O povo indígena Munduruku, que vive no médio e alto Rio Tapajós, na sua belíssima terra com pouco mais de 2.000.000 hectares, vem de público se manifestar contra os objetivos do governo federal de criar uma série de hidrelétricas naquele rio e em alguns de seus afluentes.
A decisão é forte. Segue os termos da Carta Aberta dos Kayapó contra a Usina Belo Monte.
O fato é que os índios não aceitam mais imposições de desenvolvimento sem sua participação. Criar os empreendimentos e apresentá-los como fatos consumados não bate mais com a realidade indígena e sua consciência de mundo
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O grito dos Munduruku contra as barragens no Rio Tapajós
Local: São Leopoldo - RS
Fonte: IHU - Instituto Humanitas Unisinos
Link: http://www.unisinos.br/_ihu/
"Não somos peixes para morar no fundo do rio, nem pássaros, nem macacos para morar nos galhos das árvores. Nos deixem em paz", clamam os índios Munduruku, em carta ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contra a construção de cinco hidrelétricas na bacia do rio Tapajós.
Recebemos de Edilberto Sena, padre, coordenador da Rádio Rural de Santarém, a carta de protesto da etnia Munduruku ao Presidente da República contra a construção de cinco mega hidrelétricas na bacia do Rio Tapajós. Segundo Edilberto Sena, que escreve do meio da floresta amazônica, (11 horas de voadeira e mais cinco de microônibus) "na Missão Cururu, entre os índios Munudukus, depois de dois dias de encontro sobre a desgraça do projeto Complexo Tapajós do governo Lula". A carta, narra Edilberto Sena, foi elaborada "por vários jovens que concluíram a 8ª série escrveram e escreveram o esboço que voi corrigido pelo plenário de cerca de 150 pessoas e votado e assinado por vários caciques e lideranças".
Eis a carta.
Missão São Francisco do Rio Cururu 06 de novembro de 2009
Exmo. Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva Exmo.
Senhor Ministro das Minas e Energia, Edson Lobão e demais
Autoridades responsáveis pelo setor energético do Brasil.
Nós comunidade indígena, etnia Munduruku, localizada nas margens do Rio Cururu do Alto Tapajós, em reunião na Missão São Francisco, nos dias 5 e 6 de novembro, viemos por meio deste manifestar à vossa excelência nossa preocupação com o projetof ederal de construir cinco barragens no nosso Rio Tapajós e Rio Jamanxim.
Para quem vai servir? Será que o governo quer acabar todas as populações da bacia do Rio Tapajós? Se apenas a barragem de São Luis for construída vai inundar mais de 730 Km².
E daí? Onde vamos morar? No fundo do rio ou em cima da árvore?
Aximãyu’gu oceju tibibe ocedop am. Nem wasuyu, taweyu’gu dak taypa jeje ocedop am. (não somos peixes para morar no fundo do rio, nem pássaros, nem macacos para morar nos galhos das árvores. Nos deixem em paz. Não façam essas coisas ruins. Essas barragens vão trazer destruição e morte, desrespeito e crime ambiental, por isso não aceitamos a construção das barragens. Se o governo não desistir do seu plano de barragens, já estamos unidos e preparados com mais de 1.000 (mil) guerreiros, incluindo as várias etnias e não índios.
Nós, etnia Munduruku queremos mostrar agora como acontecia com os nossos antepassados e os brancos (pariwat) quando em guerra, cortando a cabeça, como vocês vêem na capa deste documento. Por isso não queremos mais ouvir sobre essas barragens na bacia do Rio Tapajós. Por que motivo o governo não traz coisas que são importantes para a vida dos Munduruku, para suprir as necessidades que temos, como educação de qualidade, ensino médio regular, escola estadual, posto de saúde, etc.
Já moramos mais de 500 anos dentro da floresta amazônica, nunca pensamos destruir, porque nossa mata e nossa terra são nossa mãe.
Portanto não destruam o que guardamos com tanto carinho.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
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