sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Que acordo! Fazendeiro do MS pede que índios saíam de sua fazenda


Muito apropriadamente comentou o Jorge das Neves, ex-administrador da AER Funai de Campo Grande, sobre a primeira tentativa de acordo mediada por um juiz federal de Campo Grande sobre o caso da ampliação da Terra Indígena Dois Irmãos do Buriti:

“Isso não é acordo. Você já viu uma conciliação onde você sai e eu fico?”

Pois foi assim que exigiu a proprietária para os índios saírem de sua fazenda Querência, onde estão acampados mais de 300 índios Terena há três semanas.

Esse fracasso já era esperado. Agora estamos a aguardar a chegada da desembargadora do TRF, 3ª Turma, vinda de São Paulo, para fazer nova mediação e buscar novo acordo.

Será que vai dar certo? Será que o Brasil está amadurecendo para os índios se reconciliarem com fazendeiros perante o Judiciário? Acho que não, mas vale a pena dar um crédito de confiança a esse processo.

E onde está a Funai nacional, com tanta responsabilidade que lhe cabe nessa questão? Por que o CIMI não ajuda, com todo seu poder de conciliação?


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Audiência entre Índios e fazendeira termina sem acordo


A audiência de conciliação entre os índios da etnia Terena e a proprietária da fazenda Querência São José, Lurdes Bacha, nesta tarde, na Justiça Federal, em Campo Grande, terminou sem acordo. Os índios dizem que vão permanecer na área invadida, em Sidrolândia (68 km de Campo Grande).

Na área que chegou a ficar ocupada por 400 índios, permanecem 10 famílias, todas oriundas da aldeia Buriti sede.

Segundo o chefe de Assistência ao Índio, Jorge das Neves, a proprietária da fazenda exigiu a retirada dos índios de toda a área, sem apresentar nenhuma proposta. Lurdes Bacha, de 77 anos, conta que a fazenda pertence à família dela há 60 anos e afirma que antes “a convivência com os índios era pacífica”.

“Isso não é acordo. Você já viu uma conciliação onde você sai e eu fico”, criticou o ex-administrador regional da Funai (Fundação Nacional do Índio).

O juiz federal Pedro Pereira dos Santos afirmou aos índios que eles deveriam respeitar as leis dos não-índios, “desocupar a área e resolver o problema com a Funai (Fundação Nacional do Índio)”. Em Sidrolândia, está em disputa uma área de 17 mil hectares.

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