sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Índios do Vale do Javari continuam a sofrer

A notícia de que índios do Vale do Javari, no oeste do Amazonas, cruzam a fronteira para serem medicados no Peru é estarrecedora. Só posso crer que não é verdade.

Os serviços médicos na Amazônia peruana não são conhecidos como de primeira linha, assim, me parece um exagero. Pode ser que o Civaja, que era a Ong indígena que tinha contrato com a Funasa, e que faz essa acusação, esteja esticando a verdade como forma de pressionar a Funasa.

De qualquer modo, é o estrompido falando do arrebentado.

A saúde dos índios do Vale do Javari tem sido muito mal atendida. Considero que é muito difícil, mas as lutas internas entre Funasa e Civaja só têm piorado.

A Funasa também alega que o pessoal médico é escasso e não se dispõe a enfrentar sacrifícios para subir os rios do Vale do Javary e tentar cuidar da saúde indígena.

É a pior situação de saúde do Brasil. Só uma intervenção forte é que pode melhorar.

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Índios do Vale do Javari cruzam fronteira com Peru em busca de atendimento médico


Até domingo, 500 índios residentes no Vale do Javari, no oeste do Amazonas, poderão atravessar o Rio Javari, que delimita a fronteira do estado com o Peru, para buscar atendimento médico contra a malária no país vizinho.

Desde 3 de dezembro, sete indígenas morreram (cinco crianças). A causa principal foi a reincidência de malária. Segundo a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o Distrito Sanitário Espacial Indígena do Vale do Javari registrou no ano passado 39 mortes provocadas pela malária, tuberculose, meningite e hepatite tipo B e D (delta).

Segundo o coordenador do Conselho Indígena do Vale do Javari (Civaja), Clóvis Marubo, os índios estão recorrendo a autoridades estrangeiras para pedirem assistência por causa da precariedade da saúde na região. "Se o governo brasileiro não faz nada, é bom que alguém faça alguma coisa por nós. Estamos pedindo socorro, estamos lidando com vida, com ser humano. Ninguém está fazendo nada", reclamou.

A situação no Vale do Javari é de conhecimento das autoridades públicas brasileiras. Em 15 de agosto, representantes da Funasa, da Fundação Nacional do Índio (Funai), da prefeitura de Atalaia do Norte (município próximo à região), do Ministério Público Federal e dos indígenas assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

O TAC continha 18 cláusulas onde são listadas providências de curto e médio prazo para reverter os problemas de saúde e de ensino na região. O documento também estabelecia que a Funasa deveria concluir, até 31 de dezembro, a construção de quatro pólos-base para assistência à saúde no Vale do Javari.

Em nota de esclarecimento, a Funasa afirma que apenas "um pólo já está em fase de construção e as outras obras serão iniciadas no final deste mês". Além do atraso na construção dos pólos-base, a Funasa não terminou a investigação sobre a saúde dos indígenas. Conforme o TAC, a coleta de amostras deveria ser concluída até 15 de setembro.

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