja resolvido. Se não, a cidade ficará impregnada de tensões, outras cidades brasileiras também poderão pagar seu próprio preço, e os índios continuarão a sofrer pela discriminação e pela falta de um caminho benéfico à sua ascensão no panorama brasileiro.</span><div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-85478309383451381772013-12-28T11:53:00.000-02:002013-12-28T11:53:10.846-02:002014 será um ano crucial para o indigenismo brasileiroChegamos ao final deste desastroso ano de 2013 com o sentimento de que o indigenismo brasileiro está torrando nas entranhas da Nação e a situação indígena pode piorar ainda mais no próximo ano.<br />
<br />
O perigoso conflito ocorrido nesses dias na Terra Indígena Tenharim e na cidade de Humaitá, com a morte de um cacique Tenharim e o desaparecimento (e morte?) de três pessoas marca um tempo de desgraças e de desentendimentos dos piores que já ocorreram na nossa história recente.<br />
<br />
Talvez, para os que se lembram, só nos idos de 1978-1983, foram tempos tão difíceis. Na ocasião o governo federal pretendia "emancipar" as comunidades indígenas, isto é, retirá-las de sua responsabilidade política, com o intuito de apressar o processo de assimilação do índio à sociedade nacional e deixá-los à mercê dos devaneios políticos anti-indígenas e das forças do mercado. (Alguém já comentou que isso está se realizando sob o comando de muitos dos que estavam contra esse processo.)<br />
<br />
Nos anos seguintes, entretanto, os bons ventos que trouxeram a redemocratização extinguiram o processo de emancipação, surgiram lideranças indígenas com peito para encarar a situação em que se encontravam, e o Brasil entrou em um novo clima de aceitar o índio como parte constitutiva da Nação, respeitando-o em sua especificidade. Nesse ímpeto, a grande maioria das terras indígenas anteriormente reconhecidas e muitas em fase de reconhecimento foi demarcada e garantida para suas populações. o Brasil pode se orgulhar de demarcar quase 13% de seu território para os povos indígenas. Entrou-se num processo de ampliação de direitos indígenas e de participação dos índios na política indigenista. A Funai, em seus altos e baixos, conflitiva como sempre, liderava esse processo, tinha a simpatia de muitíssimos brasileiros, e a ajuda da comunidade de antropólogos, jornalistas e advogados, de Ongs e do Cimi. Até de políticos de boa fé.<br />
<br />
Parecia que se formara um padrão de relacionamento entre o Estado brasileiro e os povos indígenas que poderia levar a uma posição de dignidade dos índios na Nação, sem atropelos, mas com firmeza e constância em suas ações. As novidades políticas e tecnológicas penetravam nas aldeias e eram absorvidas dentro de seus padrões culturais, abrindo as mentes de líderes, projetando-os no cenário político nacional, sempre em conjunção com seus povos.<br />
<br />
Mas esse processo desandou. Um radicalismo infantil e pernicioso, levado adiante pelas mesmas Ongs que antes ajudara a Funai a estabelecer um padrão de relacionamento levou a situação a um ponto de conflito que poucos acreditam que possa ser revertido a curto prazo.<br />
<br />
Os índios estão presos no discurso das Ongs. Uma parte dos índios, mas a parte que adquiriu voz e presença política. Os demais foram excluídos do processo e olham pasmos o que está acontecendo com seus jovens e o que pode vir de mal para seus povos.<br />
<br />
A Funai patina, sem rumo, refém de um governo sem qualidade indigenista e de Ongs amalucadas, ambiciosas e desrespeitosas de tradição indígena, incapaz das mínimas ações para cumprir seu papel constitucional.<br />
<br />
Tem volta?<br />
<br />
Bem, quase tudo na história tem desvio de rumo, mas está difícil e perceber algum atalho para endireitar o caminho.<br />
<br />
2014 será ano de eleição presidencial, de reforço de forças políticas reacionárias ao nosso processo histórico. As sementes dos conflitos crescerão, que nem erva daninha nos campos de milho colorido. Quem haverá de capiná-las? Provavelmente, ninguém.<div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-48423408135018879582013-10-03T10:26:00.000-03:002013-10-03T10:26:18.608-03:00Eis minha visão sobre a questão indígena atual: Entrevista a Felipe Milanez<br />
<h1 class="documentFirstHeading" style="background-color: white; color: #231f20; font-family: 'Open Sans', Arial, Helvetica, sans-serif; letter-spacing: -0.05em; line-height: 1.2em; list-style: none; margin: 5px 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Ruralistas: os novos senhores de engenho da política</h1>
<h2 class="nitfSubtitle" style="background-color: white; color: rgb(209, 40, 47) !important; font-family: 'Open Sans', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 1em; line-height: 18px; list-style: none; margin: 0px !important; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
</h2>
<div class="documentDescription" style="background-color: white; color: #666666; font-family: 'Helvetica Neue', Arial, FreeSans, sans-serif; font-size: 1.3em; list-style: none; margin: 10px 0px 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Em depoimento, Mércio Gomes afirma que os fazendeiros se dão panca de serem os novos senhores de engenho, um poder rural absolutista com pretensões políticas nacionais</div>
<div id="viewlet-below-content-title" style="background-color: white; font-family: 'Open Sans', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px; list-style: none; margin: 0px; padding: 0px; position: relative; vertical-align: baseline;">
<div class="documentByLine" id="plone-document-byline" style="color: #666666; font-style: italic; list-style: none; margin: 10px 0px 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span class="documentAuthor" style="list-style: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">por <a href="http://www.cartacapital.com.br/Plone/autores/felipe-milanez" style="border-bottom-style: none !important; color: #d1282f; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;">Felipe Milanez</a> — </span><span class="documentPublished" style="list-style: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="list-style: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">publicado</span> 03/10/2013 03:15, </span><span class="documentModified" style="list-style: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="list-style: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">última modificação</span> 03/10/2013 09:28</span></div>
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<div style="list-style: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Mércio Gomes é antropólogo, discípulo de Darcy Ribeiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), deu aula também na Universidade Federal Fluminense e na Unicamp. Como antropólogo, Gomes desenvolveu trabalhos no Maranhão, entre os povos Guajajara e Awa-Guajá e publicou os livros <i style="list-style: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Os índios e <span class="il" style="list-style: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">o</span> Brasil</i> (2012) e <i style="list-style: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Antropologia Hiperdialética</i> (2011), ambos pela Contexto. Foi presidente da Funai entre setembro de 2003 a março de 2007. Durante sua gestão ocorreu o massacre de garimpeiros na terra indígena Roosevelt, onde índios cinta-larga vivem um conflito com garimpeiros de diamante. Na ocasião, os índios mataram 29 garimpeiros, e os garimpeiros revidaram matando um indígena. Foi, também, quando o ex-presidente Lula homologou a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em 2005, e ocorreu o licenciamento das usinas hidrelétricas no rio Madeira, o Complexo Madeira, de Santo Antônio e Jirau, que impactam diretamente povos indígenas, inclusive em isolamento voluntário. As polêmicas usinas do Madeira foram as primeiras da série de usinas que o governo passou a construir na Amazônia como parte do programa de desenvolvimento PAC, que inclui também Belo Monte, no rio Xingu, entre diversas outras. Como jornalista, eu editei a revista Brasil Indígena, publicação da Funai, também durante a sua gestão.</div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Ao invés de responder a entrevista, Gomes preferiu escrever o depoimento abaixo, baseado nas questões propostas aos outros ex-presidentes para essa série de entrevistas. Segundo ele, "os fazendeiros se dão panca de serem os novos senhores de engenho, um poder rural absolutista e com pretensões políticas nacionais".</div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<b style="list-style: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Mércio Gomes</b></div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="list-style: none; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">É estarrecedor ver e acompanhar a campanha anti-indígena atual. Cada dia é uma agonia. Os fazendeiros e seus acólitos estão em guerra ofensiva contra os índios, como ocorreu em diversas épocas no Brasil, e não se envergonham de aplicar métodos suasórios de todas as espécies, desde aliciar índios até pressionar o governo diretamente e atentar contra a Constituição.</span></div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Parte dos motivos dessa ofensiva está no fato de que o agronegócio está dando muito lucro e portanto se expande em todas as regiões que pode; parece não ter limites – nem ecológicos, nem econômicos, nem sociais. Por isso a terra está muito valorizada e as perspectivas de crescimento são grandes e seguras a médio prazo. Diante de seu peso no PIB, os fazendeiros se dão panca de serem os novos senhores de engenho, um poder rural absolutista e com pretensões políticas nacionais. Estão de garras afiadas para uma guerra de fim dos tempos.</div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Outra parte dos motivos se deve à incapacidade do governo (ministérios da Justiça e Casa Civil, bem como a própria Funai) de responder a esse ímpeto anti-indígena. Às vezes dá a impressão que só vê com bons olhos o lado dos fazendeiros, mas finge que está com os índios. Em consequência, de propósito ou burramente, o governo tem incitado a gana dos fazendeiros e iludido os índios.</div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Primeiro, diminuiu a capacidade de ação indigenista da Funai ao extinguir os postos indígenas e assim retirar seu contingente de indigenistas do contato direto e permanente com os índios. Os fazendeiros viram isso como uma abertura à sua presença nas áreas indígenas. No mesmo ato que pretendia reestruturar a Funai, em dezembro de 2009, aboliu algumas das administrações regionais mais estratégicas, como a de Altamira (como intuito de facilitar o aceito dos índios sobre Belo Monte), a de Porto Velho, as do Paraná, Pernambuco, Mato Grosso, Maranhão, Pará e até no Amapá – e piorou a situação indígena como um todo. Hoje os índios sentem que não têm mais a Funai ao seu lado – o que seja talvez a pior herança desse governo para os índios.</div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Segundo, provocou os fazendeiros à briga renhida ao emitir desastrosamente uma série de atos demarcatórios sem a devida capacidade de levá-los a bom termo. Por exemplo, criou cinco grupos de trabalho para o Mato Grosso do Sul que diziam que iriam demarcar entre 600.000 e 1.000.000 de hectares como terras indígenas, algo impossível nas condições atuais e até no passado recente. O atual governador do Rio Grande do Sul, quando ministro da Justiça emitiu portarias declaratórias de terras em Santa Catarina e no seu estado que hoje, como governador, as renega. É evidente que os fazendeiros vêem fraqueza nesses atos e, cada vez mais se sentem poderosos para desafiar o governo. A atual ministra-chefe da Casa Civil, pré-candidata ao governo do Paraná, dita as novas regras do indigenismo brasileiro passando por cima inclusive do ministro da Justiça. A Funai segue inerme.</div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Terceiro, foram tantas as provocações e burrices criadas por ingênuos e não tão ingênuos diretores da Funai nos processos de demarcação, desde 2007, que o STF resolveu emitir as instruções mais anti-demarcatórias já feitas no Brasil desde o Império. As ressalvas estabelecidas por ocasião da reiteração da homologação da T.I. Raposa Serra do Sol, em 19 de março de 2009, se levadas a cabo, inviabilizam qualquer tentativa de demarcar novas terras indígenas, especialmente em estados onde a terra está super-valorizada, como são aqueles em que vivem precisamente os índios Guarani e os Kaingang, os que detêm a menor quantidade de terras proporcional às suas populações.</div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Quarto, o clima cultural brasileiro virou de favorável aos índios, no começo deste século, para anti-indígena, tanto na imprensa quanto na opinião pública mais difusa. Os fazendeiros estão nadando de braçadas nesse mar revolto. Quanto mais confusão e provocações, melhor para eles.</div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Enfim, é difícil reverter um quadro tão desastroso como esse só com fingidas boas intenções. Evidentemente que o governo não sabe o quê fazer da Funai. Ela não faz o que o governo quer, quando o governo precisa. Na verdade, está esperando que os índios peçam a sua extinção, como o pediram as ONGs alguns anos atrás. O governo sabe que não pode extinguir a Funai, pois seria abandonar os índios à legislação estadual, provocando um desastre de proporções catastróficas. Ademais, legalmente o governo precisa da Funai para diversas ações, tais como conceder licença de aproveitamento de recursos hídricos ou minerários que afetam terras indígenas; quando os índios não querem esses projetos, o governo joga pesado e aí chama a Funai para fazer o trabalho sujo. Só que encontra obstáculos na consciência dos indigenistas da Funai, daí apelar para os contratos de terceiros, em geral partidários amigos.</div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Para resolver as demandas sobre terras, o governo está contando com a decisão final do STF em forma de respostas a alguns embargos declaratórios sobre as ressalvas demarcatórias. Tentou antecipar esse ato fazendo a AGU emitir o Decreto 303, mas recuou. Agora aguarda. Os tribunais federais também aguardam essa decisão para resolver dezenas de pendências de atos demarcatórios mal feitos. O tempo trabalha em favor do governo anti-indígena e dos fazendeiros.</div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Por sua vez, o governo se prepara para promulgar novas políticas que favorecerão atividades do desenvolvimento econômico mais grosseiro possível, como a mineração em terras indígenas. Sua estratégia é de aliciar alguns índios e indigenistas e passar o trator por cima de quem não aceitar. Além de fazendeiros, missionários e ongueiros, teremos agora os mineradores como os novos indigenistas brasileiros.</div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Para aliviar um pouco a tensão que passa na situação indigenista atual, o governo e seu lado na Funai entretém os índios com reuniões e seminários sobre os temas mais banais ou mais afetos à demagogia e gastam um bom dinheiro num embuste chamado PNGATI, um verborrágico programa de "proteção" e "gestão" de terras indígenas que só favorece a contratação de consultores. Nada de relevante sairá desse programa, mas os índios são convocados a anuir com seus planos e a participar como pupilos a aprender o quê não haverá.</div>
<div style="font-size: 14px; line-height: 1.8em; list-style: none; margin-bottom: 1.5em; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Enquanto isso, as tais ONGs indigenistas que levaram a Funai à sua atual situação periclitante fica tocando tambores de guerra contra fantasmas. A tal PEC 215, evidentemente uma proposta imprópria e obviamente anti-constitucional que não passará por qualquer comissão de constituição, virou um espantalho de verdade depois que as ONGs a ressuscitaram de uma medíocre gaveta parlamentar, levando o movimento indígena a se jogar contra tal embuste como se fosse contra as naus de Cabral. Com isso o movimento indígena e os jejunos antropólogos são desviados do verdadeiro problema que está acontecendo às suas vistas: o desembarque do governo federal de suas atribuições constitucionais de proteger e assistir os povos indígenas, respeitando suas culturas e demarcando suas terras.</div>
</div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-75090740042990551722013-08-29T13:31:00.001-03:002013-08-29T13:31:40.244-03:00Mércio Gomes fala sobre a Aldeia Maracanã na Câmara Municipal do Rio de Janeiro<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/E7LAGzg9R40" width="560"></iframe><div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-38857455838957656632013-08-29T13:20:00.000-03:002013-08-29T13:41:24.510-03:00Mércio Gomes fala sobre a Aldeia Maracanã na Câmara Municipal do Rio de Janeiro - Parte II<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/_pvw5bExiek" width="560"></iframe><div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-5938319358056584562013-08-29T12:06:00.002-03:002013-08-29T12:06:59.616-03:00Mercio Gomes fala sobre a Aldeia Maracanã, em 19 de abril de 2013<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/KS74uNMLhu8" width="420"></iframe><div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-81937732322490386552013-07-09T13:29:00.000-03:002013-07-09T13:58:41.953-03:00Álvaro Tukano, um dos pioneiros do movimento indígena, desabafa seu sofrimentoFrom: Alvaro Sampaio <alvarotukano gmail.com=""><br /><br />Date: Tue, 9 Jul 2013 10:28:41 -0300<br />Subject: índio.<br />Estive em São Gabriel da Cachoeira, AM, rio Negro, várias vezes. Vi a situação dolorosa, muitas reclamações de pais e mães, de jovens e de viúvas. </alvarotukano><br />
Depois que o Márcio Meira entrou na Funai, a única barreira segura para manter a paz nas comunidades indígenas - Os Postos de Fiscalizações, estavam abandonados. No Rio Negro estavam acontecendo a invasão de garimpeiros nos municípios de Barcelos e Santa Isabel do Rio Nego. Além disso, invasões de empresas de turismo de pesca e deixando os pobres índios numa situação delicada, sem nenhuma proteção.<br />
O custo de vida é caro. Os produtos regionais não tiveram aumento de preços. Os pescadores e piaçabeiros continuam pagando as despesas vitalícias e não há atuação do Ministério Público Federal de Ação Trabalhista para tirar os índios e caboclos da escravidão de patrões.<br />
Me disseram que os meus parentes entraram em depressão - sem perceptivas de futuro. Resolveram fazer a batida de perfume, óleo diesel e pouco de álcool para matar a tristeza que não morre. Os índios morrerm, calados, sem nenhum assistência.<br />
O povo está abandonado, não têm saúde, transporte, educação e nem carinho de ninguém de pessoas que têm DAS no Governo.<br />
Em São Gabriel da Cachoeira, não é diferente. Em 1966 a cidade tinha menos de 500 pessoas. Hoje, são mais de 35 mil, 70% de índios. Certamente, toda a história de colonização do rio Negro foi violenta. Infelizmente, até agora essa violência continua.<br />
Em 1912 chegaram os salesianos e acabaram com nossas casas sagradas, perseguiram os nossos curandeiros e líderes, construíram os colégios em todo o rio Negro. Tive a briga séria com a igreja em novembro de 1980. Por causa de minha denúncia nas instâncias internacionais é que fecharam os internatos e monopólio de comercio de artesanato, passarinhos, couros e outros produtos.<br />
Os missionários nunca defenderam a demarcação da Terra. Mas, nós, índios, com muita garra conseguimos as demarcações das terras.<br />
Muitos índios que tinham medo de ser índios, hoje, ficam na porta da Funai para tirar a Certidão de ìndio, porque quer ter os benefícios do governo. Hoje, até branco quer ser índio, em São Gabriel da Cachoeira.<br />
O poderoso colégio salesiano se transformou num grande hotel. Corre muita grana e, nada de voto de castidade e de pobreza. A moda pegou. Todo mudo quer estudar, ser doutor, ter emprego e curtir a vida. Por isso, desde 1980 até hoje, muitas famílias vieram para São Gabriel da Cachoeira a procura de Ginásio, Segundo Grau e hoje, a Faculdade e, enfim, conseguir emprego.<br />
São Gabriel se tornou violento. Os comerciantes de cachaça e de outras bugigangas estão matando os pobres índios. No porto de Camanaus, São Gabriel da Cachoeira, chegam as enormes balsas cheias de muita pinga. Não existe nenhum controle - muito menos nos Postos de Fiscalização. Assim, a bebida entra direto nas comunidades indígenas e chegam nos lugares mais distantes. Acontecem brigas, mortes e suicídios que nem não contados por ninguém.<br />
Enfim, os meus parentes, também, estão abandonados. Sim, ocorreram muitos suicídios, muitas facadas, espancamentos, atropelamentos e muito comércio de álcool na cidade e no interior.<br />
Nos últimos dez anos, segundo os informes do CIMI, mais de 400 suicídios aconteceram só nos Guarani Kaiowá. Sem contar os de rio Negro, Solimões e outras regiões do Brasil.<br />
Saúde, ainda é pior. Não adianta nem falar. O mais certo é imaginar, chorar calado.<br />
Educação, também, não andou mesmo.<br />
Vergonhosamente, está aí a pobre Funai, desarticulada, abandonada pelo Governo e, se diz, articuladora política indigenista....É de arrepiar.<br />
Tivemos mais confrontos nas selvas com os garimpeiros, madeiros e outros que ignoram as leis brasileiras.<br />
Gostaria de ter o poder, ressuscitar o Marechal Rondon, Darcy Ribeiro, Juruna e outros líderes para fazer o Tribunal Popular.<br />
É assim que está a nossa realidade, triste. Estamos sem médicos, sem remédios e, sem curandeiros e ervateiros.<br />
Estamos abandonados.<br />
Quem tem o dever de proteger índios, infelizmente, só quer ocupar os DAS, fazer o controle ideológico e, perseguir índios que defendem a paz nas comunidades. É uma pena dizer essas tristezas.<br />
Tudo é verdade.<br />
Álvaro Tukano. <div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com23tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-78726566179881638142013-07-03T15:20:00.001-03:002013-07-03T15:44:00.592-03:00Uma revisão em video sobre a vida e obra de RondonA obra do Marechal Rondon tem sido aclamado por quase todo mundo, e pelo mundo afora. Porém tem sido denegrida por muitos antropólogos e aficcionados amadores da questão indígena nesses últimos 20 anos.<br />
<br />
Seguindo uma tendência, de caráter ahistórico, sem contextualização, elaborada na década de 1990, atribuiu-se a Rondon a pecha de que ele e o Serviço de Proteção aos Índios defendiam os índios e suas terras com o fito de abrir caminho para a entrada de fazendeiros e o "progresso" da Nação. Daí por que as terras indígenas demarcadas até a década de 1930 teriam sido propositadamente de pequeno tamanho, aos moldes das terras demarcadas durante o Império e a Colônia. Esquecem, propositadamente, que as terras chamadas "devolutas", isto é, sem título de propriedade, pertenciam aos estados, desde a Constituição de 1891, e que para reconhecer os direitos indígenas sobre elas dependia-se da anuência desses estados, inclusive de suas Assembleias Legislativas. Ademais, acreditava-se à época, e até fins da década de 1980, que as populações indígenas estavam em queda inexorável, e que suas culturas em declínio irrevogável. Antropólogos ilustres, como Darcy Ribeiro e Claude Lévi-Strauss apenas ecoavam essa visão, e só no final de suas vidas é que se deram conta de que os povos indígenas que haviam sobrevivido até a década de 1960 agora estavam em recuperação e crescimento demográfico. O meu livro <b>Os índios e o Brasil </b>(Editora Contexto 2012), prefaciado na primeira edição de 1988 por Darcy, foi o primeiro livro a reconhecer essa virada demográfica e a possibilidade de continuidade étnica dos povos sobreviventes.<br />
<br />
Atribuiu-se também a Rondon que ele pretendia que os índios se tornassem brasileiros e perdessem suas características culturais e autonomia política. Nada mais longe da verdade, mas até que a verdade histórica volte a prevalecer vai levar mais alguns anos para que a mancha lançada sobre ele seja apagada de vez. A predominância da visão negativa sobre Rondon é ensinada nos cursos de antropologia, decantada no Ministério Público, e escrita nas redações de jornais.<br />
<br />
Em uma carta escrita em 1913 a um correligionário do Rio Grande do Sul, Rondon declarava que os índios são Nações autônomas, com territórios independentes com as quais a Nação brasileira deve entabular relações de amizade. O Estatuto do Índio, de 1973, reza que o propósito da política indigenista brasileira é integrar harmoniosamente o índio à Nação, sem prejuízo às suas culturas. Atribui-se que essa integração significaria a "assimilação" e perda de identidade indígena, algo que está longe de ter sido o propósito de Rondon e dos indigenistas e antropólogos que deram continuidade ao seu trabalho.<br />
<br />
Em diversos <a href="http://merciogomes.blogspot.com.br/search/label/Rondon">textos</a> publicados neste Blog, especialmente no texto "Por que sou rondoniano", publicado na Revista de Estudos Avançados da USP, 2009, analiso a obra de Rondon, e declaro as razões pelas quais sou rondoniano e por que sua herança é o maior feito de um brasileiro para os povos indígenas. Há também neste Blog momentos comemorativos da vida e obra de Rondon, especialmente sobre sua herança humanista.<br />
<br />
O video abaixo, produzido em 2002, contém entrevistas com Darcy Ribeiro, Carlos Moreira Neto, Orlando Villas-Boas e outros, inclusive várias lideranças indígenas, em ocasiões diversas. É curioso ver depoimentos de membros de ONGs, que, na ocasião, prezam a obra de Rondon, e hoje contribuem para a decadência da principal instituição que pode dar continuidade ao seu legado.<br />
<br />
Com 54 minutos de duração, vale a pena ver esse vídeo e degustá-lo em sua integridade. Tem cenas muito interessantes da vida de Rondon e do movimento indígena que se iniciou no fim da década de 1970. Os depoimentos parecem sinceros e cândidos, embora hoje pareçam um tanto defasados, refletindo aqueles momentos.<br />
<br />
O vídeo foi produzido em Cuiabá por cineastas regionais e tem abrangência nacional.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/ybUpa-tGHOA" width="420"></iframe><br />
<br />
<br /><div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-23425179143092447822013-06-25T13:02:00.003-03:002013-06-25T13:04:08.574-03:00Como os índios foram presos, torturados e brutalizados durante a ditadura militarO video abaixo trata da história da chamada "Fazenda Guarani", situada no município de Carmésia, e do Reformatório Agrícola Indígena Krenak, no município de Resplendor, sudeste de Minas Gerais. <br />
<br />
É um documentário forte, tenso e pungente que analisa, com imagens da época e da atualidade, o horror que foi a cadeia institucionalizada pela ditadura militar para prender índios contrários às determinações e ordens de chefes de postos e delegados da Funai ligados à política militar da época.<br />
<br />
Ao todo, cerca de 150 índios foram presos e confinados na Fazenda Guarani, índios vindos de quase todas as partes do Brasil.<br />
<br />
Nessa mesma época foi criada a desventurada "Guarda Indígena", uma espécie de milícia de índios que ficariam encarregados de manter a ordem em suas aldeias. Muitos índios sofreram em suas aldeias nas mãos dessas milícias a mando do poder militar.<br />
<br />
Há uma cena impressionante, filmada em 1970, numa parada militar em alguma cidade de Minas Gerais, onde os índios milicianos carregam uma pessoa pendurada num pau-de-arara, como forma explícita e desavergonhada de mostrar um dos principais instrumentos de tortura praticados à época.<br />
<br />
Os depoimentos dados por pessoas que viveram naquela época são de uma clareza que não deixa de transparecer um sofrimento e uma quase resignação, como se fossem águas passadas.<br />
<br />
Uma tristeza indizível pervade o vídeo, com cenas de campo de concentração em funcionamento.<br />
<br />
O depoimento dado pelo velho sertanista José Geraldo Itatuitim Ruas, que foi responsável pelo início do desativamento daquela máquina de terror, demonstrar seu horror por tudo que passou<br />
<br />
O relato dessa história é costurado pelo depoimento da militante indigenista, ex-membro do CIMI, a pedagoga Geralda Soares, responsável pela pesquisa que inspirou o vídeo.<br />
<br />
Diversos índios, jovens e velhos, também dão depoimentos extremamente realistas e sofridos.<br />
<br />
A Comissão da Verdade está buscando resgatar essas histórias de tortura e perseguição e de demonstrar que os índios também foram perseguidos explicitamente pela intervenção da ditadura militar. <br />
<br />
Que sirva de alerta para o que estamos vivendo na atualidade.<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/FwSoU3r1O-Q" width="560"></iframe><br /><div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-49402918019485102152013-06-04T18:51:00.001-03:002013-06-04T19:12:35.732-03:00Por que o SPI foi extinto e como se desenvolveu a FUNAINesses tempos de liminaridade, de confusão sobre a questão indígena brasileira, com a Funai sendo criticada pelo poder econômico, desprezada há tantos anos pelas ONGs, e relegada pelo governo federal a minguar, vale a pena ler trechos do meu livro O ÍNDIO NA HISTÓRIA: A Saga do povo Tenetehara em busca da Liberdade, publicado em 2002 pela Editora Vozes.<br />
<br />
Nesses trechos, correspondentes ao final do Capítulo VIII e começo do Capítulo IX, procuro fazer um balanço da ação do SPI e seus resultados em relação ao povo Tenetehara (Guajajara do Maranhão e Tembé do Pará), bem como das razões de sua extinção e substituição pela Funai.<br />
<br />
Procuro ser objetivo, baseado no que pesquisei da realidade histórica, através de materiais de arquivos, entrevista com velhos indigenistas e chefes de posto, e acima de todos com os índios Tenetehara.<br />
<br />
Ao longo do livro, de mais de 600 páginas, relato a história desse povo indígena desde seu primeiro contato com os franceses que fundaram a cidade de São Luis, do Maranhão, em 1612, e de todos os períodos históricos pelos quais passaram os Tenetehara.<br />
<br />
Em alguns trechos há críticas fortes, em outros uma aquilatamento dos resultados, em outros mais uma visão positiva do papel do Estado em relação a esse povo indígena e à questão indígena brasileira em geral.<br />
<br />
Pode servir, nesse momento, de base histórica e analítica para a reflexão do momento atual. E para uma possível e necessária transformação do órgão indigenista.<br />
<br />
Boa leitura a todos<br />
_______________<br />
<br />
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<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24.0pt; mso-hyphenate: none; mso-line-height-rule: exactly; mso-outline-level: 1; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt; text-align: justify;">
<b>SPI: uma
avaliação parcial</b><span style="letter-spacing: -.1pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24.0pt; mso-hyphenate: none; mso-line-height-rule: exactly; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt; text-align: justify;">
<span style="letter-spacing: -.1pt;">O Serviço de Proteção aos Índios foi extinto em 5
de dezembro de 1967 e substituído pela Fundação Nacional do índio através do
decreto‑lei 6.001. Nos prévios três anos havia estourado uma série de
escândalos em que supostamente alguns dos seus servidores foram considerados
até como assassinos, ou cúmplices de assassinatos, de índios; outros foram
considerados corruptos, venais e despreparados. O escândalo maior foi a
descoberta pela imprensa de um massacre de uma aldeia inteira de índios Cintas‑Largas,
em Mato Grosso, na altura do paralelo 11, entre cujos assassinos, a mando de um
grande especulador de terras, estava um ex‑funcionário do SPI. Um procurador da
república, Jardes Figueiredo, abriu um inquérito, que teve larga repercussão na
imprensa, no qual, ao final, ninguém parecia ter ficado sem nódoas. Até o
trabalho de pessoas como Noel Nutels, o sanitarista que criara o serviço de combate
à tuberculose, e último diretor do SPI no governo João Goulart, os sertanistas
Francisco Meirelles, pacificador dos Xavante, e os irmãos Villas Boas,
diretores do Parque Nacional do Xingu, de alguma forma foi posto em questão.
Com certeza uma ala do regime militar da época queria dar um fim ao órgão
indigenista, na expectativa de dar fim também aos índios<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_edn1" name="_ednref" title=""><span class="Refernciadenotadefim"><!--[if !supportFootnotes]-->[i]<!--[endif]--></span></a>.
Integrar os índios à sociedade nacional, através do trabalho, da educação e da
aculturação, era um mote que estava presente em parte da elite política
brasileira, e uma linha de militares queria ver isto cumprido. A imagem que se
queria projetar de um Brasil grande e em desenvolvimento, com espírito moderno,
também não parecia se coadunar com o jeitão do velho SPI. Foi nesse espírito, e
sob um fundo de combate à imoralidade e a incúria, que o SPI foi extinto para
surgir a FUNAI.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24.0pt; mso-hyphenate: none; mso-line-height-rule: exactly; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt; text-align: justify;">
<span style="letter-spacing: -.1pt;"><br /></span>
<span style="letter-spacing: -.1pt;"> Encarando
objetivamente a história do SPI, não podemos fugir à obrigação de pesar os prós
e os contras dos seus 57 anos de atividades. Desde a sua extinção, muitos
antropólogos já fizeram tais avaliações, quase todas reprobatórias. Afinal,
nesse período, muitas etnias foram extintas e quase todos os povos
sobreviventes perderam grandes contingentes populacionais. Poucos tiveram suas
terras demarcadas e garantidas, e pouquíssimos adquiriram os meios econômicos e
educacionais para fortalecer suas culturas e suas conceituações perante a
sociedade brasileira. Do lado positivo, pode‑se dizer que foi o SPI que
estabeleceu uma visão humanística e uma atitude prática de dedicação e auto‑sacrifício
poucas vezes vistas em associações de caráter estatal e laico. Foi o SPI que
projetou o índio à categoria de brasileiro <i>ante
quod altre</i> e forneceu os argumentos para a sua inserção especial nas
constituições brasileiras desde 1934. Por fim, pode‑se dizer que foi na última
década de sua existência que a maioria das etnias indígenas brasileiras, tendo
descido aos seus nadires populacionais, começaram, imperceptivelmente, a
crescer, revertendo a tendência de 450 anos de declínio demográfico, que parecia
a todos inexorável<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_edn2" name="_ednref" title=""><span class="Refernciadenotadefim"><!--[if !supportFootnotes]-->[ii]<!--[endif]--></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -.1pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -.1pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em
relação aos Tenetehara, espero que a análise descritiva ora apresentada possa
nos ajudar a aquilatar o grau de relevância da atuação do SPI. No baixo e médio
rio Grajaú, o resultado é absolutamente negativo, pois os índios ficaram à
mercê dos fazendeiros e coronéis locais e, apesar de sua resistência até a
década de 1960, perderam suas terras. No alto e médio Pindaré e em todo o
Gurupi, sua ação foi deficiente ao ponto de abandono, pois os índios sofreram
baixas de quase 90% de suas populações e seus territórios teriam sido perdidos
não fosse por eventos inesperadas, como a chegada de imigrantes Tenetehara
vindos do baixo Grajaú, e a atuação da FUNAI. Nas demais áreas, porém, por
circunstâncias favoráveis do relacionamento interétnico, o SPI foi capaz de
solidarizar‑se, talvez apesar de suas intenções assimiladoras, com o propósito
dos Tenetehara de manter sua identidade étnica, e ensejar condições que
ajudaram à sobrevivência desse povo, inclusive com a pré‑garantia da posse das
suas terras. Porém, no balanço final, não restam dúvidas de que o mérito dessa
sobrevivência deve ficar com os próprios Tenetehara, que não concebiam outra
opção honrosa senão lutar para serem eles mesmos. Nesse sentido, a ação
positiva do SPI foi obra das circunstâncias históricas por que passou o Brasil,
em que o Estado e parte da sociedade foi ganhando uma compreensão mais
progressista da realidade indígena, compreensão esta que em alguns casos foi
realizada positivamente. No mais, o que vinha acontecendo era o surgimento dos
índios como fautores de um novo destino que eles começavam a traçar para si
próprios.</span>
<br />
<div>
<!--[if !supportEndnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="edn">
<div class="MsoNormal" style="mso-hyphenate: none; tab-stops: -36.0pt; text-align: justify;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_ednref" name="_edn1" title=""><span class="Refernciadenotadefim"><span style="color: black;"><!--[if !supportFootnotes]-->[i]<!--[endif]--></span></span></a><span class="Refernciadenotadefim">.</span> Durante a história do SPI houve diversas ocasiões em que o
órgão indigenista foi posto em questão e ameaçado de extinção. Por exemplo, no
relatório anual de 1954 consta um artigo de Darcy Ribeiro em que rebate um
anteprojeto de lei de um deputado que propunha a extinção do órgão indigenista
e sua substituição por missões religiosas. <o:p></o:p></div>
</div>
<div id="edn">
<div class="MsoNormal" style="mso-hyphenate: none; tab-stops: -36.0pt; text-align: justify;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_ednref" name="_edn2" title=""><span class="Refernciadenotadefim"><span style="color: black;"><!--[if !supportFootnotes]-->[ii]<!--[endif]--></span></span></a><span class="Refernciadenotadefim">.</span> Ver o capítulo final de meu livro <b>Os índios e o Brasil</b>, para uma explicação mais detalhada sobre o
crescimento populacional das etnias indígenas brasileiras. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-hyphenate: none; tab-stops: -36.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-hyphenate: none; tab-stops: -36.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-hyphenate: none; tab-stops: -36.0pt; text-align: justify;">
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<div align="center" class="IMP-heading1" style="margin-bottom: 0.0001pt; page-break-after: auto; text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt; letter-spacing: 0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Capítulo IX</span><!--[if supportFields]><span
style='font-size:14.0pt;mso-bidi-font-size:10.0pt;font-family:"Times New Roman";
letter-spacing:0pt;mso-ansi-language:PT-BR'><span style='mso-element:field-begin'></span>PRIVATE
</span><![endif]--><!--[if supportFields]><span style='font-size:14.0pt;
mso-bidi-font-size:10.0pt;font-family:"Times New Roman";letter-spacing:0pt;
mso-ansi-language:PT-BR'><span style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]--><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt; letter-spacing: 0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="IMP-heading1" style="margin-bottom: 0.0001pt; page-break-after: auto; text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 14.0pt; letter-spacing: 0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">A FUNAI e os Tenetehara</span><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: 0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="IMP-heading1" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-pagination: widow-orphan; page-break-after: auto; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="IMP-heading1" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1; mso-pagination: widow-orphan lines-together; page-break-after: auto; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -.1pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Razões de ser<o:p></o:p></span></div>
<div class="IMP-heading1" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1; mso-pagination: widow-orphan lines-together; page-break-after: auto; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;">A Fundação Nacional do Índio ‑ FUNAI ‑ surgiu da vontade do regime
militar de criar suas próprias instituições e descartar aquelas que lembrassem
de algo que ele era contra</span><a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_edn1" name="_ednref" title=""><span class="Refernciadenotadefim"><span style="font-family: 'Times New Roman'; letter-spacing: -0.1pt;"><!--[if !supportFootnotes]-->[i]<!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;">. Nos três anos após o golpe de 1º de abril de 1964, a desmoralização
do SPI crescera e se difundira na mídia, e sua filosofia indigenista parecia ao
novo regime muito condescendente, assistencialista e sem prumo. A geração dos
companheiros de Rondon e seus discípulos imediatos não existia mais, e a dos
antropólogos, indigenistas e sertanistas que havia participado e contribuído
para a reorganização do órgão no pós‑guerra fora deslocada ou estava sendo
acusada de subversão política ou malversação de fundos, tendo alguns se exilado,
e não se fazia renovação dos quadros. Francisco Meireles, o pacificador dos
Xavante, de inclinações esquerdistas, foi processado e preso, enquanto os
irmãos Villas Boas, assentados no Parque Nacional do Xingu, se aquietaram por
lá, um pouco sob a cobertura da Força Aérea Brasileira, que há anos mantinha um
serviço aéreo que dependia do campo de pouso do Parque. O último diretor do SPI
do governo João Goulart, o médico sanitarista Noel Nutels, foi exonerado do
cargo, processado diversas vezes e aposentado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="IMP-heading1" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-pagination: widow-orphan; page-break-after: auto; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"> Durante o ano de 1964 o SPI ficou
desorientado, estando à sua frente um burocrata do ministério da Agricultura,
Aristides Procópio de Assis. Uma de suas medidas imediatas, naturalmente, foi a
substituição de grande parte dos inspetores regionais por militares ou por
gente ligada ao movimento golpista. Em 1965 foi nomeado o tenente-coronel Luiz
Vinhas Neves, que ficou até abril de 1966, quando foi substituído pelo
major-aviador Hamilton de Oliveira Castro. Este se fez conhecido pela idéia de
doar as terras dos Canela para o INCRA, achando que podia deixá-los a viver
permanentemente entre os Tenetehara</span><a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_edn2" name="_ednref" title=""><span class="Refernciadenotadefim"><span style="font-family: 'Times New Roman'; letter-spacing: -0.1pt;"><!--[if !supportFootnotes]-->[ii]<!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;">. Nesse período que vai até dezembro de 1967 é que alguns antigos
burocratas do SPI, como Luís Lacombe, junto com juristas como Temístocles
Cavalcanti, planejaram a extinção do SPI e a criação de um novo órgão. A idéia
de uma fundação implicava maior autonomia financeira e administrativa, bem como
possibilidades de obter e manejar mais recursos. Seus mentores planejavam,
inclusive, incrementar as atividades econômicas dos índios e gerir a renda de
suas riquezas naturais, principalmente a madeira, os produtos extrativos e o
gado, onde fosse possível, para ajudar com as despesas de custeio</span><a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_edn3" name="_ednref" title=""><span class="Refernciadenotadefim"><span style="font-family: 'Times New Roman'; letter-spacing: -0.1pt;"><!--[if !supportFootnotes]-->[iii]<!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="IMP-heading1" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-pagination: widow-orphan; page-break-after: auto; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"> Assim, a FUNAI, instituída pelo
decreto-lei nº 5.371, de 5 dezembro de 1967, veio para resolver o que o regime
militar concebia como a questão indígena brasileira, qual seja, a presença de
grupos étnicos populacionalmente e culturalmente diferenciados, os quais,
embora de pouca conseqüência para a nação, controlavam vastos territórios, ao
mesmo tempo em que estiolavam na pobreza e na impossibilidade de se
desenvolver. Por ambos os motivos, chamavam a atenção da mídia para si, quase
sempre negativamente para a imagem que o regime militar queria projetar do
país. A resolução desse problema só poderia vir com a integração dessas
populações à maioria nacional, o que significaria a dissolução das etnias
indígenas que haviam sobrevivido até então. Essa visão ‑ contrária à do SPI,
que pretendia mudar o índio para que ele servisse de sustentáculo rural à nação
‑ implicava duas ações, que mais tarde provaram ser incompatíveis entre si: a
aceleração do processo de integração econômica e social, inclusive via
emancipação da tutela do estado, por um lado, e a garantia de suas terras, em tamanho
aceitável para eles e para a nação, por outro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="IMP-heading1" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-pagination: widow-orphan; page-break-after: auto; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"> Sob tantos aspectos o novo órgão
indigenista não iria diferir muito do velho. Passou do ministério da
Agricultura para o do Interior, centrando todas as suas atividades de
planejamento na sede, que foi transferida do Rio de Janeiro para Brasília. O
Conselho Nacional de Proteção ao Índio, criado pelo General Rondon em 1939, foi
mantido porém cada vez menos consultado até ser desativado em 1985. Vivendo um
período de grande crescimento econômico, a FUNAI surgiu com orçamentos mais
generosas do que os do SPI, os quais foram usadas para criar a infra-estrutura
administrativa e operacional que iria durar pelos anos seguintes. A partir da
década de 1980 os orçamentos foram diminuindo, o que coincide tanto com o fim
do ciclo de crescimento econômico, quanto com a desaceleração do ímpeto de
resolução projetada da questão indígena. <o:p></o:p></span></div>
<div class="IMP-heading1" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-pagination: widow-orphan; page-break-after: auto; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"> Como em outros órgãos estatais da
época, a FUNAI era fiscalizada internamente por um setor de controle de
informações, cujos cargos foram sempre ocupados por agentes do Serviço Nacional
de Informações, ou oriundos do Exército, que informavam, espionavam e vetavam
atos e pessoas considerados subversivos ou ameaças à segurança nacional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="IMP-heading1" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-pagination: widow-orphan; page-break-after: auto; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"> Nos primeiros dois anos a
implantação do novo órgão se deu lentamente, tanto mais porque esses anos
vivenciaram um período em que graves questões políticas arrebatavam o país, que
resultaram na Constituição de 1967, no famigerado Ato Institucional nº 5 e na
Constituição outorgada através do Ato Institucional nº 10, em 1969. A questão
indígena se fez presente nessas constituições não somente seguindo os moldes
dos artigos a ela consagrados nas constituições de 1934, 1937 e 1946, mas
adicionadas por medidas que favoreceram a ação estatal na demarcação das terras
indígenas. Completando juridicamente a criação do novo órgão, em 19 de dezembro
de 1973 foi promulgado a Lei nº 6.001 criando o Estatuto do Índio, o qual iria
servir de guia normativo para o relacionamento entre índios e o Estado
brasileiro até recentemente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="IMP-heading1" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-pagination: widow-orphan; page-break-after: auto; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"> Por volta de 1970 as inspetorias
regionais do SPI passaram a ser chamadas de delegacias, mais ao gosto militar,
como aliás militares foram muitos dos delegados. As delegacias mantiveram a
incumbência de coordenar as atividades‑fins dos postos indígenas e de dar
solução aos problemas mais prementes dos índios. Passaram a contar com um corpo
médico‑odontológico que, anualmente, ou de acordo com as necessidades,
visitariam os postos e aldeias indígenas. Teriam também um setor jurídico para
acompanhar as causas do órgão e representar os índios em juízo. Para abrigar os
índios visitantes, deveriam possuir ou alugar hospedarias, que ficaram
conhecidas como Casas dos índios. <o:p></o:p></span></div>
<div class="IMP-heading1" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-pagination: widow-orphan; page-break-after: auto; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"> Na ponta do organograma estavam
os postos indígenas, cada qual com equipe própria formada por um chefe, um
auxiliar de enfermagem, com uma boa farmácia, um técnico agrícola, um
professor, preferencialmente indígena, com uma escola até o nível da 4ª série,
e um ou mais serviçais, ou trabalhadores braçais, para cuidar dos bens do posto
e fazer roças para o sustento da equipe. Fisicamente o posto deveria ter sede
própria, casa de maquinário, viatura ou barco, canoas, ferramentas, se
possível, luz elétrica e poço semi‑artesiano. Na implantação dos postos foram
utilizados os já existentes, criados pelo SPI, alguns com mudança de sede, e
muitos mais foram criados a partir de meados da década de 1970. Quase todos
mudaram de cognome, perdendo os nomes dos heróis e luminares do SPI, e passando
a ter cognomes dos pontos geográficos ou das aldeias em que se situavam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="IMP-heading1" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-pagination: widow-orphan; page-break-after: auto; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"> Em suma, a FUNAI foi instituída
para ser um SPI menos carregado de história e ideologia, mais eficiente e
impessoal na administração e que cumprisse o propósito indigenista fundamental
do Estado brasileiro que era de fazer o índio virar um brasileiro como outro
qualquer</span><a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_edn4" name="_ednref" title=""><span class="Refernciadenotadefim"><span style="font-family: 'Times New Roman'; letter-spacing: -0.1pt;"><!--[if !supportFootnotes]-->[iv]<!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;">. A partir de 1971 a FUNAI criou um curso de formação de indigenistas,
o qual foi ministrado por professores e antropólogos de confiança do órgão,
especialmente da Universidade de Brasília. Até 1985 sete tais cursos haviam
sido dados formando mais de duas centenas de indigenistas, muitos dos quais
chegaram a galgar posições políticas de relevo dentro do órgão. No início os
indigenistas se distinguiam como uma geração nova dos velhos sertanistas do
SPI, mas, com o passar dos anos, eles mesmos, tendo experiência com povos
indígenas autônomos de recém-contato, foram sendo promovidos aos cargos de
sertanistas. </span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;">Sob muitos aspectos, sobretudo os mais objetivos, tais como a
demarcação das terras indígenas e o crescimento demográfico, pode‑se dizer que
a FUNAI melhorou, substancialmente, o legado do SPI. Por outro lado, suas
deficiências inatas, especialmente a deformação do uso do poder, a subordinação
a uma política desenvolvimentista e essencialmente antiindígena, a corrupção em
vários níveis e a incúria administrativa provocaram, a contragosto, a reação
cada vez mais política dos povos indígenas. </span><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;">Finalmente, há que se entender que
os tempos eram outros, com a presença ativa da mídia nacional e internacional
cobrando a defesa dos interesses dos índios, o florescimento dos movimentos
democrático, indígena, ambientalista e de minorias em geral, bem como os
desdobramentos econômicos e sociais da expansão agropastoril e extrativa que
atingiram diversas regiões indígenas e que as conectaram às cidades e aos meios
de comunicação.</span></div>
<div class="IMP-heading1" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-pagination: widow-orphan; page-break-after: auto; tab-stops: 1.0cm 48.4pt 83.8pt 119.2pt 154.6pt 190.0pt 225.4pt 260.8pt 296.2pt 331.6pt 367.0pt 402.4pt 437.8pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt; line-height: 150%;"> O destino dos índios foi aos
poucos se revertendo positivamente em função de novos fatores sociais que
estavam ocorrendo na sociedade brasileira e no mundo indígena. Na sociedade
brasileira cresceu o interesse e a simpatia pela causa indígena, abrindo com
isso um flanco de crítica ao governo federal que antes só era acessível aos
especialistas. No decorrer da década de 1980 iriam surgir novas lideranças
indígenas que traziam um discurso mais contundente e afinado com os tempos e
agiam com mais determinação política. Mais importante ainda, as populações da
maioria dos povos indígenas estavam experimentando algo surpreendente até para
os antropólogos que os conheciam: um crescimento demográfico incomparável, o que
revertia a curva demográfica negativa de quase cinco séculos. Assim, o controle
do destino dos índios foi ficando um pouco mais em suas próprias mãos, embora
não se possa dizer que sua vulnerabilidade tenha sido controlada de todo.</span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt;"><br /></span>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt;">Esses
novos fatores se exerceram independentemente da ação da FUNAI, mas não se pode
dizer que à sua revelia. Houve momentos em que o órgão indigenista teve ímpetos
ativistas que marcaram uma presença positiva, tais como entre 1975 e 1979, e no
biênio da transição democrática, entre 1984 e 1985. Porém, quase sempre sua
direção foi exercida por militares sem vínculo com a ideologia rondoniana, sem
nenhuma visão integradora da relação entre os índios e o Brasil. Os civis que
os substituíram após 1985 tampouco compreenderam as possibilidades
socioculturais dessa relação, considerando sua tarefa apenas como administração
de conflitos interétnicos, ou, mais recentemente no governo Cardoso, como
adaptadores da ideologia neoliberal ao órgão indigenista. Desde 1986 a FUNAI
vem perdendo importância para ajudar os povos indígenas em relação aos novos
obstáculos que os perseguem, e pouco faz para justificar sua existência. Seus
objetivos precípuos não foram atingidos, já que nem todas as terras indígenas
foram demarcadas e garantidas. Porém, para sorte dos índios, a emancipação da
tutela do Estado, que havia sido proposta no final do governo Geisel como
solução final para resolver a questão indígena no Brasil, não se tornou uma
realidade. Os povos indígenas dão todos os sinais de querer continuar a ser
índios, de continuar lutando pela sobrevivência e pela ampliação de seus
direitos como etnias e como cidadãos brasileiros, participando de sua vida
social, política e econômica. Ser índio e ser brasileiro não lhes parece
condições incompatíveis. Embora desde a redemocratização do país estejamos
vivendo um período de indefinição e desleixo da parte do Estado em relação aos
índios, algo terá que ser feito, pois, do contrário, a inércia só servirá aos
inimigos dos índios, que se agrupam com mais intensidade nos seus interesses de
exploração das riquezas que há nos territórios indígenas</span><a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_edn5" name="_ednref" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt;" title=""><span class="Refernciadenotadefim">[v]</span></a><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: -0.1pt;">.</span></div>
</div>
<div>
<!--[if !supportEndnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="edn">
<div class="MsoEndnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_ednref" name="_edn1" title=""></a><span style="font-family: 'Times New Roman';"> 1. Por motivos
semelhantes o governo militar extinguiu a Superintendência da Reforma Agrária
(SUPRA) e criou o Instituto Nacional de Crédito e Reforma Agrária (INCRA).<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="edn">
<div class="MsoEndnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_ednref" name="_edn2" title=""></a><span style="font-family: 'Times New Roman';">2. Após o ataque de 7 de julho de 1963 à aldeia do Ponto, em que
cinco índios foram mortos e quatorze ficaram feridos, os Canela foram removidos
para a terra indígena Guajajara-Canabrava, onde permaneceram por três anos. Lá
diversos morreram de uma epidemia de tifo e de problemas pulmonares. Seu
retorno às suas terras na chapada se deu quando um dos líderes, Pedro Gregório
Kakroré, que também era servidor do SPI desde 1940, tomou a iniciativa de fazer
sua roça nas terras do seu povo, a partir de setembro de 1966. Quanto aos mais
de 120 atacantes, só em 16 de dezembro 1978 é que o seu líder Miguel Veríssimo
foi julgado por júri comum em Barra do Corda, tendo sido absorvido por seis
votos contra um.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="edn">
<div class="IMP-heading1" style="margin-bottom: 0.0001pt; page-break-after: auto;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_ednref" name="_edn3" title=""><span class="Refernciadenotadefim"><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; letter-spacing: 0pt;"><!--[if !supportFootnotes]-->[iii]<!--[endif]--></span></span></a><span class="Refernciadenotadefim"><span style="font-family: 'Times New Roman'; letter-spacing: 0pt;">.</span></span><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: 0pt;"> Um
dos pré‑projetos de organização da FUNAI previa até a complementação dos salários
dos funcionários com recursos da renda indígena, mas isto foi abandonado no
texto final. É de se recordar que essa concepção havia sido utilizada pelo
sistema de Diretoria Geral dos Índios, do tempo do Império, que por sua vez a
copiara de uma das cláusulas do Diretório de Pombal, de 1757.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="edn">
<div class="IMP-heading1" style="margin-bottom: 0.0001pt; page-break-after: auto;">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_ednref" name="_edn4" title=""><span class="Refernciadenotadefim"><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; letter-spacing: 0pt;"><!--[if !supportFootnotes]-->[iv]<!--[endif]--></span></span></a><span class="Refernciadenotadefim"><span style="font-family: 'Times New Roman'; letter-spacing: 0pt;">.</span></span><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt; letter-spacing: 0pt;"> A
respeito da urgência em assimilar o índio, o presidente Ernesto Geisel (1974‑1979),
em cujo governo se tentou fazer a emancipação jurídica dos índios, costumava
argumentar que, se ele, que era brasileiro apenas de segunda geração, chegara a
ser presidente da república, por que os índios, que eram nativos do país,
deveriam demorar tanto para virarem brasileiros? Recordemos, ao contrário, que
um dos propósitos do SPI, nas palavras de um dos seus primeiros diretores, Horta
Barboza, era “fazer do índio, um índio melhor”, isto é mais adaptado para viver
como cidadão brasileiro.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="edn">
<div class="MsoEndnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_ednref" name="_edn5" title=""></a><span style="font-family: 'Times New Roman';">5. Para uma visão mais abrangente e detalhada da questão indígena
no Brasil ver meu livro <b>Os Índios e o
Brasil</b>, 1991 (2012).<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<!--EndFragment--><br /></div>
</div>
<!--EndFragment--><div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-26608014240923033582013-05-19T21:01:00.001-03:002013-05-19T21:14:46.530-03:00Nossos índios, mais vivos do que nunca<br />
<h3>
Entrevista concedida à Revista Kalunga em comemoração ao Dia do Índio, 2013, recém publicada pela dita revista.</h3>
<h3>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge2r4Z6XV3j5YEd7-jK1ELJuHcMoUnFps9iqYQsJm4OD2wSexao6Ae-cPAHonF0JdDSKhJK_zjURMPJq6-P0fXqvAmRcHtHQJXG4WHS3Y5u0eP8-dJXYklNoraBS664If_vFN7bxZwx8SC/s1600/timthumb.php.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge2r4Z6XV3j5YEd7-jK1ELJuHcMoUnFps9iqYQsJm4OD2wSexao6Ae-cPAHonF0JdDSKhJK_zjURMPJq6-P0fXqvAmRcHtHQJXG4WHS3Y5u0eP8-dJXYklNoraBS664If_vFN7bxZwx8SC/s320/timthumb.php.jpeg" width="320" /></a><strong style="border: 0px; color: #191919; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 22px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background-color: #fbfbfb; font-weight: normal;">Antropólogo, professor de pós-graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes comparou em seu livro mais recente, Os Índios e o Brasil: passado, presente e futuro, o morticínio em massa dos índios perpetrado explicitamente pela Coroa portuguesa, durante a colonização do Brasil, ao massacre de judeus e de outras minorias, nos campos de concentração alemães na Segunda Guerra Mundial. Segundo ele, os que não foram mortos, sofreram igualmente uma perda muito grande de território, foram escravizados e submetidos ao processo de destruição de suas culturas, além do uso de suas mulheres, que terminaram produzindo os filhos que deram as bases da população brasileira até 1800. Os números do Censo e da Funai são divergentes, mas ao contrário do que muitos acreditam, a população indígena tem crescido no País. </span><span id="more-1150" style="background-color: #fbfbfb; border: 0px; font-weight: normal; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"></span><span style="background-color: #fbfbfb; font-weight: normal;">Gomes considera como referência os índices da Fundação, segundo os quais existem no Brasil 240 povos, com 630 mil pessoas, que falam 180 línguas. Desde meados da década de 1970, o antropólogo se debruça sobre a temática indígena e compilou em seus livros a trajetória de muitas etnias que já existiram no País. Seus trabalhos permitem fazer conexões com o passado e traçar reflexões sobre o presente e o futuro. Nesta entrevista, ele fala de sua experiência como presidente da Funai, de políticas públicas, assimilação, cultura indígena e outros temas. Confira também outros livros: Os Índios e o Brasil, Antropologia Hiperdialética, Antropologia, O Índio na História, Darcy Ribeiro e A Vision from the South, além dos blogs Cultura, Antropologia, Índios (</span><a href="http://merciogomes.com/" style="background-color: #fbfbfb; border-color: rgb(8, 155, 195); color: #089bc3; font-weight: normal; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;" target="_blank">merciogomes.com</a><span style="background-color: #fbfbfb; font-weight: normal;">) e Blog do Mércio: Índios, Antropologia, Cultura (</span><a href="http://www.merciogomes.blogspot.com/" style="background-color: #fbfbfb; border-color: rgb(8, 155, 195); color: #089bc3; font-weight: normal; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration: none; vertical-align: baseline;" target="_blank">www.merciogomes.blogspot.com</a><span style="background-color: #fbfbfb; font-weight: normal;">).</span></strong></h3>
<h3>
<strong style="border: 0px; color: #191919; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 22px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">_______________________________________________</strong></h3>
<h3>
<strong style="border: 0px; color: #191919; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 22px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">Há povos indígenas em todas as regiões do País?</strong></h3>
<div class="content" style="background-color: #fbfbfb; border: 0px; color: #191919; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 22px; margin: 10px 0px 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Existem até no Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, onde se imaginava que tivessem desaparecido. Nos últimos 20 anos, surgiram povos, grupos de familiares ou de comunidades no interior dessas localidades que se autoidentificaram como indígenas. Dessa forma, em todos os Estados brasileiros, há populações indígenas, comunidades indígenas, aldeias, terras mais ou menos reconhecidas, embora em muitos casos ainda não demarcadas.</div>
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ao contrário de muitos afrodescendentes, que tentam omitir, as novas gerações reforçam essa ascendência?</strong><br />
Sim. E se formos falar biologicamente, a contribuição do índio na genética brasileira é quase igual à do negro, ou seja, de cerca de 30%, segundo biólogos e geneticistas. A do negro é de 37,38%. A genética indígena se dilui na população. Em muitas partes do Brasil, Amazonas, por exemplo, 70% da população é indígena geneticamente, porém, não culturalmente. No País, ser indígena não é DNA. É uma autoidentidade relacionada com uma comunidade que se autoidentifica como indígena.</div>
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">O ideário de que o índio é indolente ou preguiçoso ainda permanece?</strong><br />
Há duas coisas presentes no imaginário brasileiro: o índio como o protetor da natureza e também como indolente. Essa mania de chamar o índio de indolente vem da época colonial, quando ele recusava o trabalho escravo. É uma forma de resistência a um sistema opressor de trabalho alienado, sem sentido. Na sociedade indígena, o trabalho está relacionado com a cultura, com aquilo que se produz sobre os bens para consumo e atividades culturais.</div>
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ao contrário do Brasil, entre as sociedades indígenas há particularidades que as tornam iguais?</strong><br />
Existe muita diferença entre os povos indígenas. Há povos, cujas culturas são adaptadas aos rios ou aos lagos, à pesca. Há outros, que vivem no Cerrado, na floresta, na Caatinga, no Pantanal. Eles adaptaram as suas culturas de acordo com o meio ambiente e também pela capacidade de diversidade que todas as culturas têm de conceber coisas novas. Atualmente, são faladas no Brasil 180 línguas diferentes; eram entre 800 e mil, à época do Descobrimento do Brasil.</div>
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
</div>
<br />
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<figure class="full-width-mobile thin" style="background-color: transparent; border: 0px rgb(220, 220, 220); box-sizing: border-box; margin: 10px auto; max-width: 100%; outline: 0px; padding: 0px; position: relative; vertical-align: baseline; width: 650px;"><img alt="" class="responsive wp-image-1195" data-src="wp-content/uploads/2013/04/nossos-indios-1.jpg" src="http://www.revistakalunga.com.br/wp-content/themes/website/data/php/timthumb.php?src=wp-content/uploads/2013/04/nossos-indios-1.jpg&w=648" style="background-color: transparent; border: 1px solid rgb(220, 220, 220); box-sizing: border-box; display: block; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 650px;" /></figure><br />
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
</div>
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Na sua opinião, o que impede a Funai de cumprir plenamente o seu papel?</strong><br />
A Funai é um órgão com 2.500 funcionários responsáveis por 13% do território nacional. É onde estão as populações indígenas. Dá para imaginar o que isso representa? O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) tem 6 mil funcionários e cuida de um terço das terras públicas brasileiras. Isso é uma dificuldade, as invasões territoriais ocorrem por causa da falta de pessoal. Há um déficit de funcionários muito grande. A Funai é administrada por pessoas que têm uma visão ongueira do mundo, o que vale é o papel das ONGs. Elas mesmas diminuem as atribuições da Funai, criam regras que reduzem o peso do Estado brasileiro na proteção e na assistência aos índios. Isso agrava e deixa a Funai sem forças nessas grandes questões que estão surgindo, como mineração em terras indígenas, hidroelétricas, estradas; e os índios estão engolindo moscas nessa história. A Funai não consegue obter as compensações e a solidez dos índios nessas questões, também não consegue ter força para persuadir o governo de um lado, que seria importante.</div>
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Quais são as políticas indigenistas, que devem ser adotadas para garantir os direitos dos índios?</strong><br />
Primeiro, deve seguir a lei brasileira, que se baseia na Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Qualquer tema, assunto ou gestão relacionada com a proteção de terras indígenas tem que passar por uma consulta leal consensuada com os índios. Se eles dizem que não querem hidroelétrica, tem que discutir o assunto com eles. Ou se é tão importante para a nação, tem que convencê-los e compensá-los por isso. Esse primeiro ponto é fundamental, a proteção dos territórios. Segundo, a questão da saúde que sempre esteve atrasada. Embora a população esteja crescendo, não há mais grandes surtos de doenças que os matavam, como a varíola, sarampo e catapora, mas eles sofrem com a assistência médica que recebem do Estado. Além disso, não há assistência capaz de fazer com que a renda econômica dessas populações melhore e adquira uma produtividade maior na venda de seus produtos, para que virem sociedades autônomas, sem que suas culturas sejam destruídas. Issoé uma falha da política pública indigenista brasileira de longos anos, inclusive, quando eu era presidente da Funai, que vem se agravando pela decrepitude do órgão nos últimos sete anos.</div>
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Existem populações que se mantêm fidedignas as suas origens,sem contato, inclusive, com outras tribos?</strong><br />
Sim. Há pelo menos 20 diferentes grupos na Amazônia que não querem contato com ninguém. Eles querem viver a sua vida, independentemente de contato com outros índios, muito menos com a sociedade branca.</div>
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Com os exemplos que temos de assimilação, é possível manter esses grupos isolados por muito tempo?</strong><br />
Depende do modo que o Brasil vai progredir. Por exemplo, caso o Estado brasileiro mantenha uma grande extensão de terras livres, em grande parte na Amazônia ou em parte do Cerrado, e deixe esses grupos em paz, eles podem viver assim por muito mais tempo. Eu não sei quanto tempo. Há 50 anos, todo mundo dizia que os índios iam se acabar, mas eles não somente se multiplicaram, como ainda se mantêm com quase todos os aspectos e traços culturais que tinham antes. Mesmo aqueles que aprenderam o português, que convivem com fazendeiros, cidadãos e que conhecem o mundo.</div>
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">De algumas décadas para cá, muitos jovens indígenas têm se preparado para assumir o papel de líderes. De que maneira é feita a escolha?</strong><br />
Em geral, eles precisam ter a capacidade de dialogar e articular com o mundo envolvente. Aprendem o português, os modos em que a sociedade brasileira se relaciona, o discurso político, a retórica, os meandros da nossa cultura, do bem e do mal. A partir daí, se imbuem do espírito de representar o seu povo diante da sociedade brasileira envolvente.</div>
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
</div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<figure class="full-width-mobile thin" style="background-color: transparent; border: 0px rgb(220, 220, 220); box-sizing: border-box; margin: 10px auto; max-width: 100%; outline: 0px; padding: 0px; position: relative; vertical-align: baseline; width: 650px;"><img alt="" class="responsive wp-image-1196" data-src="wp-content/uploads/2013/04/nossos-indios-2.jpg" src="http://www.revistakalunga.com.br/wp-content/themes/website/data/php/timthumb.php?src=wp-content/uploads/2013/04/nossos-indios-2.jpg&w=648" style="background-color: transparent; border: 1px solid rgb(220, 220, 220); box-sizing: border-box; display: block; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline; width: 650px;" /></figure><br />
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
</div>
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Por que, em entrevistas com lideranças indígenas, eles sempre se mostram saudosistas, nutrindo o desejo de regressar às suas aldeias? Você já esteve nos Estados Unidos ou na Europa? Quando você está lá, não dá saudade do Brasil?</strong><br />
É a mesma coisa. Você acha interessante,<br />
bonito. Mas a sua identidade é brasileira, dá vontade de estar no Brasil. A sua estada é uma experiência cultural de conhecimento do mundo mais amplo. Os índios têm esse mesmo sentimento quando estão na cidade.</div>
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Quem seriam os algozes, os inimigos dos índios, na sociedade contemporânea?</strong><br />
Em muitas terras indígenas, por exemplo, no Mato Grosso do Sul, são claramente os fazendeiros. Em épocas anteriores, eles tomaram suas terras ou as compraram do Estado. Os índios foram expulsos e agora estão querendo voltar. Em outras áreas, são os madeireiros que invadem as terras, e tentam corromper os índios para tirar madeira às escondidas. Em outros lugares, são os garimpeiros que invadem as terras dos Ianomâmis, por exemplo. Há também os mineradores de ouro, garimpeiros de diamante. Tudo isso é resultado da falta de políticas públicas. De certo modo, o Estado está devendo muito aos índios. Não é que o Estado seja inimigo deles, nem algoz, mas ele tem uma responsabilidade para com a assistência à proteção das populações indígenas. Mais adiante, é a própria sociedade civil que não se dá conta da importância dos índios como representação da diversidade cultural brasileira.</div>
<div style="background-color: transparent; border: 0px; margin-top: 10px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<strong style="background-color: transparent; border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">O que os índios têm a nos ensinar?</strong><br />
Eles nos ensinam a respeitar a natureza, a cuidar dos nossos filhos e respeitarmos uns aos outros. Nos ensinam a ser igualitários, a ser uma sociedade em que todos tenham as mesmas oportunidades e atributos, deveres e gozos; Além disso, também nos ensinaram a dormir em rede, tomar banho três vezes por dia, quando faz calor; a comer mandioca, farinha, gostar de abacaxi, a fumar, apesar de que fumar não é grande coisa. Eles nos ensinam também que uma sociedade pode ser igualitária, em que as crianças têm de ser educadas, fortalecendo as suas personalidades e não as reprimindo.</div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-75391203246605344202013-05-11T20:23:00.001-03:002013-05-18T13:21:17.919-03:00Ministra Gleisi Hoffmann fala com suavidade e dá porretada nos índios<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="MsoNormal">
A fala da ministra Gleisi Hoffmann, dia 8 de maio, na Câmara
Federal, me fez lembrar um mote atribuído ao presidente americano Theodore Roosevelt, considerado por muitos o criador dos métodos diplomáticos do Império
americano, ainda no final do século XIX, dirigindo-se à América Latina: “Speak
softly and carry a big stick”, ou, em português tupiniquim, “Fale com suavidade
mas com um porrete na mão”.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A ministra Gleisi é realmente uma figura angelical e sua
voz, conquanto firme ao ler seu texto, soa suave e atraente. O que ela falou,
entretanto, veio como uma porretada (não diria bordunada para não ferir os
brios de ninguém) na cabeça dos índios e de todos aqueles que simpatizam com a
causa indígena no Brasil.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Falando para políticos e fazendeiros (e no meio alguns
indígenas estupefactos, outros tantos querendo entrar na sala abarrotada), o
discurso da ministra pretendia sopesar a questão indígena entre interesses
divergentes, se não opostos. Da FUNAI disse que sua missão é de defender os
índios e por isso é parcial e não tem a devida capacidade de medir as
consequências de sua ações, coitada, portanto, é inepta, mas não pode ser
condenada pelo que vem fazendo. Já dos fazendeiros, não obstante a
intemperância que os acomete, disse que são responsáveis por um quarto do PIB
nacional (32% no seu estado, o Paraná), portanto merecem todo respeito do
governo, que não os tem deixado à míngua.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Como resolver os conflitos provocados pelas demarcações de
terras? Segundo a ministra, não é mudando a Constituição, tirando essa
prerrogativa do Executivo e passando-a para o Legislativo, como propõe a PEC
215. Afinal, não cai bem ao Legislativo executar. Já pensaram na multidão de índios
pedindo audiência para trazer suas demandas, e nos indigenistas rondando pelos
corredores do Congresso Nacional à procura de deputados aliados? Também não seria extinguindo a FUNAI. Ela
está aí porque tem uma missão. Para a ministra, haveria meios mais racionais
(meu teclado quase batia “reacionais”), sendo o principal o compartilhamento dessa
responsabilidade com outras instâncias governamentais, como a Embrapa, o
Ministério de Desenvolvimento Agrário e até o Ministério das Cidades<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_ftn1" name="_ftnref" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--></span></a>.
Aliás, a ministra já havia encomendado um estudo sobre as propostas de demarcação de
terras no seu estado, o Paraná, e a Embrapa tinha concluído que as 15 propostas
pautadas pela FUNAI estavam equivocadas, seja porque não havia índios nas
terras, seja porque eles haviam chegado de pouco tempo<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_ftn2" name="_ftnref" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]--></span></a>.
Semelhantes estudos estavam sendo realizados para os estados do Mato Grosso do
Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e em breve seriam concluídos. Poderiam
ser ampliados para outros estados, como Mato Grosso e Maranhão, em havendo
demandas.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
As conclusões do estudo sobre as novas terras indígenas no
Paraná levaram a ministra da Casa Civil (opa, cadê o ministro da Justiça, onde
está a FUNAI, perguntou um deputado), falando junto com o ministro-chefe da AGU
(autor do famigerado e dormente Decreto 303), a prometer aos ouvintes
vociferantes, isto é, aos fazendeiros (mas que os índios não temessem nada de
mais) que em breve sairia novo decreto que regulamentaria os princípios e
normas de reconhecimento e demarcação de terras indígenas. O governo só estava
esperando o pronunciamento final do STF sobre os embargos declaratórios impetrados pelo CIMI e o MPF após a
conclusão do acórdão que ratificou a homologação da TI Raposa Serra do Sol.
Neste acórdão surgiram propostas de modificação do processo demarcatório, na
forma de “ressalvas”, as quais, de tão inesperadas e ambíguas, haviam sido objeto desses embargos. Uma vez
esclarecidos os embargos, o governo se sentiria no dever de dar cumprimento às determinações do STF. Ao que tudo indica, as
ressalvas caiam bem com os propósitos recônditos do governo, e os fazendeiros tinham
demonstrado vívido interesse em sua aplicação<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_ftn3" name="_ftnref" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]--></span></a>.
Por sua vez, ficava mais do que subentendido na fala da ministra Gleisi, o processo de demarcação de
terras indígenas não mais ficaria a cargo exclusivo da FUNAI, pelo visto, por ineptidão.
À FUNAI, já descabelada, por simples decretos presidenciais, de atividades legais (presentes no velho e forte Estatuto do Índio) em educação e saúde, caberia outras ou
novas tarefas para exercer. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ao final de sua fala, a ministra Gleisi Hoffmann não passou recibo sobre para quem se destinara suas intenções e suavemente apelou por “a
união e a boa vontade de todos” para resolver esse problema da demarcação. A quem de direito, a porretada estava dada. Os fazendeiros comovidos comemoravam.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O que virá daqui por diante não é tão difícil de prever. A indignação
dos aliados dos índios é de esperar, mas não se sabe o quanto de importância
lhes é dada pelo governo. Parece que nada mais comove o governo, apenas a
irritação transparece nos textos e nas falas dos ministros. Resta saber o quanto
os índios vão protestar e com quê veemência.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Virá o caos ou o fim do indigenismo tal como foi
desenvolvido desde 1910 por Rondon e por seus seguidores até o dia de hoje?
Voltaremos à política do Império e da Colônia?<br />
<br />
Até fins de junho a cena será reaberta com a publicação do novo decreto de demarcação pelo ministerio da Justiça.</div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_ftnref" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--></span></a> Essa eu não
entendi</div>
</div>
<div id="ftn">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_ftnref" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]--></span></a> Dois dias
depois a Embrapa emitiu uma nota dizendo que não é sua tarefa reconhecer terras
indígenas, somente fazer estudos sobre aspectos agrários e geográficos das
terras, inclusive no que concernem terras em uso. Algo ficou no ar, apesar da
nota meio irritada.</div>
</div>
<div id="ftn">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4721157230267070615#_ftnref" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]--></span></a> Essas
ressalvas são conhecidas e foram analisados neste Blog em várias postagens.
Basta dar um clique na busca com os termos “ressalvas do STF”</div>
</div>
</div>
<!--EndFragment--><div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-70303194694737263402013-05-10T20:30:00.001-03:002013-05-10T22:25:46.007-03:00Nota da ANSEF mostra por que a FUNAI é um órgão com caráter<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana;">NOTA DA ANSEF</span></div>
<br />
<span style="font-family: Verdana;">Nós, servidores da Fundação Nacional do Índio, vimos a público repudiar a forma como o atual Governovem tratando os povos indígenas e, consequentemente, a FUNAI, no desrespeito às suas atribuições legais para a promoção e defesa dos direitos dos povos indígenas e, sobretudo, no tocante aos processos de demarcação de Terras Indígenas.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">A condução dos processos de demarcações de Terras Indígenas é uma atribuição da FUNAI e segue um procedimento administrativo legal, claro e cuidadoso conforme previsto na Constituição e no Decreto 1.775/1996.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">Cabe destacar que o Governo Dilma Rousseff foi o que menos homologou Terras Indígenas desde a Constituição Federal de 1988. O argumento ruralista de que os povos indígenas teriam "terras demais" não reflete a realidade, ainda mais se considerarmos as conjunturas regionais, como por exemplo a situação de confinamento territorial do povo Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul, ou dos povos das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil. Situações bem conhecidas do Governo Federal, que tem se omitido em assumir a sua responsabilidade e em dar as condições mínimas para que a FUNAI cumpra seu papel institucional, apesar das inúmeras manifestações dos servidores contra a falta de condições de trabalho.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">É descabida a manipulação dos fatos que leva setores reacionários da sociedade e influentes no Governo Federal a deslocar o problema fundiário no Brasil para a questão da demarcação de Terras Indígenas. O Censo Agropecuário do IBGE de 2006 aponta que a estrutura agrária brasileira é uma das mais desiguais do mundo, demonstrando que as grandes propriedades com mais de 1 mil hectares concentram 43% da área total do país. Somado a este dado, sabemos que grandes latifundiários são influentes na condução política do país, e são justamente os atores que têm se colocado frontalmente contra os direitos territoriais indígenas.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">Chegamos então ao questionamento dos reais interesses que levam alguns políticos a desqualificar instituições públicas que trabalham pelo interesse coletivo e nacional e na defesa de direitos humanos e constitucionais.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">Desta forma, repudiamos veementemente a maneira como setores do próprio governo vêm conduzindo a opinião pública, alimentando e reproduzindo preconceitos históricos sobre os povos indígenas.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">Repudiamos a pretensão inconstitucional da Ministra-Chefe da Casa Civil Gleisi Hoffman de suspender os processos de identificação e delimitação de Terras Indígenas no estado do Paraná, entendendo que a ministra atuou em causa própria, tendo em vista sua intenção de candidatura ao governo do estado do Paraná, utilizando as demarcações de Terras Indígenas como palanque eleitoral.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">Repudiamos também a tentativa absurda de submeter à análise da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) os estudos de identificação e delimitação de Terras Indígenas, sendo que a própria empresa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, assumiu em Nota Pública não ter “por atribuição opinar sobre aspectos antropológicos ou étnicos, envolvendo a identificação, declaração ou demarcação de Terras Indígenas no Brasil”. Tal manobra só confirma as relações promíscuas entre o Governo Federal e o setor ruralista latifundiário. Além disso, alertamos que esta iniciativa só vem a colaborar com o aumento e a intensificação dos conflitos fundiários e com a violência no campo.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">Repudiamos a forma como o Governo vem criminalizando o movimento indígena atuante na defesa de seus territórios.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">Repudiamos a atuação da Força Nacional como instrumento estatal de repressão, visando impor a realização dos estudos de viabilidade de empreendimentos que impactam os territórios indígenas sem a devida anuência dessas populações.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">Repudiamos ainda a nota absurda e vergonhosa da Secretaria Geral da Presidência da República sobre a ocupação indígena do canteiro de obras de Belo Monte, na qual o governo, ao invés de dialogar responsavelmente, opta por criminalizar as lideranças e a resistência do povo Munduruku e demais povos que serão impactados pela construção dos empreendimentos hidrelétricos nos rios Tapajós, Teles Pires e Xingu.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">Repudiamos a Operação Eldorado da Polícia Federal, realizada em Novembro de 2012, que resultou no assassinato de um indígena e em outros dois feridos, além da destruição da Aldeia Teles Pires do povo Munduruku, e que até o presente momento não houve responsabilização criminal dos envolvidos.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">Por fim, reivindicamos uma FUNAI fortalecida, capaz de atuar concretamente em defesa dos direitos constitucionais dos povos indígenas, que garanta condições dignas de trabalho aos seus servidores e que atue como executora de uma política de Estado que responda aos anseios dos povos indígenas, já tão massacrados por mais de 500 anos de genocídio e esbulho de suas terras, e não que atue em função interesses privados e escusos de setores privilegiados e minoritários da sociedade brasileira.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">Esperamos que haja resposta contundente do Ministério da Justiça e da Presidência da FUNAI aos recentes ataques veiculados na mídia.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">Os servidores da FUNAI estão junto com os povos indígenas e suas organizações na defesa pelos seus direitos territoriais e socioculturais, garantidos pela Constituição Federal de 1988.<br /> </span><br />
<span style="font-family: Verdana;">DIRETORIA DA ASSOCIAÇÃO DO SERVIDORES DA FUNAI – ANSEF<br />FONES: (61) 3226-6697 / 3225-0747 E-mail: ansef@funai.gov.br / Site: www.ansefunai.com.br</span><div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-39468967877829788132013-04-30T12:41:00.000-03:002013-04-30T12:43:14.778-03:00É preciso fortalecer a Funai, defende ex-presidente da instituição | Agência BrasilEntrevista de Mércio Gomes à EBC por ocasião do Dia do Índio.<br />
<br />
<br />
<div style="background-color: white; font-family: Verdana, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin-bottom: 0.9em;">
Vladimir Platonow<br /><em>Repórter da Agência Brasil</em></div>
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Rio de Janeiro – A Fundação Nacional do Índio (Funai) precisa ser fortalecida e passar por reformulações que garantam melhor apoio ao índio brasileiro. A opinião é do antropólogo Mércio Gomes, que presidiu a instituição por três anos e sete meses no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele argumenta que a política indigenista atual enfraqueceu a Funai ao delegar poder a outras instituições não governamentais, gerando inclusive o fechamento de postos em regiões importantes do país.</div>
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“A principal questão hoje é o fortalecimento da Funai. Há um sentimento de que ela deve deixar de prestar assistência aos índios e de intermediar as relações deles com a sociedade nacional. As coordenações regionais, acabaram com os postos indígenas. Não tem mais posto nas aldeias. Se o índio precisar de alguma coisa, tem que ir para a cidade. Com isso, as terras indígenas ficam mais vulneráveis. Isso [foi feito] na suposição que os índios vão ganhar uma autonomia de imediato. Querem retirar a capacidade do órgão de assistir, de cuidar, de ter uma relação, de saber da saúde, de estar lá presente”, disse Mércio.</div>
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Para ele, a questão não se resume a simplesmente dar mais autonomia à Funai. “Sou da opinião de que o índio só sobreviveu no Brasil porque foi protegido pelo governo federal. A federalização da questão indígena é muito importante para a educação, para a saúde, para a assistência geral, para promover um desenvolvimento econômico interno. A Funai deveria voltar a ter as mesmas condições que tinha antes, de coordenar a saúde, a educação, a assistência jurídica e a assistência econômica”.</div>
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O antropólogo chamou a atenção para o fechamento de postos avançados, inclusive em regiões onde hoje existem conflitos motivados pela construção de grandes hidrelétricas. “Usaram a retórica de que cuidar dos índios pelo posto indígena é paternalista. Foi uma perversão o que ocorreu. Porque em nome de uma ideologia de autonomia, deixam os índios à própria sorte. A Funai está mais enfraquecida. Extinguiram a administração regional de Altamira. Ao extinguir, ficaram os índios soltos, negociando com todo mundo. Extinguiram a do Oiapoque, que é junto à fronteira com a Guiana Francesa. Acabaram com a de Pernambuco, que reunia 45 mil índios. Acabaram com a administração de Porto Velho, onde há duas hidrelétricas”.</div>
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Mércio disse que o enfraquecimento da Funai acaba deixando os índios nas mãos de fazendeiros e políticos locais. “É um misto de burrice com perversão. Não sabem o que estão fazendo, mas ao mesmo tempo tem a perversão de diminuir a força da Funai, que vem de muitos anos, de acreditar que o Estado é autoritário, mandão e opressor. Enquanto eles seriam a alegria dos índios. Eles diminuíram o Estado e agora os índios ficam assistidos pelos fazendeiros, os vereadores, os prefeitos. Estão na mão da raposa. Por isso os fazendeiros estão tão afoitos em propostas de lei que visam tirar do Poder Executivo a capacidade de demarcar terras e botar isso para o Congresso”.</div>
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A referência é à possível aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 215/2000), que inclui nas competências exclusivas do Congresso Nacional a aprovação de demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, a criação de unidades de conservação ambiental e a ratificação das demarcações de terras indígenas já homologadas.</div>
<div style="background-color: white; font-family: Verdana, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 19px; margin-bottom: 0.9em;">
Para o antropólogo, é preciso fazer modificações que fortaleçam a presença dos índios na Funai. “O momento é de reformular a Funai. Recriar posto indígena, fazer novas contratações, inclusive absorvendo os índios como funcionários. Esses concursos são dificílimos, só quem passa são os bonitinhos da cidade, que tiveram uma boa educação. Aí não dá chance para o índio, que podia muito bem ser chefe de posto, por exemplo. Nenhum índio passou nos dois concursos que a Funai fez.”</div>
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<em>Edição: Tereza Barbosa</em></div>
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<div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com35tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-25505029304556276202013-04-02T09:20:00.000-03:002013-05-07T18:29:51.650-03:00Meu protesto indignado (de setembro de 2007 para hoje)ESTA POSTAGEM FOI FEITA EM 12 DE SETEMBRO DE 2007. É REPUBLICADA AQUI PARA LEMBRAR O QUE ACONTECEU NAQUELE TEMPO E COMO O TEMPO MUDOU. AGORA AQUELES QUE DOMINAVAM A FUNAI ESTÃO SENTINDO O PESO DE SUA IRRESPONSABILIDADE POR ESTAREM LEVANDO O ÓRGÃO E OS INDÍGENAS À SITUAÇÃO DE DESCALABRO E PERIGO EM QUE SE ENCONTRAM NO MOMENTO<br />
____________________ <br />
<br />
Hoje é domingo, dia de indignações.<br />
<br />
A notícia abaixo trata de uma campanha terrível, por sua maledicência e perversidade, contra minha indicação ao cargo de relator dos direitos indígenas da ONU. O Ministério de Relações Exteriores, sabedor do trabalho que fiz em prol dos povos indígenas e do Brasil nas várias reuniões que estavam elaborando tanto a Declaração Universal (ONU), quanto a Declaração Americana (OEA) dos Direitos Indígenas, me pediu o currículo vitae e o levou como indicação para o cargo de relator de direitos indígenas ao Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, que está no processo de mudar de relatores em várias instâncias.<br />
<br />
Bem, o meu substituto na Funai soube do caso, chamou as Ongs que estão lhe dando apoio (para trai-lo depois, não se perde por esperar) e incitaram o Jecinaldo Barbosa, que é o principal novo mameluco brasileiro, e coordenador-geral da Coiab, a escrever um texto contra mim e contra essa indicação. Juntos na tramóia desavergonhadamente estão os cabeças do CTI, do CIMI e do ISA/Inesc, que sempre foram contra a minha presença na Funai, a qual eles consideram como algo a ser usado sempre a seu favor exploratório e nesse propósito não deixam de fazer o papel dos inimigos dos índios ao incitar todos, inclusive a opinião pública, a destrui-la. São contra mim não por algo que eu tenha feito ou deixado de fazer, mas por um princípio básico: eu não concordo com seu papel de destruidor do órgão indigenista, nem de criador de lideranças falsas e espúrias, em detrimento das lideranças reais dos povos indígenas. Essas Ongs estão criando os novos mamelucos que, um dia, irão trair seus patrícios, como já foi feito tantas vezes na história do Brasil. Eu não concordo com a ilusão messiânica que eles querem estabelecer nos índios como parte do processo de ascensão dos povos indígenas no panorama cultural e político brasileiro.<br />
<br />
Assim, desde o começo da minha gestão na Funai, desde o próprio dia 4 de setembro de 2003, quando fui nomeado pelo presidente Lula, contra a resistência do PT, representado pelo José Dirceu, eles começaram a campanha contra mim. A eles se juntou uma certa parte do PT, inclusive incrustrada no Palácio do Planalto, como o assesor especial da presidência, César Alvarez, que tentou me derrubar da Funai de todos os jeitos, inclusive fazendo funcionários da Funai produzirem dossiês contra mim. E só não o conseguiu, esse despotazinho, porque o ministro Márcio Thomas Bastos sempre me defendeu por respeitar o meu trabalho. Basta ver as declarações desas Ongs publicadas na Internet (e algumas nos jornais) protestantando contra minha indicação e augurando uma rápida saída da Funai. Basta ver a gritaria que criaram contra mim, ainda em outubro de 2003, quando o ministro Márcio Thomas Bastos publicou a portaria de demarcação da Terra Indígena Baú, dos índios Kayapó, com 1.530.000 hectares, a partir de um acordo feito entre os índios, o Ministério Público, a Funai local e os fazendeiros, acordo este que foi trazido para mim pelo líder indígena Megaron e com assinatura de diversos Kayapó, inclusive Raoni, para ter validade imediata, e que foi festejada pelos cem índios Kayapó que moram na aldeia Baú, quando da finalização dessa demarcação, em 2005. Por que a gritaria, dizendo que eu havia diminuído essa terra, quando foi decisão dos próprios índios, que não reconheceram como tradicionalmente suas uma parte das terras anteriormente contempladas (340.000 hectares, do outro lado do rio Curuá) num relatório antropológico? Por que não respeitaram a decisão própria e soberana das lideranças Kayapó do Baú e até de Raoni? Na verdade, eles tentaram incriminar o Megaron, dizendo que havia recebido dinheiro para isso. Megaron teve que protestar contra essa ofensa em uma reunião da Funai, quando alguns funcioários lhe cobraram essa atitude, e ele se defendeu honradamente e demonstrou que era assim a vontade dos seus parentes Kayapó, que estavam em luta pela demarcação daquelas terras há muitos anos e não entendiam porque os brancos não a concluíam. Aí, os detratores recuaram de suas ofensas, esperando uma ocasião para voltarem a detratar alguém. Se não mais o Megaron, então eu, quando acharam de bom alvitre, mesmo que nenhum índio Kayapó tenha protestado ou revisto a decisão que haviam tomado. Eis o caráter despótico dessa gente perversa e oportunista.<br />
<br />
Por outro lado, falam e alardeiam por todos os sites que têm relacionamento com eles, na vã esperança de que vire uma verdade, e não um mero fato espetaculoso e indecente, uma entrevista que dei para a Reuters em janeiro de 2006 na qual, com muito orgulho falava que o Brasil tinha demarcado muitas terras para os índios e estava à frente de todos os países nesse assunto. O conteúdo da entrevista, dado a um entrevistador russo, que se mordia de raiva por eu criticar a posição da Rússia em relação aos povos indígenas de seu território, foi transformada por deturpação linguística típica de jornalistas cretinos num sensacionalismo barato no sentido de que eu dissera que os índios teriam muita terra (em prosseguimento o jornalista Ivanildo Leite transformou a frase em ¨terra demais¨) e que o STF devia dar um basta nisso. A cretinice desse alardeio foi feita tanto pelas Ongs, notadamente o CIMI (ou, mais propriamente, seu vice-presidente Saulo Lustosa) por jornalistas ligados ao indigenista Sidney Possuelo, que sabia que estava para ser demitido porque os indigenistas que trabalhavam com ele não o toleravam mais e tinham vindo a mim pedir a sua demissão. Pois bem, para sair por cima, Sidney deu uma entrevista em Brasilia para o jornalista Leonêncio Nossa me chamando de ¨tutor infiel¨ pela alegação da entrevista de dizer que os índios tinham muita terra (nem tinha saído ainda a frase ¨terra demais¨).<br />
<br />
Toda essa fancaria se transformou no mote que essa gente perversa esperava para me detratar e talvez me tirar da Funai. Não conseguiram o segundo ponto, pois a minha saída se deu por vontade própria, junto com o ministro Márcio Thomas Bastos, após 3 anos e meio na Funai, tendo batido todos os recordes de permanência e passado o cargo com todas as honras, único civil a fazer isto desde o tempo do SPI. Mas a detratação deve continuar sem parar, de que é exemplo o texto escrito pela Coiab/CIMI/CTI/ISA.<br />
<br />
Talvez, em consequência disso tudo, o meu nome seja retirado da lista de indicações para votação, que está no Conselho de Direitos Humanos, em Genebra. Será uma pequena desonra para o Brasil fazer isto perante as outras nações, como se estivesse acovardado diante de calúnias tão baixas e tão irreais. Nesse caso essa gente perversa e criadora da ilusão messiânica nos povos indígenas comemorará com afã.<br />
<br />
No meu caso, vou prosseguir a divulgar minhas idéias, meu conhecimento e minha dedicação aos povos indígenas como herdeiro que sou, com orgulho, da tradição brasileira de Rondon, os irmãos Villas-Boas, Darcy Ribeiro, Carlos Moreira, Noel Nutels, Eduardo Galvão e tantos outros. Não tardará o dia em que toda essa farsa nacional de ilusionismo messiânico e formação dos novos mamelucos se desmoralizará. E os povos indígenas, em sua integridade e busca por soluções próprias e dentro da nação brasileira é que ganharão. <br />
<br />
_________________________________________<br />
<br />
Brasil deve mudar indicação para vaga na ONU<br />
<br />
Polêmica pode tirar ex-presidente da Funai da disputa por cargo que trata de direitos dos indígenas<br />
<br />
Jamil Chade, do Estadão<br />
<br />
>Componentes.montarControleTexto("ctrl_texto")<br />
GENEBRA - Uma candidatura do Brasil para ocupar um posto na ONU está causando polêmica dentro e fora do País. O cargo em questão é o de relator especial das Nações Unidas para os direitos dos Povos Indígenas, posto que estará vago a partir do próximo mês.<br />
Inicialmente, o Brasil indicou o ex-presidente da Funai, Mércio Pereiro Gomes, como um dos candidatos. Mas diante das queixas de ativistas, o governo está sendo obrigado a repensar a indicação do brasileiro e não exclui a possibilidade de retirar seu nome da lista já apresentada à ONU.<br />
<br />
Para completar, a disputa pela vaga poderá envolver uma batalha contra o governo de Evo Morales, que quer um boliviano indígena ocupando o prestigioso cargo.<br />
<br />
Mércio Gomes, antropólogo, causou uma polêmica há dois anos ao afirmar que os grupos indígenas no Brasil já teriam terras demais. O ex-presidente da Funai alegou ter sido mal interpretado. Mas não convenceu os ativistas, que pressionaram para que ele fosse derrubado.<br />
<br />
Agora, o governo sugeriu seu nome para o cargo na ONU que se ocupa de monitorar a situação dos indígenas no mundo, visitar países e denunciar violações. Hoje, a função é ocupada por Rodolfo Stavenhagen, do México.<br />
<br />
Na ONU, alguns funcionários da entidade circularam mensagens em uma campanha contra sua indicação. No Brasil, entidades enviaram uma carta ao governo pedindo que a candidatura seja imediatamente retirada. "Manifestamos nosso repúdio à nomeação feita pelo governo", afirmam as entidades.<br />
<br />
"A candidatura de Mércio Gomes constitui um afronta aos povos indígenas do Brasil, já que sempre atuou contra os nossos interesses", atacam os grupos, entre eles a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira.<div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-21445866505824097602013-03-16T10:20:00.000-03:002013-03-16T10:20:29.571-03:00Indigenistas lançam Manifesto deplorando a situação da FUNAINos últimos meses algo muito estranho e inusitado vem acontecendo no meio indigenista brasileiro. Digo indigenista lato sensu, compreendendo não só as ações da Funai e das entidades indígenas e indigenistas mas também o governo federal, os estados, municípios e principalmente os políticos que se posicionam no Congresso Nacional em busca de diminuir os direitos estabelecidos pela Constituição Federal e pelo Estatuto do Índio.<br />
<br />
O poder dos anti-indigenistas está se firmando cada vez mais na mídia brasileira e nas instituições políticas. Os fazendeiros não disfarçam mais sua vontade e determinação de retirar as prerrogativas legais da Funai de ser o órgão que assiste e protege os povos indígenas. Buscam mudar a Constituição para retirar do Poder Executivo e fazer do Congresso Nacional o lugar de reconhecimento e demarcação de terras indígenas sob a alegação de que a Funai é arbitrariamente favorável aos anseios indígenas (como se pudesse ser o contrário!) e de abrir as terras indígenas para o arrendamento, a mineração, o uso dos recursos hídricos, atingindo frontalmente a inviolabilidade das terras indígenas.<br />
<br />
Por sua vez, o governo federal, desde 2007, pela Funai, pela AGU, por outros ministérios, instituiu uma série de medidas que desestruturaram a máquina político-administrativa da Funai, extinguindo administrações estratégicas como Altamira, Oiapoque, Porto Velho, Recife, Curitiba e tantas outras, deixando os índios a mercê das forças políticas e econômicas locais, transformando fazendeiros, madeireiros, garimpeiros e políticos locais em novos indigenistas de plantão. Este é o verdadeiro indigenismo neoliberal que foi anunciado anos atrás pelas Ongs que se consideram os arautos dos novos tempos.<br />
<br />
A desorganização da Funai foi realizada sob o argumento de que o órgão indigenista estava defasado em seus propósitos, que o Estatuto do Índio pecava por propor a integração harmoniosa dos índios à Nação brasileira, enquanto o novo indigenismo neoliberal quer a autonomia dos índios. Ao contrário, toda a política indigenista recentemente aplicada prima pela assimilação rápida e irreversível de muitos povos indígenas que antes, com a Funai assistencialista, tinham alguma segurança para continuar a exercer suas culturas sem medo de serem felizes. Hoje levas e levas de índios perambulam pelas cidades do interiorzão brasileiro pedindo auxílio a políticos ou até apelando a fazendeiros para sustentar o estilo de vida que lhes está sendo imposto. A ironia dessa política pretensiosa e desastrada é que, concomitantemente, o governo federal pratica o mais deslavado assistencialismo através das bolsas famílias para com milhões de brasileiros! Se aos pobres e miseráveis brasileiros o assistencialismo é necessário como um passo inicial para retirá-los de suas condições econômicas desgraçadas, como transferir aos índios o ônus de enfrentarem sem nenhuma ajuda, sós e desvalidos, as agruras das mudanças econômicas e sociais que estamos vivendo! Isto é perversão proposital.<br />
<br />
Muitos indigenistas e antropólogos que acompanham a trajetória do indigenismo brasileiro detectam nessas medidas uma visão perversa, por ingênua, burra, e ao mesmo tempo arrogante, do grupo político que hoje domina o órgão indigenista, deslocando os veteranos indigenistas de suas atividades, alienando a participação indígena na estrutura do órgão e quebrando a linha histórica que vinha de longos anos e que favorecia a paulatina participação dos índios nas atividades políticas e administrativas que os estavam alçando a posições de poder no órgão.<br />
<br />
Para muitos a situação da Funai e do indigenismo brasileiro está periclitante. Comenta-se em rodas de políticos no Congresso Nacional a extinção do órgão indigenista. Porém muitos já estão satisfeitos com sua debilidade política e sua incapacidade de ação indigenista. Melhor que o órgão fique como está, não tem condições de se impor no panorama indigenista, e, ao mesmo tempo, legitima as ações necessárias que almejam retirar direitos indígenas.<br />
<br />
Mas eis que há alguns sinais de que nem tudo está perdido. O grande sinal de fôlego da Funai foi a desintrusão dos invasores da TI Maraiwatsede, no leste do Mato Grosso. É claro que o poder veio da Secretaria Geral do Palácio do Planalto, que mobilizou centenas de tropas da Guarda Nacional e da Política Federal. Ao ministro Gilberto Carvalho não há como não se reconhecer esse gesto extraordinário que, sem dúvida, vai marcar sua presença no indigenismo brasileiro, tal como a presença do ministro Marcio Thomas Bastos ficou marcada pela determinação em homologar a TI Raposa Serra do Sol.<br />
<br />
Outro sinal positivo e muito impressionante é o presente Manifesto assinado por 11 das 12 Frentes de Proteção Etnoambiental. É um dos documentos mais duros jamais escrito por indigenistas. Nele consta a análise de um rol dos problemas que os novos indigenistas sentiram nos últimos dois anos desde que foram contratados pela Funai a partir de um concurso público. Gente que nunca havia visto índios, por exemplo, ao vivenciar a presença indígena em seu trabalho, sentiram que havia muita coisa errada e que era preciso dar um basta e forçar mudanças no órgão indigenista.<br />
<br />
Leiam esse Manifesto. Não é brincadeira. Seus assinantes botaram seus pescoços a prêmio. Não temem o que pode vir. Sentem que deviam fazer esse Manifesto e que têm o direito de participar na política indigenista e não serem meros transmissores de políticas e atitudes administrativas equivocadas e até malévolas.<br />
<br />
É preciso que se dê uma remexida na Funai. A situação não pode continuar como está.<br />
_________________________________<br />
<br />
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<br />
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<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Nosso dia vai chegar,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Teremos nossa vez.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Não é pedir demais:<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Quero justiça,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Quero trabalhar em paz.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Não é muito o que lhe peço -<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Eu quero um trabalho honesto<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Em vez de escravidão.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 18px; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Deve haver algum lugar<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Onde o mais forte<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Não consegue escravizar<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Quem não tem chance.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">De onde vem a indiferença<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Temperada a ferro e fogo?<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">Quem guarda os portões da fábrica?(...)<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<i><span style="font-family: 'Century Gothic'; font-size: 8pt; line-height: 16px;">(Fábrica - Legião Urbana)</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<span style="background-color: transparent; font-family: 'Century Gothic'; line-height: 150%; text-indent: 40pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; line-height: 24px; text-align: left;">
<span style="background-color: transparent; font-family: 'Century Gothic'; line-height: 150%; text-indent: 40pt;">Impetrado pelo coletivo dos indigenistas - Auxiliares, Agentes e
Especializados que batalham nas Frentes de Proteção Etnoambiental - em prol de
todos os Indígenas Isolados e recém-contatados que não têm outra voz ante a
sociedade nacional.</span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">CARTA ABERTA À SOCIEDADE NACIONAL<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">PEDIDO DE SOCORRO<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 40.0pt;">
<span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Senhores, os indígenas representam no
Brasil aproximadamente um milhão de pessoas, de 305 etnias distintas,
distribuídas em 505 Terras Indígenas, que perfazem 12,5 % do Território
Nacional. A despeito disso, a FUNAI conta apenas com 3.064 servidores em todo o
Brasil, muitos deles cedidos a outros órgãos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;"> Nós, que subscrevemos esta carta,
somos responsáveis pela atuação na área onde se encontra a maior concentração
de povos isolados do planeta. É lamentável que esta seja a região onde nos
defrontamos com a pior situação de trabalho da FUNAI. Nas Frentes de Proteção
Etnoambiental, míseros 150 servidores são responsáveis pela execução da
política indigenista do Estado Brasileiro para os Índios Isolados e
Recém-contatados de toda a Amazônia Legal. São, até o momento, 82 referências
(informações, não individuais) da presença desses povos. Estamos no esforço de
forma a contribuirmos, em parte, com soluções para a problemática narrada
abaixo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 40.0pt;">
<span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">As Frentes de Proteção Etnoambiental
são unidades da FUNAI responsáveis pela localização, monitoramento e proteção
de índios isolados ou recém-contatados, apresentando uma série de
peculiaridades e diferenças entre si. Como características gerais, administram
áreas de domínio da União, reservadas para uso exclusivo de populações
tradicionais, onde <b>deveríamos</b>
garantir a inviolabilidade e a proteção de seus territórios, cultura e modo de
vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 40.0pt;">
<span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Acreditamos que o modelo de trabalho
atual inviabiliza o atendimento aos povos indígenas isolados e
recém-contatados. Hoje, não conseguimos, por exemplo, mitigar a prática de
ilícitos nem garantir a proteção territorial, tampouco executar as políticas
públicas para a promoção social dos povos sob nossa jurisdição por conta dos
motivos expostos a seguir (conformes relatórios já entregues há muito, mas
ainda sem resposta):<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 36.0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">1)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">A fragilidade do atendimento de saúde aos indígenas, bem como aos não
índios do entorno;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 36.0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">2)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Conflitos entre indígenas e comunidades circunvizinhas;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 36.0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">3)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">A invasão das Terras Indígenas por:<o:p></o:p></span></div>
</div>
<span style="font-family: "Century Gothic"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: KO; mso-font-kerning: .5pt;"><br clear="ALL" style="mso-break-type: section-break; page-break-before: auto;" />
</span>
<div class="Section2">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 54.0pt; mso-list: l2 level1 lfo3; tab-stops: list 54.0pt; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">a)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Caçadores;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 54.0pt; mso-list: l2 level1 lfo3; tab-stops: list 54.0pt; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">b)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Pescadores;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 54.0pt; mso-list: l2 level1 lfo3; tab-stops: list 54.0pt; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">c)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Posseiros;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 54.0pt; mso-list: l2 level1 lfo3; tab-stops: list 54.0pt; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">d)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Narcotraficantes;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 54.0pt; mso-list: l2 level1 lfo3; tab-stops: list 54.0pt; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">e)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Madeireiros;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 54.0pt; mso-list: l2 level1 lfo3; tab-stops: list 54.0pt; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">f)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Garimpeiros;</span><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<span style="font-family: "Century Gothic"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: KO; mso-font-kerning: .5pt;"><br clear="ALL" style="mso-break-type: section-break; page-break-before: auto;" />
</span>
<div class="Section3">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 36.0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">4)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Grande pressão exercida por parte de empresas interessadas na prospecção
de petróleo e gás, entre outros recursos minerais, inclusive com o risco de
contaminação das nascentes dos rios que afluem para dentro das Terras
Indígenas;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 36.0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">5)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">A pressão também é exercida por grandes obras de infraestrutura
(construção de hidrelétricas, abertura de rodovias, ferrovias etc).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 36.0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 0cm; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">6)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Existe ainda uma sensação premente de ausência do Estado na zona de fronteira,
tendo como exemplo os narcotraficantes invadindo Postos da FUNAI em Frentes de
Proteção e expulsando à bala os servidores - e cooptando indígenas para o crime
organizado - tendo sido presos alguns desses traficantes durante uma crise
dentro da Terra Indígena.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">No enfrentamento
do exposto até agora, carecemos do mais básico nas áreas de:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Infraestrutura:</span></b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
<ul style="margin-top: 0cm;" type="square">
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-list: l3 level1 lfo4; tab-stops: 36.0pt;"><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Quantidade
insuficiente de equipamentos, embarcações, veículos terrestres, a maioria
dos existentes demandando reparos.<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-list: l3 level1 lfo4; tab-stops: 36.0pt;"><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Em
algumas Frentes que receberam material através de convênio e planos de
compensação ambiental, os equipamentos são trancados e as chaves de
veículos, escondidas, dificultando ainda mais a realização do já precário
trabalho.<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-list: l3 level1 lfo4; tab-stops: 36.0pt;"><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Carência
imediata de reestruturação física e logística das Frentes de Proteção<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-list: l3 level1 lfo4; tab-stops: 36.0pt;"><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Sistema
de comunicação em campo, salvo exceções, em péssimas condições, onde
existe. (Temos poucas estações Vsat do SIPAM operando, não temos celular
rural nem via satélite para comunicar emergências médicas, principalmente
quando em expedições; não temos rádios nas viaturas e embarcações para
comunicação quando em deslocamento).<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-list: l3 level1 lfo4; tab-stops: 36.0pt;"><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Falta
atenção à saúde do servidor, inclusive a cobertura vacinal completa,
conforme protocolo da Fiocruz para regiões endêmicas. Isso ocorre em
desrespeito ao Princípio da Saúde Plena (um dos norteadores das Políticas
Públicas para Índios Isolados e Recém-Contatados, considerando a
vulnerabilidade imunológica de tais povos).<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-list: l3 level1 lfo4; tab-stops: 36.0pt;"><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">É
imprescindível ainda a presença de profissional de saúde em campo, nas
bases, bem como acompanhando cada expedição, para administrar tratamento,
por exemplo, o soro anti-ofídico
(outro item do qual não dispomos) em caso de acidentes com animais
peçonhentos.<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-list: l3 level1 lfo4; tab-stops: 36.0pt;"><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Inexistência
de plano de contingência para os casos de: contato voluntário de algum
grupo de isolados, evacuação de emergência das bases etc.<b><o:p></o:p></b></span></li>
</ul>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Gestão de
Pessoas:</span></b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l4 level1 lfo5; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Sofremos diuturnamente com a <b>falta
da obrigatória urbanidade</b>, com o <b>assédio
moral no serviço público</b>. Ao apontarmos qualquer falha ou necessidade
institucional, tentando desempenhar melhor nosso dever, ou ao exigir o
cumprimento de quaisquer de nossos direitos previstos em norma positivada,
estamos sujeitos a ser imediatamente condenados ao ostracismo, ameaçados por
estarmos em estágio probatório ou sendo vítimas da notória fábrica de
sindicâncias e de processos administrativos disciplinares arbitrários, na qual
se transformaram alguns setores da FUNAI. Existem hoje tramitando na
Instituição cerca de 500 processos (muitos, contra mais de um servidor), entre
sindicâncias e PADs. Em um universo de 3.064 servidores, isso é um para cada 6
pessoas!, um descalabro folhetinesco!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l4 level1 lfo5; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">As <b>avaliações de desempenho</b>,
instrumentos úteis quando bem realizadas, tem servido tão somente como
plataforma para sermos retaliados ao bel-prazer do aplicador ou como
demonstração de predileção por determinados servidores mais inertes. Caso
fossem de 360 graus, isso minimizaria o Efeito Halo. (Efeito Halo é a interferência causada nos processos de
avaliação de desempenho devido à simpatia ou antipatia que o avaliador tem pela
pessoa que está sendo avaliada).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l4 level1 lfo5; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Tivemos um exemplo recente de um fato para nós corriqueiro, o <b>abuso de autoridade</b>, exemplo no qual
alguns colegas foram advertidos por escrito, <b>duas vezes</b>, por pessoa sem autoridade para tal <i>(ne sutor ultra crepidam) </i>e sem o devido processo que garantisse a
ampla defesa e o contraditório. Este caso <b>não</b>
foi uma exceção e foi utilizado aqui apenas para ilustrar o clima
organizacional reinante entre coordenadores e equipes. São relações
trabalhistas feudais!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">(O relatado nos próximos três itens é exatamente o disposto nos incisos
VI, II e I, respectivamente, do Art. 11 da lei Nº 8.429/92).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l4 level1 lfo5; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Em tempos de Lei de Acesso à Informação, outra de nossas realidades é a
falta de transparência nos atos administrativos. Operamos em níveis
policialescos, de um segredo tal que um servidor não sabe o que esta se
passando no trabalho em outra localidade, dentro da própria área de jurisdição,
obstando trocas de informação e experiências e impedindo a construção
participativa do planejamento das atividades. Já houve retirada de cabos das
estações de comunicação do SIPAM apenas com o intuito de impedir a comunicação
entre os servidores das Frentes! <b>Documentos
triviais das Frentes são trancados à chave</b>, quando deveriam ser públicos como
tudo o mais em que não há chancelas de secretitude no serviço público. O que
existe aí para esconder?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l4 level1 lfo5; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Temos diversos documentos que vêm, <b>HÁ
ANOS</b>, sendo reiteradamente enviados à Coordenação-Geral de Índios Isolados
e de Recém-contatados e também a outras instâncias da própria FUNAI e não temos
até o momento <b>NENHUM INDÍCIO DE RESPOSTA</b>.
São casos cristalinos de prevaricação e descaso com a coisa pública, além de
improbidade administrativa e desrespeito para com os servidores e para com
nossos clientes, visto que as demandas permanecem sem solução.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l4 level1 lfo5; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Diversos gestores da FUNAI <b>extrapolam
o direito de editar normas infralegais, e agem contrariando frontalmente as
normas superiores positivadas. </b>Obviamente o fazem sem as prerrogativas
necessárias (novamente, <i>ne sutor ultra
crepidam</i>), às vezes usando o pretexto de exercer o poder discricionário
(SIC!), agindo notoriamente fora do escopo de sua competência. Para maior
clareza anexamos a Portaria n 1.483/PRES e a Informação Técnica n 78/CGIIRC,
dois aleijões judiciosos eivados de vícios primários, avessos à própria Carta
Magna.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l4 level1 lfo5; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Na situação atual nós, Servidores Públicos Federais, que nos dispomos
com honra ao cumprimento do dever, <b>estamos
sofrendo trabalho degradante e forçado</b>, na forma da lei. Haja vista
servidores ficarem dias sem conta em campo esperando comida, tendo que recorrer
à floresta, isso dito só pra exemplificar.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Questões
Administrativas:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l5 level1 lfo6; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Existe uma grande indefinição quanto aos termos em que se dá o vínculo
administrativo entre as Frentes e as Coordenações Regionais. No vácuo de
orientações mais completas, as relações se tornam lutas de gládio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l5 level1 lfo6; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Também sofremos com a falta de definição específica das atribuições do
cargo. Quanto a estas, no campo das idéias divergimos diametralmente dos nossos
gestores nos diversos níveis, com a lei ao nosso lado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l5 level1 lfo6; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Há uma demanda urgente pela regularização das embarcações junto à
Marinha e pela habilitação e autorização de pilotos e tripulantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l5 level1 lfo6; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">As Coordenações nos têm feito prescindir ilegalmente de autorização
(obrigatória) para dirigir viaturas e embarcações oficiais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l5 level1 lfo6; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">É grave o desrespeito às normas de segurança e saúde do trabalho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l5 level1 lfo6; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Já sugerimos por diversas vezes a elaboração de um plano de capacitação
que realmente nos instrumentalize para realizar um trabalho tão delicado quanto
o nosso. Já sugerimos também o convênio com a UAB (Universidade Aberta do
Brasil), entre outros, bem como demandamos cursos básicos da área de saúde.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l5 level1 lfo6; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">A parte do efetivo que já foi nomeada por meio de concurso é
notoriamente insuficiente. Vê-se no Art. 1-B da Lei n. 11.357/06 que houve a
criação de 700 vagas somente para o cargo de Auxiliar em Indigenismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l5 level1 lfo6; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Temos realizado diversas viagens sem as respectivas Ordens de Serviço
sendo que chegamos ao absurdo de ocorrer convocação por meio de mensagens de
texto (sms), contrariando a norma de registro obrigatório no SCDP (Sistema de
Concessão de Diárias e Passagens) e justificativa plausível para o não
pagamento de diárias (Portaria n 505/MPOG e Dec. 5.992). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l5 level1 lfo6; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Os subscreventes sentem falta do plano de carreira indigenista, que nos
permitiria desenvolver nosso trabalho em outros níveis bem como da
regularização de funções de coordenação e de chefia, hoje ilegalmente ocupadas
em sua maioria por pessoas alienígenas - em relação ao quadro permanente da
instituição - que, muitas vezes, desconhecem as particularidades do trabalho de
uma frente, ficando algumas alheias também às questões afetas apenas aos
servidores do quadro efetivo, gerando alguns dos problemas narrados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 35.7pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l5 level1 lfo6; tab-stops: 36.0pt; text-indent: -17.85pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Também lamentamos o fato de grande parte do recurso para o trabalho das
Frentes ser oriundo quase exclusivamente de programas de compensação ambiental,
e não de planos governamentais<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Questões
Jurídicas:</span></b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Conforme explicitado na documentação
e pareceres anexos, todo e qualquer exercício do poder de polícia por parte de
servidores da FUNAI (por vezes também por terceirizados ou contratados por
convênios, com camisetas e bonés de ações da FUNAI) é ilegal, mesmo o poder de
polícia administrativo está carente de regulamentação e seu exercício também é
ilegal, bem como abordagens armadas, "fiscalizações", apreensões e
doações. Não existe qualquer cobertura legal para ações de repressão e elas
impossibilitam o trabalho ulterior na região e representam alto risco à
integridade física de servidores e indígenas, caracterizando ainda os crimes
de:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 20.0pt; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 20.0pt; text-indent: -20.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">a)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Porte e uso ilegal de arma de fogo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 20.0pt; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 20.0pt; text-indent: -20.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">b)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Desvio de função<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 20.0pt; mso-list: l1 level1 lfo2; tab-stops: list 20.0pt; text-indent: -20.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";">c)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Usurpação de função pública</span><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: "Century Gothic";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 20.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Solicitamos que seja determinado o recolhimento de todas as armas
existentes sob o domínio da FUNAI, e que as mesmas sejam entregues à Polícia
Federal, ou a outro órgão que esta determine.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">As expedições para localização e monitoramento de índios isolados vêm
sendo realizadas sem qualquer identificação funcional, identidade visual ou
fardamento padronizado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Os auxiliares em indigenismo são coagidos à prática institucionalizada e
obrigatória de crimes ambientais (caça, pesca (a título de subsistência dos
servidores), extração ilegal de madeira, descarte criminoso de lixo em terra
indígena. Ressalte-se que o servidor público é obrigado a se ater
exclusivamente ao disposto em Lei, qualquer ação que destoe desta máxima deve
ser objeto de remédio administrativo e/ou jurídico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Existe uma clara confusão com respeito ao pagamento das verbas
indenizatórias de rubrica "Diárias", a despeito de quaisquer
"entendimentos" (pareceres verbais) da alta gestão da FUNAI, sempre
equivocados, inclusive quando do custeio parcial por parte da FUNAI. Todas as
ações relacionadas ao não pagamento de diárias vem desrespeitando nossos
direitos, além da carência manifestamente ilegal do registro obrigatório do
deslocamento no SCDP (ainda que sem ônus para a Fundação).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 6.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Acreditamos ainda, após pesquisa na
legislação, que fazemos jus aos seguintes adicionais:<o:p></o:p></span></div>
</div>
<span style="font-family: "Century Gothic"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: KO; mso-font-kerning: .5pt;"><br clear="ALL" style="mso-break-type: section-break; page-break-before: auto;" />
</span>
<div class="Section4">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Penosidade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Insalubridade <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Periculosidade<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Serviço extraordinário<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Adicional noturno<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Local penoso<o:p></o:p></span></div>
</div>
<span style="font-family: "Century Gothic"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: KO; mso-font-kerning: .5pt;"><br clear="ALL" style="mso-break-type: section-break; page-break-before: auto;" />
</span>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Acreditamos que fazemos jus também,
dada a natureza do trabalho, à aposentadoria especial prevista em lei.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><span style="background-color: white; font-family: 'Century Gothic'; text-align: -webkit-left;">Existem trabalhadores (antes terceirizados) hoje sem contrato que venha reger sua relação de trabalho, atuando em Frentes de Proteção, alguns há meses sem receber salário, outros recebendo por meio de métodos escusos, em situação análoga a de escravo. Já houve denúncias ao MPT nos estados, desconhecemos o andamento, mas sabemos que o ilícito permanece.</span><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal; text-indent: 0cm;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[endif]--><!--[if gte vml 1]><v:shape
id="_x0000_s1027" type="#_x0000_t202" style='position:absolute;left:0;
text-align:left;margin-left:312.75pt;margin-top:461.8pt;width:183.7pt;
height:276.7pt;z-index:-251658240;mso-wrap-distance-left:9.05pt;
mso-wrap-distance-right:9.05pt;mso-position-horizontal-relative:margin;
mso-position-vertical-relative:margin'>
<v:fill color2="black"/>
</v:shape><![endif]--><!--[if !vml]--><span style="height: 280px; left: 0px; margin-left: 313px; margin-top: 462px; mso-ignore: vglayout; position: absolute; width: 186px; z-index: 251658237;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Quanto à nossa lotação, quase todos
nós estamos trabalhando em sede diversa de onde somos lotados. Os coordenadores
tentam ludibriar os auxiliares, dizendo que os mesmos foram removidos para
outra lotação, sem o devido processo e indenizações, para isso usam o texto da
portaria 1.523/PRES, de 04 de dezembro de 2012, que visa apenas (Art. 1º)
Tornar público <i>(SIC)</i> a relação de
servidores lotados nas Frentes de Proteção Etnoambiental.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 0cm; mso-list: l6 level1 lfo7; tab-stops: list 0cm; text-indent: 0cm;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Wingdings; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Wingdings; mso-fareast-font-family: Wingdings;">§<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Estamos cumprindo carga horária
esdrúxula, permanecendo semanas, meses a fio em campo, laborando números de
horas vastamente superiores ao determinado na própria lei, sem direito a
descanso proporcional para convivermos com nossas famílias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 40.0pt;">
<span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Todo o relatado é de ciência e/ou com
anuência de toda a alta gestão da FUNAI, já discutido verbalmente em reuniões.
Podemos comprovar ainda que estes já foram informados, por escrito, há muito
tempo, reiteradamente, de quase todo o exposto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;"> Por sugestão da MPF/PRM-ITZ,
solicitamos ao Ministério Público Federal-DF que agrupe as demandas registradas
nos estados por servidores das Frentes de Proteção Etnoambiental, devido às
demandas alcançarem dimensão nacional, para que seja dado tratamento uniforme,
inclusive nos termos da lei Nº 8.429/92.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;"> Solicitamos ainda a cada instância
que receba este documento em seu protocolo que proceda a apuração de cada um
dos itens relatados que seja de sua competência, fazendo cessar os ilícitos e
responsabilizando a cada indivíduo que deva, pois há muito queremos trabalhar
de modo a surtir efeito na qualidade de vida de nosso cliente, porém não
obtivemos sucesso. E não estamos encontrando os meios sequer para mitigar o
mal, por isso esta súplica, ecoando nosso coletivo "a voz" dos povos
beneficiários.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 42.75pt;">
<span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 42.75pt;">
<span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 42.75pt;">
<span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;"> <b>Subscrevem:<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Frente de
Proteção Etnoambiental Awá-Guajá<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Frente de
Proteção Etnoambiental Cuminapanema<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Frente de
Proteção Etnoambiental Envira<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Frente de
Proteção Etnoambiental Guaporé<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Frente de
Proteção Etnoambiental Madeira<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Frente de
Proteção Etnoambiental Madeirinha – Juruena<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Frente de
Proteção Etnoambiental Médio Xingu<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Frente de
Proteção Etnoambiental Purus<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Frente de
Proteção Etnoambiental Uru-eu-wau-wau<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Frente de
Proteção Etnoambiental Vale do Javari<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "Century Gothic"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Century Gothic"; mso-fareast-font-family: Arial;">Frente de
Proteção Etnoambiental Yanomami Ye´kuana</span></b><o:p></o:p></div>
<!--EndFragment--><div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-72406241829291411022013-01-29T13:32:00.000-02:002013-01-29T13:45:12.970-02:00Augúrio de vitória na Aldeia Maracanã<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUpMNl_rzXk9cmpiUF2qhloibtAbgkRHTV6cR6-1Gwg_Ce9YlN2nRFIHP8E2crlglosQpswehu6GEmmOIExX5ert9z6muy8-L6lLgR304xEIh6W1OXGVlHd_Z4-EtgCMbB0Zp3IREle_GO/s1600/Rondon+e+Cadete.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUpMNl_rzXk9cmpiUF2qhloibtAbgkRHTV6cR6-1Gwg_Ce9YlN2nRFIHP8E2crlglosQpswehu6GEmmOIExX5ert9z6muy8-L6lLgR304xEIh6W1OXGVlHd_Z4-EtgCMbB0Zp3IREle_GO/s320/Rondon+e+Cadete.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-size: x-small;"><i>Rondon e o velho Chefe Bororo Cadete, no velho Museu do Índio, em 1952</i></span><br />
<br />
<br />
A grande notícia comemorativa dessa semana é a declaração do Gov.
Sérgio Cabral de que o velho e glorioso Museu do índio, localizado ao
lado do Estádio Maracanã, não será mais demolido. O governador assume
que aquele prédio pertence ao estado do Rio de Janeiro, havido por
compra à Conab, em novembro de 2012, por R$ 60 milhões. Ninguém ainda
viu o ato oficial dessa compra, mas se acata que o estado não estaria
faltando com a verdade.<br />
<br />
Na nota oficial do governo consta que o
prédio será restaurado pela empresa que venceu a licitação de reformar o
Maracanã e que sua destinação será decidida de comum acordo com o
prefeito Eduardo Paes. Afirma outrossim que tudo isso será feito logo
que os “invasores” sejam retirados do recinto do prédio.<br />
<br />
Como
assim, em comum acordo com Paes e sem o diálogo e a consulta aos índios
que habitam esse prédio, que do retomaram e que o reivindicam? Chamá-los
agora de “invasores”?<br />
<br />
Aí é que a porca torce o rabo e o governador fica embananado.<br />
<br />
No
dia 16 de janeiro o governador enviou uma carta aos índios da Aldeia
Maracanã -- que é o nome que os índios moradores do prédio dão muito
apropriadamente à organização social que lá criaram desde 2006 – na qual
reconhece a organização social dos índios no recinto deste velho Museu
do Índio, reconhece-a inclusive com a expressão “comunidade indígena que
reside no antigo Museu do Índio”. A carta subscrita pelo governador
propõe, além da criação de um Conselho Estadual de Direitos Indígenas, a
dotação à comunidade Aldeia Maracanã de um prédio, situado nas
imediações da Quinta da Boa Vista, em troca da saída dos moradores
indígenas do velho Museu. O prédio aludido é um antigo presídio. Bela
troca, hein governador! A palavra presídio causa calafrios a todos nós,
muito mais aos índios, que já sofreram o bastante em sua história de
relacionamento com invasores de suas terras!<br />
<br />
A nota oficial
espanta por ignorar um fato que o governador já havia reconhecido, qual
seja, de que é uma comunidade indígena que reside no antigo Museu do
Índio, e não “invasores”. Onde está a assessoria do Gov. Sérgio Cabral
para deixá-lo em tão maus lençóis? Será que não imaginou que sua carta
eventualmente se tornaria pública, bem como a resposta que os índios a
ela darão?<br />
<br />
De todo modo, essas cartas constituem o início de um
diálogo novo entre as duas partes, agora em condições mais favoráveis
aos índios, já que a ameaça explícita e raivosa de destruição do antigo
Museu do Índio foi eliminada.<br />
<br />
A sociedade carioca que acompanha e
apóia a ação dos índios da Aldeia Maracanã sabe que esse majestoso
prédio do antigo Museu do Índio só está sendo reconhecido em seu valor
histórico e portanto salvado da destruição por causa exclusiva da
intervenção dos índios que vivem no Rio de Janeiro, por sua ousada
entrada no prédio em 2006, por sua inimaginada retomada física, social e
cultural, por sua resistência inabalável às tentativas de todas as
sortes – não menos à tropa de choque enviada pelo governador em 12 de
janeiro deste ano – para desalojá-los e enviá-los para os cafundós dos
Judas.<br />
<br />
Como agora o governador querer outra destinação deste
prédio, senão a proposta dos índios de criação de um Centro Cultural
Indígena, sob sua direção autônoma e compartilhada, proposta aliás que o
próprio governador reconheceu em sua referida carta aos índios!?<br />
<br />
Assim,
comemoramos esta semana a declaração oficial do governador,
subentendendo-se que sua incoerente alusão a “providências que estão
sendo tomadas para a remoção de invasores” não passe de um lapso
declaratório, um desvio intempestivo, um erro de copidescagem de seus
assessores imprudentes.<br />
<br />
A sorte está lançada. Algo de novo surge
no horizonte das relações interétnicas no Brasil, e surge logo no Rio de
Janeiro, que não tem medo de experimentar as coisas novas.<div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com25tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-45960691965344021042012-12-18T12:37:00.001-02:002012-12-18T12:47:50.535-02:00O indigenismo rondoniano está vivo no governo federal: o caso de MaraiwatsedeA oportuna decisão e a inflexivel determinação do governo federal, que abraçou a causa dos índios Xavante sobre a T.I. Maraiwatsede, têm sido um alívio para a causa indígena na atualidade. Demonstram o quanto ainda existe de indigenismo rondoniano inserido neste governo e o quanto o Estado brasileiro tem ainda senso de responsabilidade para com a causa indígena.<br />
<br />
O governo Dilma, que vem sendo criticado por antropólogos, indigenistas, pelas ONGs e pelo CIMI, e especialmente pelas associações indígenas, em tantas questões, tem suportado todo tipo de pressão de políticos de Mato Grosso, à frente o seu atual governador, bem como por políticos já de cunho nacional, a exemplo da presidenta do CNA e senadora por Tocantins, para negociar o território xavante. Algum tempo atrás o governador do Mato Grosso quis negociar essas terras por um outro território, onde está um parque estadual de proteção ambiental, inutilmente.<br />
<br />
Apraz-me sobremodo, devo confessar, ver políticos se metendo a negociar com os índios e quebrando suas caras de pau. Sonho que tal aconteça igualmente quando o Congresso jogar suas fichas para a abertura de terras indígenas à mineração. Deputados se metendo em negociação de mineração me dá calafrios.<br />
<br />
Deve ser reconhecido, igualmente, que também têm passado por pressão o Congresso Nacional, diversos tribunais federais e o STF. Os fazendeiros e políticos interessados têm vindo com frequência a essas instituições para demonstrar que são pequenos lavradores as vítimas da desintrusão da T:I. Maraiwatsede, visando provocar um sentimento de empatia por sua causa. O STF, o MPF e as tantas varas de justiça têm sido inflexíveis em suas interpretações sobre a legitimidade da ocupação dessas terras pelos índios Xavante.<br />
<br />
Por sua vez, a mídia local, estadual e nacional, especialmente do próprio estado do Mato Grosso, não tem medido esforços para informar e demonstrar que o interesse maior pela não desocupação daquelas terras advém é de grandes fazendeiros, ou ao menos de médios fazendeiros, pelos módulos amazônidas, com fazendas de gado e soja de 5.000 a 10.000 hectares de terra. A imprensa mato-grossense tem idenficado políticos, advogados e até desembargadores aposentados como donos de imensas glebas de terras, todas obtidas após a bandalheira de invadir essas terras, na ocasição formalmente pertencentes à empresa italiana AGIP, feita pelos políticos locais por ocasião da doação da empresa aos seus legítimos donos, em 1992.<br />
<br />
De parabéns também está a FUNAI pela presença e solidariedade aos índios Xavante de Maraiwatsede. A tradição indigenista rondoniana não está perdida. O esforço de tantos indigenistas e antropólogos para, ao lado dos Xavante, re-obter as terras de Maraiwatsede, é merecedor de nosso reconhecimento e ficará na história do indigenismo brasileiro.<br />
<br />
A retomada dessas terras, de onde cerca de 170 Xavante foram retirados em 1967, pela persuasão de missionários salesianos e funcionários do SPI, sob o tacão da ditadura militar e seu apoio ao grande latifúndio, tem uma história gloriosa. Ela começou a acontecer quando os jovens Xavante que haviam sido deslocados, começaram a tomar tento de suas vidas e da injustiça que haviam passado, com tantas mortes e sofrimentos indizíveis. Os velhos Xavante nunca deixaram de lembrar que estavam em outras terras xavante <b><i>temporariamente</i></b>, e que um dia voltariam às terras onde haviam nascido e se criado. Terras de mata densa, medonha, terras de cerrados altos.<br />
<br />
A partir de fins da década de 1980, esses novos líderes Xavante começaram a refazer o seu caminho de volta. Conseguiram o apoio da FUNAI e de antropólogos que conheciam a sua história. A terra estava nas mãos da empresa italiana AGIP, que a havia comprado de um poderoso grupo liderado por um famoso grileiro de origem paulista. Dizia-se que esse grileiro possuía mais de 1 milhão de hectares de terras naquela região. Por meados de 1990 a terra havia sido reconhecida por um GT da FUNAI e em 1991 ela foi delimitada formalmente. Em 1992, por ocasião da Conferência de Meio Ambiente do Rio -- a RIO 92 -- o grupo AGIP fez a doação de seus direitos aos Xavante, de forma solene e em sua inteireza.<br />
<br />
Entretanto, por baixo dos panos, um gerente da fazenda que controlava essa terra, em conluio com políticos locais, abriu, por assim dizer, as portarias da fazenda para a entrada de políticos, funcionários públicos, comerciantes e, enfim, até de pequenos lavradores, para entrar e demarcar seus lotes, como se fosse uma corrida de terras do velho oeste americano. Quando os índios e a FUNAI chegaram já grande parte estava invadia e loteada. Mesmo assim, a FUNAI prosseguiu em seu ofício indigenista, um novo GT delimitiu a terra, com a ajuda dos próprios índios, foi feita a demarcação in locu e em 1998 o presidente Fernando Henrique Cardoso a homologou.<br />
<br />
Sem que um índio Xavante estivesse lá dentro. Nos anos seguintes os Xavante tentaram entrar nessas terras, mas eram dissuadidos a voltar. Até que, em outubro de 2003, o então presidente da FUNAI, este que está a escrever, recebeu uma comitiva de Xavante pedindo ajuda para entrar na área, disposto a todo sacrifício, se a FUNAI os apoiasse. Sim, a FUNAI os irá apoiar.<br />
<br />
Quando cerca de 150 Xavante acamparam à beira da estrada e ameaçaram entrar, levantou-se disposta a tudo uma horda de gente da outra margem do riacho que fazia a divisa sul da terra. Gritavam, soltavam foguetões, rajadas de revólver para o alto. Os Xavante não se atemorizaram. A FUNAI se apresentou com toda sua determinação e coragem, à frente Edson Beiriz e Cláudio Romero. O presidente da FUNAI visitou a área em novembro de 2003 e prometeu aos Xavante que essa terra lhes seria devolvida em breve.<br />
<br />
Mais e mais Xavante começaram a aparecer, seja porque faziam parte das famílias que de lá haviam sido desalojadas em 1967, seja em solidariedade aos seus compatriotas. Foi um tempo heroico para os Xavante e para a FUNAI. Alojados em barracas de lona, sob sol escaldante e chuvas torrenciais, com carência de alimentação e água potável, ao sacrifício de cinco crianças e um velho, lá permaneceram de outubro de 2003 e julho de 2004.<br />
<br />
Nesse período a FUNAI não deixou de lutar também no setor jurídico, com a presença de seus procuradores, com ações em diversos tribunis, até alcançar o STF, que, afinal, concedeu que os Xavante nela penetrassem e tomassem posse de um pequeno trecho de uns 15.000 hectares, numa fazenda cujo dono abrira mão de seus supostos direitos por vontade própria, sem qualquer ressarcimento. Aliás, ele já havia derrubado a mata em grande parte, como tantos outros que lá estavam.<br />
<br />
Desde então, os Xavante de Maraiwatsede têm estado presente, sofrendo pressões de todos os lados, inclusive de dentro de suas próprias hostes e por compatriotas confusos e um tanto frágeis politicamente.<br />
<br />
Agora, nesses dias, é o governo federal que toma as rédeas do processo de desintrusão. E o tem feito com destemor e determinação. A Polícia Federal e a Guarda Nacional montaram uma estratégia eficiente de desintrusão, seguindo todos os ritos democráticos, dando tempo aos posseiros para se retirarem, sendo flexíveis em alguns pontos, rígidos em outros, conforme as pressões e as motivações dos posseiros e fazendeiros. O judiciário brasileiro está também de parabéns pela decisão, custosa e demorada, mas que, como diz o ditado, que um dia haveria de chegar.<br />
<br />
Tudo isto é motivo de celebração das tradições indigenistas brasileiras. Que a chama do indigenismo rondoniano não apagou, que a luz rondoniana continua a brilhar.<br />
<br />
Abaixo a última declaração da FUNAI em seu site, com o resumo dos últimos acontecimentos.<br />
<br />
____________________________<br />
<br />
<table align="left" border="0" class="Normal" style="width: 99%px;"><tbody>
<tr><td height="19"><b>Balanço da 1ª semana - Operação de desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsédé (MT)</b></td>
</tr>
<tr>
<td align="justify" height="19"><div class="normal">
<br /></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td class="normal" height="19">Completou, nesta segunda-feira
(17), uma semana da operação voltada à desocupação da Terra Indígena
Marãiwatsédé, no Mato Grosso. Participam da força-tarefa, oficiais de
justiça, equipes da Força Nacional, Polícia Rodoviária Federal, Polícia
Federal e Exército, além de representantes do governo federal. <br />
<br />
Até ontem (17), 31 fazendas tinham sido vistoriadas, 15 das
quais já foram oficialmente retomadas. Nas demais, os ocupantes
receberam um prazo dos oficiais de justiça de 24 horas para retirar
pertences, à exceção de uma fazenda que foi intimada para, em 10 dias,
retirar gado e outras posses.<br />
<br />
A operação foi integralmente planejada para ocorrer de forma
pacífica e garantir, de um lado, o direito constitucional do povo
Xavante de viver em seu território tradicional e, de outro, a
possibilidade de legalização fundiária aos pequenos ocupantes não
indígenas, promovendo assim, uma vida digna aos envolvidos nesse
processo.<br />
<br />
Desta forma, o governo federal se comprometeu a realizar o
reassentamento das famílias que atendem aos critérios e normativas do
programa de reforma agrária. Até o momento, o Incra já cadastrou 183
famílias, 80 das quais se adequam ao perfil. As famílias reassentadas
receberão um Contrato de Concessão de Uso da Terra, que se constitui no
primeiro passo para o acesso à terra e aos créditos iniciais. Também
serão integradas ao Cadastro Único do governo federal e, por meio dele,
poderão acessar programas sociais como Bolsa Família, Brasil
Sorridente, Brasil Carinhoso, entre outros. A partir de terça-feira
(18), será realizada a mudança das primeiras cinco famílias que se
cadastraram no programa de reforma agrária. Elas serão levadas ao
assentamento Santa Rita, localizado em Ribeirão Cascalheira (MT).<br />
<br />
No que se refere às grandes fazendas, informações coletadas
pela Funai, Incra e Ibama, convergem no sentido de identificar 22
propriedades, detentoras de um terço das terras. Estas fazendas foram
as principais responsáveis pelo rápido desmatamento da área. Conforme
dados da Funai, em 1992, cerca de 66% (108.626 ha) da área total de
Marãiwatsédé eram compostos de floresta e 11% (18.573 ha) de Cerrado.
Atualmente, esta é a terra indígena com maior área desmatada da Amazônia
Legal, com 61,5% do território desmatados, convertidos, em sua
maioria, para atividades de agricultura e pecuária. <br />
<br />
Em toda a terra indígena, 455 pessoas foram notificadas a
deixar a área, por meio de mandados judiciais, expedidos entre os dias 7
e 17 de novembro. Venceu ontem (17/12) o último prazo, de 30 dias,
concedido pela Justiça Federal do Mato Grosso para que os não indígenas
desocupem o território.<br />
<br />
A desintrusão da área segue conforme o planejado e será realizada de forma contínua.<b> </b><br />
<br />
<b>Ameaças</b><br />
Desde o início da ação de desintrusão da Terra Indígena
Marãiwatsédé, em agosto de 2012, registram-se diversos casos de ameaças
de morte a membros da equipe que integra a força-tarefa de
desocupação. Também foram ameaçados Dom Pedro Casaldáglia, bispo da
Prelazia de São Félix do Araguaia (MT); o cacique Xavante Damião
Paradziné, da Terra Indígena Marãiwatsédé e Wanderley Perin, atual
prefeito do município de Alto Boa Vista (MT). A Polícia Federal já
abriu inquérito para investigar tais intimidações e o governo federal
encaminhou reforço de efetivos policiais para a região.<br />
<br />
Além das ameaças de morte, manifestantes que resistem em
deixar a área bloqueiam rodovias e dificultam o acesso das equipes que
trabalham para desocupar a terra indígena. Na quinta-feira (13),
árvores e outros obstáculos foram colocados nas estradas para
inviabilizar o acesso da força-tarefa e foram abertos buracos em alguns
trechos com o mesmo objetivo.<br />
<br />
No primeiro dia da ação de desocupação (10), integrantes da
Força Nacional, Polícia Federal e Polícia Rodoviária foram atacados com
pedras por manifestantes contrários à saída da terra indígena. Os
policiais revidaram com gás de efeito moral e balas de borracha. O
confronto ocorreu na Fazenda Jordão, a cinco quilômetros do local
vistoriado pelos oficiais de justiça, e não impediu o trabalho de
desocupação.<br />
<br />
<b>Cartas</b><br />
Em carta entregue ao Ministério Público Federal (MPF), o
cacique de Marãiwatsédé, Damião Paradziné, falou do sofrimento do povo,
nesses anos de luta pela terra, e da expectativa de voltar a viver em
seu território. "Quem sempre ocupou essa terra foi o índio". Ele
denuncia que vários índios já foram mortos nesse processo e fala da
importância da desocupação para seu povo.<br />
Emocionado com o relato do cacique, a liderança do povo
Tapirapé Nivaldo Korira'i enviou uma carta de solidariedade ao povo
Xavante de Marãiwatsédé, em que afirma que o povo não está sozinho,
“nós estamos aqui para fazer qualquer coisa pelos Xavantes. Os Xavantes
necessitam de apoio para ser mais forte na luta. Temos certeza que o
nosso pai Myraty está olhando para o povo Xavante que vai dar tudo certo
na conclusão da operação”. <br />
</td><td class="normal" height="19"><a href="http://blogdafunai.blogspot.com.br/" target="_blank">Leia as cartas na íntegra. </a>
<br />
A Terra Indígena Marãiwatsédé foi reconhecida pelo
Estado brasileiro como terra tradicional indígena, homologada por
decreto presidencial em 1998, o que, pelos termos do Art. 231 da
Constituição, tornam nulos todos os títulos nela incidentes, não gerando
direito a indenizações, salvo pelas benfeitorias de boa-fé. <br />
Na década de 1960, a Agropecuária Suiá-Missú se instalou na
região, onde sempre viveu o povo Xavante de Marãiwatsédé, dando início
ao desmatamento da área e provocando a retirada dos indígenas para
outra localidade. Os indígenas nunca se conformaram com a remoção e,
sucessivas vezes, tentaram voltar ao seu território.<br />
Em 1980, a fazenda Suiá-Missu foi vendida para a empresa
petrolífera italiana Agip, que, durante a ECO 92, após reconhecimento
público do direito indígena à terra, manifestou ao governo brasileiro o
interesse de colaborar com a demarcação da terra indígena. <br />
Enquanto a decisão se concretizava, ocorreram invasões ao
local, gerando um clima de instabilidade e tensão entre indígenas e não
indígenas, que se estende aos dias atuais. De acordo com o processo
sobre o caso, em poder do Ministério Público Federal no MT, as invasões
de não indígenas foram planejadas e incentivadas por lideranças,
muitas das quais ocupam hoje grandes fazendas dentro da terra indígena.
A intenção é relatada durante reunião, ocorrida na localidade de Posto
da Mata e transmitida ao vivo pela Rádio Mundial FM, no dia 20 de junho
de 1992. A gravação compõe o processo, que está disponível para
consulta no MPF.<br />
<b>Desocupação</b><br />
A ação de desocupação dos não índios da TI Marãiwatsédé teve
início em agosto de 2012, atendendo decisão do Juízo da Primeira Vara
de Cuiabá/MT, que, em julho deste ano, determinou o prosseguimento da
execução da sentença para efetuar a retirada dos não índios e garantir o
usufruto exclusivo e a posse plena do povo Xavante sobre a Terra
Indígena Marãiwatsédé, conforme determina o Artigo 231 da Constituição
Federal.<br />
A ação de retirada dos ocupantes não indígenas foi planejada
por uma equipe de trabalho interministerial do Governo Federal –
formada por Ministério da Justiça, Fundação Nacional do Índio (Funai),
Secretaria Geral da Presidência da República, Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis/Ministério do Meio
Ambiente (Ibama/MMA), Ministério da Defesa, Secretaria Especial de
Saúde Indígena/Ministério da Saúde (Sesai/MS), Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária/ Ministério do Desenvolvimento Agrário
(Incra/MDA), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia
(Censipam), Polícia Federal, Força Nacional de Segurança Pública e
Polícia Rodoviária Federal – com apoio logístico do Exército
brasileiro, a fim de garantir uma desintrusão pacífica, com segurança e
dignidade para todos, indígenas e não indígenas.<br />
A saída dos não indígenas é uma determinação da Justiça,
comunicada via mandado judicial aos ocupantes ilegais da Terra Indígena
Marãiwatsédé.<br />
<b>Dados da TI Marãiwatsédé</b><br />
A terra indígena tem 165.241 hectares e está localizada entre
os municípios mato-grossenses de São Félix do Araguaia e Alto Boa
Vista. Atualmente, 928 indígenas Xavante habitam uma pequena parte da
terra.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-45265266000677383062012-11-27T13:06:00.001-02:002012-11-27T13:09:24.749-02:00Irmã Ignez Wenzel traça quadro dramático e triste de Belo MonteEm depoimento cândido e informativo sobre a situação dos ribeirinhos, da cidade de Altamira, dos índios que estão sendo impactados, dos interesses em minérios ali localizadas, das manobras políticas da NorteEnergia, empresa responsável pela construção da UHE BELO MONTE, das cooptações realizadas pela empresa, da concupiscência dos políticos locais, a freira Ignez Wenzel traça um quadro dramático e triste do que está se passando na região.<br />
<br />
Talvez a melhor e mais sincera análise da situação regional seja essa entrevista, realizada pela IHU Online e repercutida pela EcoDebate.<br />
<br />
_________________________<br />
<br />
<b>Ao descrever os bastidores da construção da hidrelétrica no
rio Xingu, a religiosa lamenta ao reconhecer que “não existe lei, não
existe Constituição. O político nos domina e não temos ação contra ele”.</b><br />
<b>Confira a entrevista.</b><br />
<img alt="" border="0" src="http://www.xinguvivo.org.br/wp-content/uploads/2011/10/IMG_07641.jpg" width="250" /><br />
Saída de Porto Alegre há 35 anos, a irmã <a href="http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/506121-o-capital-fala-alto-e-o-maior-deus-do-mundo-entrevista-especial-com-ignez-wenzel-"><b>Ignez Wenzel</b> </a>deixou
as atividades que desenvolvia no Colégio São João para abraçar a causa
dos colonos que migraram para o Pará em função da construção da Rodovia
Transamazônica (BR-230). Hoje vive em <b>Altamira</b>-PA, e está engajada com o <b>Movimento Xingu Vivo para Sempre</b> na luta contra a construção da usina hidrelétrica de<b> Belo Monte</b>.<br />
<br />
Em visita ao Rio Grande do Sul, irmã Ignez recebeu a<b> IHU On-Line</b>,
onde concedeu a entrevista a seguir. Ela percebe que “no Sul nem sempre
chegam as notícias verdadeiras acerca do que acontece no Pará, porque
elas ficam ‘blindadas’ em Belém. Até em <b>Altamira </b>as notícias não são publicadas em todos os meios de comunicação, porque alguns veículos estão conchavados com a empresa <b>Norte Energia</b>. Temos mais respaldo da mídia internacional”.<br />
<br />
Ao relatar o conturbado cenário que envolve o Consórcio <b>Norte Energia</b>, grupo formado por diversas empresas envolvidas na construção da <b>Usina Hidrelétrica de Belo Monte</b>, no rio Xingu, no Pará, <b>irmã</b> <b>Ignez</b>,
visivelmente emocionada e sensibilizada com a situação, afirma que a
Norte Energia prometeu casas para todos que seriam atingidos pela obra,
mas agora avisaram que os atingidos não receberão novas casas, mas sim
pré-moldadas. “Isso é horrível por causa do clima; dentro das casas fará
40º”. E continua: “eles também prometeram construir escolas, hospitais,
infraestrutura para a cidade, investimento em saneamento básico, etc.
Se vocês forem à cidade, não verão nenhum investimento. Além disso, a
energia da região é destinada à obra de <b>Belo Monte</b>, e a
cidade muitas vezes fica no escuro. Não costumava faltar energia na
cidade, mas há alguns meses falta energia toda semana. O que nós
tínhamos acabamos perdendo, até o espaço na rua. Tem até engarrafamento
em uma cidade que é tão pequena. Nós éramos 90 mil e agora são 140 mil
pessoas. Tem muito roubo, muita morte por acidente de moto, tudo
acompanhado pelo desespero, pelo nervosismo, pois muitos crimes
acontecem”.<br />
<br />
<b>Irmã Ignez </b>também confirma casos de extração de minérios na <b>Volta Grande do Xingu</b>,
onde cerca de 200 garimpeiros extraem ouro manualmente. “Está
comprovado que lá tem uma jazida de 50 mil toneladas de ouro, além de
diamantes e outros minérios preciosos. (…) Trabalhadores falaram para
mim que eles já viram nas explosões pedaços de ouro, mas ninguém sabe
para onde vão e eles não podem tocar, nem falar sobre o assunto”,
relata.<br />
<br />
Há quase quarenta anos atuando na região junto às comunidades
populares e indígenas, lamenta a atual situação e comportamento dos
indígenas diante da construção da hidrelétrica. “Eles estão ‘amarrados’.
Dizem que, se não ‘entrarem no jogo’, passarão fome. Eles sabem que
estão sendo objeto de jogo, mas não veem possibilidades de mudar a
situação. Eles sabem que se contam conosco ficam debilitados, porque a
Justiça está de olho no nosso trabalho. Mas isso prejudica nossa
atuação, e por isso tivemos de recuar um pouco fisicamente, mas
intensificamos o apoio e a logística a eles”.<br />
<div>
<b>Ignez Wenzel</b> (foto abaixo) é graduada em História
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e em Teologia
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul <b>–</b> PUCRS. É religiosa consagrada da Congregação das Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã.</div>
<br />
<b>Confira a entrevista.</b><br />
<br />
<b>IHU On-Line – Qual a atual situação da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte?</b><br />
<b><img alt="" border="0" src="http://oi46.tinypic.com/rsc0nb.jpg" width="220" /> </b><br />
<b>Ignez Wenzel –</b> A <b>Norte Energia</b> está com toda a pompa, avançando na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Atualmente estão construindo as<b> ensecadeiras</b> <b>[1]</b>, porque o rio Xingu é muito largo e é composto por muitas ilhas. Então, estão ligando uma ilha a outra.<br />
Estamos constantemente organizando manifestações contra a obra. No <a href="http://www.ihu.unisinos.br/noticias/509498-atingidos-por-belo-monte-farao-encontro-paralelo-a-rio-20-em-altamira"><b>Xingu+23</b></a>, na ocasião da <b>Rio+20</b>, abriram uma ensecadeira durante a madrugada e, com corpos humanos, escreveram <a href="http://www.ihu.unisinos.br/noticias/513839-pescadores-seguem-paralisando-barragem-de-belo-monte"><b>“Pare Belo Monte”</b>.</a> Esta cena foi fotografada e a<b> </b>imagem foi divulgada no mundo todo e isso foi bastante importante para nossa luta.<br />
Os indígenas mundurucus do <b>Alto Tapajós</b> foram para o Xingu porque queriam ver o que estava acontecendo em <b>Belo Monte</b>. Eles dizem que não aceitarão a construção de hidrelétricas no rio Tapajós, o qual cerca a região onde vivem.<br />
<br />
<b>IHU On-Line </b><b>–</b><b> Os mundurucus estão mais articulados?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Eles são mais articulados porque são
uma única tribo, enquanto que na região do Xingu tem oito tribos
indígenas diferentes, e sempre há uma rivalidade entre eles. Os
indígenas “derrubaram” um escritório e nós fomos culpabilizados. Onze
pessoas do nosso grupo receberam um aviso de prisão; fomos enquadrados
em cinco crimes, e o processo continua em andamento.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – As manifestações de protesto ainda ocorrem com frequência?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Ocorrem, mas depois dessa situação,
em que recebemos um mandado de prisão, os indígenas disseram que não
queriam mais a nossa interferência, e sim queriam a nossa ajuda para
fazer ações. Mas as últimas iniciativas estão sendo feitas pelos
pescadores. Eles acamparam nas ensecadeiras durante um mês, impedindo o
trabalho da<b> Norte Energia</b>. Nós não temos infraestrutura
econômica; somos voluntários e ajudamos através do apoio que recebemos
de outras instituições. Fornecemos alimentação, lonas, água, porque a
água do rio já está contaminada.<br />
Semana passada teve outra ação dos trabalhadores, porque desde o
início da construção da obra eles estão lutando para ter o direito de
visitarem as suas famílias de três em três meses. Hoje eles visitam suas
famílias de seis em seis meses. Como eles não conseguiam negociar, se
revoltaram e queimaram um caminhão. Cinco deles foram presos, e outra
turma foi expulsa do canteiro de obras.<br />
O que existe lá é um trabalho desumano. Pela manhã eles ganham um
copinho de café com leite e um pão. Aí eles trabalham até o meio dia.
Como são <b>14 mil funcionários</b>, a comida é preparada com
antecedência, mas às vezes chega estragada e azeda por causa do calor.
Muitos trabalhadores ficam doentes e descontentes com essa situação.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – Quantos canteiros de obra existem na região?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> São três ou quatro canteiros de
obras. Um é responsável pelas ensacadeiras, outro está preparando o
canal, outros estão envolvidos com a infraestrutura. Eles jogam
dinamites de seis em seis horas nos canteiros de obras. Então, as
pessoas que moram na redondeza sofrem impactos à meia-noite, às 6h da
manhã…<br />
Os peixes estão morrendo e os pescadores não são considerados
impactados. Mas a empresa oferece melhorias e as pessoas carentes,
diante de qualquer benefício, cedem, porque esperam sempre novas
possibilidades, as quais não chegam.<br />
<a href="http://www.ihu.unisinos.br/noticias/514596-norte-energia-concorda-com-pauta-de-reivindicacao-e-indios-comecam-a-deixar-area-ocupada-em-obras-de-belo-monte">Os indígenas usam outra tática.</a>
Eles querem melhoramento, e depois que acaba o beneficio recebido,
promovem uma nova ação para conseguirem outros benefícios. E ficam nesse
impasse. Eu já disse que eles têm a força que nós brancos não temos,
que eles têm a possibilidade de mudar algo, porque o mundo inteiro está
de olho neles, que devem tomar uma decisão final. Eles respondem que
não, e que quando a situação piorar promoverão outra ação. Eles “caíram”
nessa de ganhar <b>30 mil reais</b> por aldeia e cesta
básica. Quando eles perceberam que ganhavam dinheiro por aldeias,
passaram a multiplicá-las para cada uma ganhar 30 mil reais. Então,
muitas comunidades indígenas se dividiram, se esfacelaram e se
enfraqueceram.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – Que povos são esses?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Os <b>arara, os juruna,</b> principalmente as comunidades que vivem na<b> Volta Grande</b> <b>do Xingu</b>.
Dizem que os caiapó também já receberam benefícios, mas não tenho
certeza. Sei que já venderam a madeira que tinham anos atrás. Os índios
mais jovens gostam de receber dinheiro e entraram no jogo da sociedade
não indígena. Eles deixaram de caçar, de pescar, e isso contamina a
mística deles, de luta pela sobrevivência através do esforço.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – Mas algumas lideranças ainda estão preocupadas com a situação das comunidades?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Sim, mas são poucas. Eles também
fazem o jogo. Ora você pode contar com um deles, ora não pode. Há uma
fragilidade muito grande em torno dessa questão. Mas nós, do grupo <b>Xingu Vivo</b>, nos sentimos fortificados. Vários jornalistas estrangeiros nos procuram para saber qual é a situação de Belo Monte.<br />
Percebo que aqui no Sul nem sempre chegam as notícias verdadeiras
acerca do que acontece no Pará, porque elas ficam “blindadas” em Belém.
Até em <b>Altamira </b>as notícias não são publicadas em todos
os meios de comunicação, porque alguns veículos estão conchavados com a
Norte Energia. Temos mais respaldo da mídia internacional.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – Religiosos, antropólogos e pesquisadores estão
mais preocupados e engajados com a questão indígena do que os índios?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel – </b>Não dá para responder sim ou não,
porque em 2008 realizamos um grande encontro a pedido dos indígenas e
dos caciques. Eles queriam uma manifestação para acabar de vez com <b>Belo Monte</b>.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – O que acontece então? </b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Eles estão “amarrados”. Dizem que, se
não “entrarem no jogo”, passarão fome. Eles sabem que estão sendo
objeto de jogo, mas não veem possibilidades de mudar a situação. Eles
sabem que se contam conosco ficam debilitados, porque a Justiça está de
olho no nosso trabalho. Mas isso prejudica nossa atuação, e por isso
tivemos de recuar um pouco fisicamente, mas intensificamos o apoio e a
logística a eles.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – Como está a atuação da<a href="http://www.ihu.unisinos.br/noticias/515499-forca-nacional-entra-em-belo-monte"> <b>Força Nacional de Segurança Pública nos canteiros de obra de Belo Monte</b></a>?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> A<b> Força Nacional de Segurança Pública </b>está
lá, sim, e uma turma de policiais mora próximo de minha residência.
Eles estão na região há muito tempo, mas agora a ação foi intensificada
porque, diante de qualquer situação de imprevisto, a Norte Energia
recorre à Força Nacional de Segurança Pública. Este ano, quando fizemos
uma manifestação junto do <b>Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB</b>, na frente de um escritório estava cheio de policiais armados. A posição do <b>Movimento Xingu Vivo</b> não é de depredar ou invadir, embora tenhamos sido acusados de depredar o patrimônio público.<br />
Muitas das pessoas que nos apoiavam trabalham hoje para o governo. O <b>MAB</b>,
por exemplo, é sustentado pelo governo. É um movimento dos atingidos e
não um movimento dos pré-atingidos. Então, eles não querem que a
barragem deixe de existir, porque terão benefícios depois. O <b>MAB </b>é isto: <b>Movimento dos Atingidos por Barragens</b>; se não tem barragem, o movimento não pode continuar. Portanto, o movimento não se enfrenta com o governo.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – Mas eles terão embates posteriores com o governo.</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Não sei o que vai acontecer, mas o
que adianta fazer algo depois? Quando estiver no sarcófago, podem cantar
as cantigas que quiserem. A pior notícia é de que a <b>Norte Energia</b>
prometeu casas para todos que seriam atingidos, e agora avisaram que os
atingidos não receberão novas casas, mas sim pré-moldadas. Isso é
horrível por causa do clima; dentro das casas fará<b> 40º</b>.<br />
Eles também prometeram construir escolas, hospitais, infraestrutura
para a cidade, investimento em saneamento básico etc. Se vocês forem à
cidade, não verão nenhum investimento. Além disso, a energia da região é
destinada à obra de <b>Belo Monte</b>, e a cidade muitas vezes fica no escuro. Não costumava faltar energia na cidade, mas há alguns meses falta energia toda semana.<br />
O que nós tínhamos acabamos perdendo, até o espaço na rua. Tem até
engarrafamento em uma cidade que é tão pequena. Nós éramos 90 mil e
agora são <b>140 mil pessoas</b>. Tem muito roubo, muita morte
por acidente de moto, tudo acompanhado pelo desespero, pelo nervosismo,
pois muitos crimes acontecem. O que não falta são prostíbulos. Na <b>Vila Belo Monte</b>, que fica na balsa, há cerca de <b>23 prostíbulos</b>. Então, tiram-se as conclusões de quantas mulheres, jovens, meninas e crianças têm lá. Aumentou muito o número de estupros, de <b>violência sexual</b> na cidade e de crianças que são molestadas, tanto meninas quanto meninos.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – E o que pode ser dito sobre a exploração do
ouro na volta do Xingu? Dizem que há uma relação entre a construção de
Belo Monte e extração de minérios.</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Mais ou menos na direção da margem direita da <b>Volta Grande </b>tem uma considerável jazida de ouro. Quando a irmã<b> <a href="http://www.ihu.unisinos.br/noticias/506433-aproxima-se-a-data-do-7o-ano-de-martirio-de-ir-dorothy-stang"><b>Dorothy Stang</b></a></b> estava viva, ela esteve no <b>Canadá</b>,
onde pediram que ela participasse de uma reunião sobre assuntos da
América Latina. Lá foi falado sobre uma grande jazida de minério na <b>Volta Grande</b>.
Ela não aguentou e se manifestou, o que os deixaram nervosos,
encerrando o assunto. Quem está lá hoje é uma empresa canadense. Há
cerca de 200 garimpeiros que extraem ouro manualmente, obtendo 1.000,
2.000, às vezes 3.000 mil mensais para sustentar a família, cada um
deles. E está comprovado que lá tem uma jazida de <b>50 mil toneladas de ouro</b>,
além de diamantes e outros minérios preciosos. A Vale também já está
lá. Isso tem uma explicação, porque o rio não vai produzir muita
energia. Dizem que é um compromisso do Brasil secar esse pedaço de rio
para favorecer a exploração do minério. Trabalhadores falaram para mim
que eles já viram nas explosões pedaços de ouro, mas ninguém sabe para
onde vão e eles não podem tocar, nem falar sobre o assunto.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – Essa empresa canadense é a Belo Sun?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel – </b>Sim, a <a href="http://www.ihu.unisinos.br/noticias/513615-projeto-bilionario-de-grupo-canadense-quer-extrair-ouro-no-xingu"><b>Belo Sun</b></a>.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – Além dela e da Vale, outras empresas atuam na região?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Que eu saiba não. Ofereceram para os
garimpeiros uma indenização de 1,5 milhão de reais para eles se
retirarem. Mas eles não abriram mão, porque sabem que têm ouro não só
para um dia, mas para o resto da vida. Então, a nossa luta e a nossa
preocupação é ver como é que vamos conseguir que eles tenham o direito
ao benefício depois, ou seja, uma porcentagem sobre a extração. Porque
no <b>Alto Xingu</b>, na região de <b>Ourilândia</b>,
eles conseguiram benefícios junto aos direitos humanos. Foi exigido que
o povo todo saísse, porque estavam assentados em cima de uma mina de
ouro. Então, com a ajuda de advogados conseguiram que o povo tivesse
acesso aos benefícios dos recursos extraídos. Será mais uma luta nossa,
mas precisaremos de auxílio, porque nós não temos competência legal para
isso.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – A extração é ilegal?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Certamente o Brasil já concedeu a licença. Há muitos anos um rapaz da <b>Comissão Pastoral da Terra </b><b>–</b><b> CPT</b>
nos apresentou um mapa mostrando que os Estados Unidos têm sobre o
Brasil. Eles sabem de todos os minérios existentes no país, assim como
ou outros países como o Peru. Eles também estão lá para extrair. Afinal,
eles “são donos” porque descobriram. Nós não podemos entrar onde eles
estão trabalhando. A terra é nossa, mas nós não podemos entrar. Tem um
aviso de longe informando que ninguém pode se aproximar.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – O Ministério Público acompanha o caso?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Eles trabalham muito conosco. Em relação a <b>Belo Monte</b>, temos <b>quinze ações</b>
no Supremo Tribunal Federal que deveriam ser julgadas. Todas elas
provam a ilegalidade do projeto. Essas ações não foram julgadas
ainda porque o Judiciário, o alto escalão, também é do governo.
Inclusive, muitas vezes falamos que estamos em uma ditadura democrática,
porque não existe lei, não existe Constituição. O político nos domina e
não temos ação contra ele. Os prefeitos são comprados com migalhas, os
governadores também, porque todo mundo quer um pedacinho.<br />
<br />
<b>IHU On-Line </b><b>–</b><b> Quem é o prefeito eleito em Altamira?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Foi péssimo o resultado. Um velho cacique do tempo da ditadura voltou a reinar. <b>Domingos Juvenil</b>
é do PMDB, mas o partido aqui (no sul) é diferente de lá. Basta dizer
que em um município ganhou um do DEM coligado com um petista, o que
seria impossível, mas lá é tudo diferente. Lá o que temos são conchavos.
O nosso município não é governado pela prefeita (<b>Odileida Maria Sousa Sampaio</b>), mas pela <b>Norte Energia</b>. Ela não tem poder nenhum. Só se faz lá o que a Norte Energia aceitar.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – Qual o discurso dele em relação à atuação da Norte Energia na cidade?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Diz ele que a partir do dia 1º de
janeiro quem vai governar a cidade é ele, e não a Norte Energia. Isso é
discurso aberto. Agora, vamos ver depois, com o discurso fechado, como
vai ser. Até lá tem muitos dias.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – A senhora tem expectativa de mudança?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Com esse homem, que era da ditadura,
não. Por causa dessas empresas que estão lá, pode entrar quem quiser que
ficará manchado, porque a estrutura das empresas energéticas são muito
pesadas em cima do povo e dos governos. Os vereadores são comprados,
todos eles. Foi eleito um vereador que é um menino de luta. Ele é do PT
(aí já é da <b>Dilma Rousseff</b>). Ele era contra <b>Belo Monte</b>, mas não sei se vai continuar sendo agora. Tudo muda muito.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – Como a senhora vê a atuação da Igreja local?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Desde o início do ano para cá não
mudou muita coisa. Em si, o povo tem medo. Não é que o povo seja a favor
da barragem. Eles dizem: “Que bom que a senhora vai lá! Continua lá! Eu
também sou contra, mas tenho medo de falar. Não posso ir até o
acampamento”. É assim a população. Mas nós, irmãs, continuamos firmes.
No dia, por exemplo, em que eu tive que depor, vieram irmãs nossas lá de
<b>Anapu</b>, para me dar apoio e para os demais. Então,
mantemos a unidade. Mas o restante das pessoas não consegue. Mesmo
assim, nós continuamos na luta e nos manifestamos. No dia 7 de setembro,
a prefeitura fez uma grande passeata com fogos. Do outro lado estávamos
nós, com faixas e cartazes. Éramos um grupinho pequeno, mas todo mundo
olhou para nós e não para eles. Então, são gestos que nós fazemos.<br />
Mas não é em tudo que podemos ajudar. Lembro agora de um caso triste:
um senhor que comprou 200 hectares de terra através do cartório de <b>Vitória</b>,
e nessa terra ele plantou cacau. Ele tem quatro filhos, sendo que três
são menores de idade. Aí disseram para ele que ali passaria o canal e a
família teria que sair, o que o fez responder: “Daqui eu não saio, isso
aqui é meu, tenho que cuidar dos meus filhos!”. Ele já é um senhor de
idade, tem 60 anos. Pois foram lá e derrubaram a casa dele. Aí, a mulher
pegou os filhos e foi para a cidade. Ele pegou uma lona, colocou por
cima de um pé de cacau e ficou morando lá embaixo, afinal já tinham 13
mil pés produzidos e mais sete mil em crescimento. A polícia ficou
ameaçando que ele tinha que sair de lá. Um belo dia, ele viu que estavam
chegando dez tratores derrubando no chão todo o cacau dele, inclusive
os 13 mil em produção. Ele se desesperou e fugiu. Agora nós estamos
lutando para que ele seja indenizado. Mas a <b>Norte Energia</b>
diz que ele abandonou o lote. Dá vontade de chorar! Hoje, essa família
está morando de favor, pois ele não consegue emprego, porque só sabe
trabalhar na roça. Eu não aguento (a irmã chora).<br />
<br />
<b>IHU On-Line – E pretende continuar morando lá? </b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Sim, porque, se a gente sai, quem vai
ajudar esse povo? É preciso ir para lá. Enquanto eu aguentar, fico lá.
Enquanto a Congregação me deixar, eu fico.<b><a href="http://www.ihu.unisinos.br/noticias/510156-dom-erwin-kraeutler-lula-e-dilma-passarao-para-a-historia-como-predadores-da-amazonia-"><b>Dom Erwin</b></a> </b>(Kräutler, bispo de Altamira)<b> </b>está decepcionado. Ele achava que ia conseguir.<br />
Os poderes econômicos e políticos são pesados demais. Só eles têm
razão. Entrei em contato com uma menina que conheço há muito tempo, que
trabalhava no <b>Conselho Indigenista Missionário – CIMI</b>. Ela foi convidada para trabalhar com os índios visando deixá-los do lado da <b>Norte Energia</b>.
Ela ia ganhar 8.000 reais mensais. Ela disse: “O quê? Toda a minha vida
trabalhando para defender os índios e agora vocês querem que eu faça o
contrário?”. Ela tem uma sobrinha que é assistente social lá dentro
(Norte Energia) e quis saber quantas mortes acontecem, porque a gente
não fica sabendo de mortes. Na média, eles dizem que se morrer até <b>10 mil pessoas</b>
é normal. Só que não aparece nenhum cadáver. O que eles estão fazendo
com os cadáveres? Quem é que está morrendo lá? A gente fala com os
funcionários, com os trabalhadores, e ninguém sabe de nada. Para mim,
eles não podem falar, porque ninguém nunca viu nada.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – Mas foi constatada a morte de alguém por causa da construção da usina hidrelétrica? </b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Eles dizem que morrer tanta gente
assim (10 mil pessoas) é normal. Então, deve estar morrendo gente. Só se
ficou sabendo do caso de um senhor <b>–</b> e isso foi publicado aos quatro ventos <b>–</b>
que morreu embaixo de um pau, que caiu para uma direção não esperada.
Agora, aquelas pessoas que estão lá, que estão colocando dinamite,
quantas será que já foram para o ar?<br />
<br />
<b>IHU On-Line – Vocês não têm acesso às informações? </b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Não. É segredo absoluto. Por isso que
ninguém entra lá. E se você entra para trabalhar, a primeira coisa que
tem que fazer é colocar esparadrapo na boca e vendas nos olhos, porque
não pode ver, nem ouvir nada. Por isso que eu digo que é uma ditadura
democrática.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – Dom Erwin pretende continuar em Altamira? </b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Por lei, ficará até 2014. Depois,
terá que pedir dispensa, porque é a norma da Igreja: aos 75 anos ele tem
que se retirar do bispado. Talvez ele tenha que ficar mais tempo,
talvez não. Ele também está cansado. E a gente nota que ele também não
está muito bem de saúde. Imagine o estresse que esse homem viveu todos
esses anos? E sendo sempre escoltado por policiais. Isso não é vida.
Quando ele sai da cidade, vai para outro estado, não tem polícia nas
costas. Então, acho que é por isso que ele aceita tanto trabalho fora.
Ele se desliga um pouco. Mas é uma luta muito grande.<br />
<br />
<b>IHU On-Line – As novas irmãs têm interesse em ir para o Pará e ajudar no desenvolvimento desse trabalho?</b><br />
<br />
<b>Ignez Wenzel –</b> Elas até têm esse interesse. Mas nós
estamos em uma época muito difícil, temos muitas irmãs idosas e poucas
na ação. Então, quem está em ação também tem que cumprir as necessidades
urgentes daqui. Há esse problema também. E a juventude, por enquanto,
está com outras dinâmicas. Infelizmente, a sociedade chegou a este
ponto. Mas vai ter que surgir algo novo. O que vai ser ainda não
sabemos.<br />
<br />
<b>NOTA</b><br />
<b>[1] </b>Ensecadeiras são dispositivos utilizados para a
contenção temporária da ação das águas em superfícies escavadas,
normalmente onde se pretende executar obras sem a interferência da água.
São usadas, por exemplo, para viabilizar a construção de barragens.<br />
<i>(Por Patricia Fachin, Graziela Wolfart e Luana Nyland)</i><br />
(<a href="http://www.ecodebate.com.br/bEu">Ecodebate</a>, 27/11/2012) publicado pela <a href="http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/515761-a-ditadura-democratica-de-belo-monte-entrevista-especial-com-ignez-wenzel-" target="_blank"><b>IHU On-line</b></a>, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.<div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-3817384049069630642012-11-14T15:43:00.000-02:002012-11-14T15:43:11.941-02:00Os índios e o Brasil -- A Luta<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Nos últimos meses estive pensando seriamente sobre a questão indígena brasileira e nos seus desdobramentos dos últimos tempos. Por duas razões: 1. O que vem ocorrendo ultimamente é muito preocupante, como analisarei abaixo. 2. Estava terminando o livro OS ÍNDIOS E O BRASIL e queria atualizar os últimos acontecimentos dentro de uma análise mais profunda, conforme o intento do livro. Nesses dias venho apresentando este livro ao público, primeiro, em lançamento em São Paulo (já ocorrido, dia 8 de novembro), e em breve em lançamento no Rio de Janeiro -- dia 24 de novembro próximo -- SE POSSÍVEL!</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Digo SE POSSÍVEL porque combinei há um mês com os moradores indígenas do velho e venerando Museu do Índio de fazer esse lançamento no próprio Museu, com a presença deles como anfitriões. O Museu é um prédio grandioso, fabuloso, com paredes de 80 cm de largura, dilapidado e abandonado, mas ainda imponente, que dá gosto de ver e estar no seu interior. Os índios moradores ofereceram para fazer danças e prestigiar o evento do lançamento, ao mesmo tempo em que se sentiram felizes por eu ter feito a escolha de lançar o livro em sua Casa, por assim dizer. Entretanto, o livro corre perigo de não ser lançado porque, hoje mesmo, um juiz cassou a liminar que segura a proteção do prédio, que o governador do estado do Rio de Janeiro tem declarado reiteradas vezes que o vai derrubar até virar pó e calçamento para os torcedores estrangeiros passarem por cima.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">O velho Museu foi construído em 1862 e pertenceu a um dos genros do Imperador Dom Pedro II, que o doou para ser uma instituição de pesquisa em agro-pecuária e em questões indígenas. Eita mistura comovente! De todo modo, na República Velha ficou com o Ministério da Agricultura e foi lá que o Serviço de Proteção aos Índios foi alojado, com Rondon como seu patrocinador e os tantos diretores que o órgão teve, até 1962, quando foi transferido para Brasília. Foi ali que Darcy Ribeiro, junto com Rondon, Eduardo Galvão e outros, criou o Museu do Índio e também elaborou os termos do Parque Nacional do Xingu, dando uma revirada no indigenismo brasileiro e no processo de reconhecimento de terras indígenas. Foi ali que Rondon abrigou e recebeu tantos índios que iam à sua procura para pedir ajuda nas suas lutas por terra e respeitabilidade. Nesses dias, quando estava em São Paulo lançando o livro, o líder Yawalapiti, do Parque do Xingu, Pirakumã, me falou e me recomendou para dizer a todos que pudesse que seu pai, Kanato, costumava lhe contar que tinha ido a esse Museu falar com Rondon, e que um dia tinha levado o Raoni. Por isso é que sentia simpatia sincera pela luta dos seus patrícios urbanos na preservação do velho prédio. Andamos agora à procura de um foto que demonstre esse evento excepcional.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Tenho apoiado a causa dos índios que tomaram o Museu do Índio, desde 2006, e têm lutado com ardor pela preservação do prédio. Os índios querem transformar esse prédio num Centro Cultural, num Museu Vivo da Cultura Indígena. Acho muito meritória a luta desses índios, que aqui vivem no Rio de Janeiro e se deram conta de que o que o governador e os infiéis e ahistóricos planejadores urbanos pretendem destruir era a memória de sua vida e do seu relacionamento com os demais brasileiros não indígenas. Eles me pediram e escrevi um laudo, já publicado neste Blog, sobre a importância desse prédio e do valor simbólico para o indigenismo brasileiro.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Bem, então não sei se o livro OS ÍNDIOS E O BRASIL será verdadeiramente lançado no velho Museu do Índio. Se tudo der certo, maravilha! Se não, aí está o livro lançado neste Blog. E a luta pela preservação do velho Museu do Índio não para!</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Agora, quanto à situação atual dos índios. Nem sei por onde começar. Vou escrever mais amiúde nas próximas postagens.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Por enquanto eis um pequeno resumo. Em suma: o governo Dilma está em grande falta para com os povos indígenas.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">1. A questão guarani continua a mais premente e mais difícil de solução. Nos últimos tempos ficou mais caótica e mais inclinada para soluções drásticas. A falta de imaginação do governo se alia à perversidade dos fazendeiros, que se arvoram os donos da terra do Brasil.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">2. O episódio da invasão dos policiais federais (foi uma invasão ostensiva!) e da morte do índio <span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 17px; text-align: left;">Adenilson Crishi</span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 17px; text-align: left;"> necessita ser reparado pelo governo brasileiro, pela Funai e pelos indigenistas. Não pode passar em brancas nuvens, sob pena do indigenismo brasileiro ficar desacreditado. </span></span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 17px; text-align: left;">3. As pressões advindas do Legislativo brasileiro no sentido de mudar a legislação e as normas indigenistas, inclusive de demarcação de terras, têm que ser bloqueadas. Isso só poderá ser feito por determinação do governo federal, por vontade própria e por senso de responsabilidade histórica.</span></span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 17px; text-align: left;">4. O Decreto 303, da AGU, símbolo do desvario atual do governo, deve ser revogado e arquivado imediatamente. Não pode haver negociação sobre isso.</span></span><br />
<div style="text-align: left;">
<span style="color: #333333; font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 17px;">5. Os planos de expansão econômica na Amazônia devem ser discutidos com os índios. É aí onde os índios podem encontrar um meio termo com o governo, sem deixar de se posicionar com altivez. Os planos de hidrelétricas, estradas, expansão agrícola e pastoril, manejo florestal e mineração devem ser apresentados aos índios de modo formal, em convenção convocada pelo governo federal, com participação de todas as lideranças nacionais.</span></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="color: #333333; font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 17px;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="color: #333333; font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 17px;">Proponho ao governo que faça uma nova Conferência Nacional dos Povos Indígenas, tal como fizemos uma em 2006. Dela resultou um documento orientador, o qual não foi levado adiante, mas que precisa ser retomado em sua filosofia básica. </span></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="color: #333333; font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 17px;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="color: #333333; font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 17px;">Na nova Conferência, novos termos poderão ser ajustados. Porém os índios devem estar cientes de todo o processo e saberem onde se posicionam, os riscos e incertezas que terão e as possibilidades de participação no "progresso" da Nação.</span></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="color: #333333; font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 17px;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="color: #333333; font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 17px;">Nada que diz respeito a impactos sociais e ambientais sobre terras e culturas indígenas pode ser feito à revelia dos índios. Chega de enrolação barata, com fingidas consultas, e depois "tratoragem", brutalidade e política de cooptação no varejo sobre os índios. </span></span></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="color: #333333; font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 17px;">Governo Dilma Rousseff: ponha a mão na consciência; ponha as cartas na mesa, exponha suas intenções e negocie com os índios aquilo que é possível de ser feito nos próximos anos. Para usar uma palavra tão usada recentemente no STF, "chega de açodamento", de pressa, de ânsia por fazer coisas que significam a destruição de tantas coisas belas. Se houver clareza e honestidade, os índios saberão escutar, pensar o que pode ser importante para seu futuro, abrir mão de uma prerrogativa aqui outra ali, para ter uma segurança permanente e um lugar ao sol na Nação. </span></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="color: #333333; font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 17px;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="color: #333333; font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 17px;">Eis minhas considerações mais sinceras e precisas. Salvo melhor juízo!</span></span></div>
<div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-4721157230267070615.post-87492816760425614812012-11-12T17:50:00.001-02:002012-11-12T19:27:58.861-02:00Video mostra chegada dos policias federais e tiroteio na Aldeia Munduruku<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="http://www.youtube.com/embed/3KF-aG30khg?fs=1" width="459"></iframe><br />
<br />
O video acima mostra uma versão diferente da que foi dada pelo delegado da Polícia Federal que comandou o ataque aos índios Munduruku e Kayabi, em aldeia na beira do rio Teles Pires,<br />
<br />
É um video simples, de 6´38´´, feito claramente por um amador, provavelmente indígena, que estava fascinado pelo voo do helicóptero. Só no último minuto, no minuto 5, 38 segundos, é que se ouve o primeiro tiro sendo disparado. Sete segundos depois ouve-se outro estampido. Em seguida vem um voleio de tiros, bem mais de 30, até que o cineasta perde o controle, provavelmente cai, pois a última cena mostra a grama de pertinho, e o video para.<br />
<br />
Vê-se nos primeiros minutos que não havia preparativos para receber os policiais com emboscada. Ao contrário, havia mulheres crianças e jovens passeando pela aldeia. O cineasta foca o helicóptero e não parece se dar conta de que algo possa estar acontecendo. Alguém passa e pede um cigarro. Um rapaz passa andando com uma borduna e vai em direção ao helicóptero; um vai correndo com um maço de flechas, eis o que vemos de preparativos de guerreiros.<br />
<br />
Enquanto isso, o helicóptero para no campo de futebol da aldeia e dele descem uns 8, 10 policiais. Depois, vê-se que eles entram na barcaça localizada na beira do rio, todos portando armas, tipo fuzil ou metralhadora. Estão vestidos para a guerra. Em certo momento, antes do tiroteio, vê-se que eles estavam tensos, mas não nervosos a ponto de disparar.<br />
<br />
Considerar que houve uma emboscada é pura fantasia. Não se vê lances de flechas sendo atiradas em direção aos policiais. O que se vê são policiais mirando e atirando para uma direção no mesmo nível, e alguém dizendo que são balas de borracha. Até então os índios estavam ingênuos.<br />
<br />
O que pensar de tudo isso?<br />
<br />
Primeiro, que cabe à Funai, ela própria, exigir do Ministério da Justiça uma abertura de inquérito e soltar uma nota de protesto contra a Polícia Federal e uma nota de solidariedade ao povo daquela aldeia, especialmente aos familiares do índio que foi mortalmente baleado três vezes.<br />
<br />
Segundo, que cabe à Funai se dirigir aos Munduruku, aos Kayabi e aos Apiaká que moram na beira do rio Teles Pires e pedir desculpas em nome do Estado brasileiro e do indigenismo.<br />
<br />
Terceiro, cabe à Funai e aos seus indigenistas retomar o diálogo com os povos indígenas, que vem perdendo cada vez mais nos últimos anos.<br />
<br />
Quarto, cabe à presidenta Dilma Rousseff, em nome do Brasil, se dirigir oem desculpa, solidariedade e apoio aos índios feridos e agredidos e aos impactados por toda essa operação e pela ação de garimpeiros, madeireiros e barrageiros naquela terra indígena.<br />
<br />
O que aconteceu foi um grave incidente no indigenismo brasileiro e não pode se deixar passar em brancas nuvens.<br />
<br /><div class="blogger-post-footer">Blog do Mercio: Indios, Antropologia, Cultura, Brasil</div>Mércio P. Gomeshttp://www.blogger.com/profile/13967805107812962798noreply@blogger.com7