Finalmente, alguém da Funasa vem a público para reconhecer a gravidade do problema da saúde indígena no Vale do Javari. E não é menos que o diretor do Departamente de Saúde Indígena do órgão, Wanderley Guenka, nomeada há poucos meses.
A declaração de Wanderley tem que ser seguida por providências urgentes. Ali a situação é complicada e difícil. São 8 milhões de hectares de terras, cortadas só por rios, com comunidades indígenas espalhadas por todos os lados, e com alguns de seus membros vivendo na cidade de Atalaia de Norte. De lá levam doenças para os parentes e a transmissão é muito rápida.
A Funasa precisa se estruturar e se ligar à Funai para ter capacidade de ação. É dar murro em ponta de faca querer inventar uma nova forma de indigenismo que não o que a Funai herdou de Rondon.
O governo federal podia se sensibilizar quanto a isso. Será que é preciso chorar mais, experimentar mais mortes, para um dia fazer-se essa reintegração dos órgãos?
Ministro Temporão, dá um tempo, olha com carinho essa questão! A sua reputação e seu bom nome estão em jogo!
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Saúde de índios no Vale do Javari é gravíssima, diz Funasa
O diretor do Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Wanderley Guenka, afirmou que a situação de saúde dos povos que vivem na Terra Indígena do Vale do Javari, no Amazonas, é gravíssima. Segundo ele, a Funasa, sozinha, não é capaz de realizar as medidas necessárias para o atendimento da população.
Com os índices mais altos do País de contaminação pelo vírus do tipo B da hepatite, a região vem sofrendo ainda com uma epidemia de malária. Tanto a hepatite quanto a malária atacam diretamente o fígado, e a associação dos dois problemas tem enfraquecido a população e levado a um alto índice de mortes.
"É gravíssimo, gravíssimo", avaliou Wanderlei Guenka, em entrevista ao programa Amazônia Brasileira, da Rádio Nacional da Amazônia. "Nós não podemos ficar com medidas paliativas, foi levado isso ao presidente, nós estamos organizando uma reunião com todas as entidades, porque só a Funasa não vai dar conta de dar uma assistência de qualidade no Vale do Javari. Nós temos que reconhecer que, isoladamente, não."
"Nós estamos buscando todos os parceiros para uma solução no Vale do Javari", disse o diretor da Funasa. Como parceiros indispensáveis, ele citou a Fundação Nacional do Índio (Funai), a prefeitura de Atalaia do Norte, a Secretaria de Saúde do Amazonas, a Secretaria de Vigilância de Saúde do Ministério da Saúde e o Instituto de Medicina Tropical. "Um segundo passo, é fazer essa parceria agora, inclusive com as Forças Armadas, Marinha e Exército, no sentido de realmente fazer um trabalho de impacto no Javari, nós estamos devendo a esse povo. Nós vamos fazer esse trabalho de impacto, de investimento na parte estruturante do Vale do Javari", afirmou.
Há anos a população pede medidas urgentes para conter o avanço da presença dos vírus das hepatites nas aldeias. Entre aqueles que já foram testados os índices de contaminação são extremamente altos: mais de 80% para o tipo A e acima de 20% para o vírus B. Esse vírus proporciona a sobrevivência no organismo de outro tipo ainda mais perigoso, conhecido como delta (D). Também os resultados para o vírus D entre os testados estão muito acima da média nacional e dos números considerados aceitáveis segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Uma das grandes preocupações dos indígenas é a transmissão vertical do vírus tipo B. Eles temem que a transmissão direta de mãe para filho condene essa população ao desaparecimento. Nos últimos anos têm ocorrido mais mortes de jovens e crianças do que de pessoas idosas nas aldeias. Uma das medidas para impedir a transmissão é o exame sorológico (que detecta a presença de anticorpos), em que a população é testada para os vírus, o que até hoje não ocorreu, embora a Funasa já tenha assinado dois termos de ajustamento de conduta (TACs) com o Ministério Público comprometendo-se a concluir o inquérito sorológico em caráter de urgência. (Agência Brasil)
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
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