sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Mangabeira e suas idéias -- até para os índios!!

O Professor Mangabeira Unger, ministro de Assuntos Estratégicos, recebeu algumas incumbências do Presidente Lula. Uma delas foi de tratar de um projeto para a Amazônia.

Assim, com o denodo que o caracteriza, partiu para criar esse projeto. Contatou a eminente geógrafa Profa. Berta Becker, contatou economistas de São Paulo e de Belém, fez contatos com os principais políticos da Amazõnia, a partir de seus governadores, abriu-se para o diálogo com a ministra Marina Silva (sendo a recíproca não verdadeira), enfim, leu alguns livros essenciais sobre a Amazônia e daí sacou suas idéias iniciais, as quais lança com ousadia para provocar debates no meio acadêmico, na mídia e entre os peritos do assunto.

Parece que está dando certo seu périplo pela Amazõnia. Leva consigo quase todo seu staff, seus conselheiros e assessores. Chamou alguns ministros para acompanhá-lo, mas eles se desculparam. Só o ministro da Cultura, Gilberto Gil, que o admira pelas idéias e pela ousadia. Nada o atemoriza. Abre o debate com os empresários, dos mais simples aos barras-pesadas, como os donos da Vale e da Alcoa. Joga duro no debate, não teme a controvérsia. Quer polêmica, porque acha que é a partir dela que nascem possibilidades de realização. Alguns dos seus assessores lhe pedem parcimônia nas falas, ele responde que não veio a ser ministro para desviar-se dos assuntos controvertidos. Veio para encarar a realidade.

Enfim, vai dar certo ou não vai dar certo o Professor Mangabeira tratando de colocar a Amazônia na agenda de salvação do Brasil e de si mesmo?

E o mais surpreendente é que ele tem idéias sobre índios! Acha que o Brasil é um misto de generoso e de cruel para com os povos indígenas. Reconhece seus direitos, demarca suas terras, mas proíbe-os ou não lhes dá condições de usar essas terras para o desenvolvimento de suas economias e sociedades.

Acha que é pela ciência, pelo conhecimento avançado que os índios podem se desenvolver, formular uma cultura que medeie sua relação com o mundo envolvente.

Mangabeira não teme dizer que o Brasil está no processo de integrar suas populações indígenas. Considera que a Constituição de 1988, ao conceder uma maioridade aos índios, os traz à responsabilidade sobre suas vidas, e essa responsabilidade tem que ser baseada no conhecimento da sociedade brasileira. Só os néscios acham que os índios não estão se integrando, com todo o processo educacional (especialmente de baixa qualidade) que aplicam sobre suas populações, com o sistema de saúde que se lhes administra, com os programas de assistência alimentar, inclusão social, etc.

É preciso que o indigenismo rondoniano possa ser ouvido por Mangabeira, antes que as Ongs neoliberais o ataquem de todos os modos e ele desista de incluir no seu Projeto Amazônia os povos indígenas.

O CIMI e as Ongs neoliberais já manifestaram críticas à peregrinação de Mangabeira. Mas aguardam um contato para explicar suas posições.

Vamos ver como se desenrolam essas relações nos próximos meses! De minha parte, estou aberto ao diálogo, mas também á polêmica. Não podemos é ficar parados enquanto o bonde passa e a situação da Funai está absolutamente inerme.

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