Sempre me causa um certo espanto e mal-estar quando alguém da ONU visita o Brasil e produz um relatório sobre o que viu e o que ouviu. As análises sempre me parecem simplórias, embora verdadeiras. Meu mal-estar se deve à ligeireza com que as conclusões são emitidas. Parece que estão fora do contexto ou fora da história.
Enfim, por mais que seja verdadeiro, a atitude da Alta Comissária da ONU me deixa perplexo. Confesso que não gosto de ouvir de estrangeiros aquilo que só a nós brasileiros cabe resolver. Isto porque nós brasileiros sabemos muito bem o que se passa entre nós. A grande questão é: por que não fazemos nada a respeito? Ou, por que o que fazemos não é suficiente?
Eis minha inconformação com o modo em que vivemos e atuamos politicamente.
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Afro-brasileiros e indígenas estão "atolados" na pobreza, diz alta-comissária da ONU
Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
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| Elza Fiúza/ABr
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Brasília - A alta-comissária da ONU para Direitos Humanos, Navanethem Pillay, cumprimenta o Capitão Potiguar, que apresentou relatório sobre a situação dos povos indígenas no Brasil |
Brasília - A alta-comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Assuntos de Direitos Humanos, Navanethem Pillay, voltou a criticar hoje (13), em seu último dia de visita ao Brasil, a situação de negros e indígenas no país. Ambas as populações, segundo ela, estão “atoladas” na pobreza, além de não ter acesso aos serviços básicos e nem a oportunidades de emprego.
Durante entrevista coletiva, Pillay se referiu à questão dos povos indígenas como invisível e lembrou que, de todos os funcionários federais e estaduais que conheceu durante a visita, nenhum deles tinha origem indígena. Para a alta-comissária, o fato serve como um indicativo de uma contínua marginalização.
“A maior parte dos povos indígenas do Brasil não está se beneficiando do impressionante progresso econômico do país e está sendo retida na pobreza pela discriminação e indiferença, expulsa de suas terras na armadilha do trabalho forçado.”
Em relação aos negros, Pillay ressaltou que a violência aparece como uma das principais causas de morte no grupo. Ela insistiu que há, no Brasil, uso excessivo de força tanto de agentes policiais quanto de milícias. “Até que isso mude, a situação vai prejudicar o progresso do Brasil em muitas outras frentes.” A alta-comissária retorna hoje para Genebra, na Suíça, após uma visita de três dias a cidades como Rio de Janeiro, Salvador e Brasília. |
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