segunda-feira, 15 de junho de 2009

Geoglifos no Acre

Em diversas partes do Brasil há marcas de presença histórica e pré-histórica dos povos indígenas, seja de pinturas rupestres em itacoatiaras, seja de terraços e canais de escoamento de água.

No alto Xingu o arqueólogo americano Mike Heckenberger descobriu fortes evidências de presença de caminhos, canais e terraços que evidenciariam a existência, a cerca de 800 a 1000 anos atrás de uma sociedade hierarquizada, em forma de cacicato, naquela região onde hoje vivem os índios Kuikuro.

No Baixo Amazonas, especialmente na Ilha de Marajó e na região de Santarém, são grandes as evidências de sociedades densamente povoadas, com terraços construidos pelo homem onde se localizariam casas, possivelmente armazéns e templos.

Eis que, no Acre, há uns gigantescos geoglifos, de formatos diferentes, estimados em mais de 1.000 anos, sobre os quais se sabe muito pouco. Quem os teria feito? Onde estão as culturas que o fizeram? Quais os seus significados? Teriam sido feitos por inspiração ou influência da região andina, ou seriam de culturas autóctones na região?


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Marcas milenares deixadas por índios no Acre podem ser vistas pela internet

Globo Amazônia, por Iberê Thenório, em São Paulo

Círculos, quadrados e octógonos gigantes feitos há pelo menos mil anos marcam o chão do Acre. Desde a década de 1970, quando foram descobertos, eles intrigam os arqueólogos, que ainda não conseguiram entender para que eram usadas essas estruturas, chamadas de geoglifos.

Foto: Governo do Acre/Divulgação

Formas geométricas desenhadas há pelo menos mil anos. (Foto: Governo do Acre/Divulgação)

Os desenhos chegam a ter 100 metros de diâmetro, e sua borda é desenhada em grandes valas, de 12 metros de largura por quatro de profundidade. Por uma ironia, só se conseguiu descobrir esses desenhos por causa do desmatamento, que “limpou” grandes áreas, deixando evidentes as formas geométricas.

Geoglifos do Acre
O que são Formas geométricas, na maior parte círculos e quadrados, desenhadas no chão.
Que tamanho têm As linhas têm cerca de 12 metros de largura e quatro de profundidade. Os desenhos chegam a ultrapassar 100 m de diâmetro.
Onde estão No Acre, entre Xapuri e Boca do Acre.
Quantos são Até hoje, já foram descobertos cerca de 200, mas estima-se que haja dez vezes mais que isso.
Que idade têm Pelo menos 1000 anos.
Para que serviam Ainda não se sabe. Cientistas imaginam que eles poderiam servir para abrigar aldeias, plantações ou centros cerimoniais


Quando o primeiro geoglifo foi descoberto, não se sabia que as valas formavam um desenho, e que havia tantos ali. Hoje, com a ajuda de aviões e imagens de satélite, já foram identificados cerca de 200. “Acho que já descobrimos em torno de 10%”, estima o cientista Alceu Ranzi, integrante da equipe que descobriu os geoglifos.

Com a chegada dos mapas virtuais, que utilizam imagens de satélite em alta resolução, os desenhos ficaram evidentes, e até os próprios cientistas puderam encontrar mais estruturas desse tipo. Veja, abaixo, alguns exemplos de como os desenhos milenares se espalham pelo chão do Acre

Segundo Ranzi, ainda se sabe pouco sobre os geoglifos. Apenas um deles teve a idade investigada cientificamente, e descobriu-se que o desenho tinha 1250 anos. “Eles podem ser aldeias, plantações, centros cerimoniais...”, conjectura o cientista.

Uma das poucas certezas dos arqueólogos é que o povo construtor dessas estruturas tinha força de trabalho e tecnologia para fazer grandes obras, além de dominar as formas geométricas. “Nos geoglifos, há figuras compostas. Quando há um quadrado dentro de um círculo, ele é equidistante das paredes. Será que o conhecimento explode em regiões diferentes do mundo? Lá na Grécia e na Amazônia?”, questiona o pesquisador.

Turismo

A maior parte dos geoglifos descobertos está espalhada por pastos e plantações particulares. Segundo Ranzi, o Ministério Público do Acre está preparando uma resolução para que os agropecuaristas ajudem a proteger os desenhos, evitando criar gado ou passar tratores por cima das valas.

Foto: Governo do Acre/Divulgação

Muitos geoglifos são cortados por estradas. (Foto: Governo do Acre/Divulgação)

Para valorizar essas estruturas e estimular o turismo cultual, Ranzi sugere que sejam construídas algumas torres de observação na beira das estradas, onde as pessos pudessem subir e ver os desenhos de cima. “Há vários geoglifos que estão na beira do asfalto. Alguns são cortados bem no meio por estradas”, conta

Um comentário:

guilherme carrano disse...

Em Barra do Garças-MT, região do Médio-Araguaia, o prédio da prefeitura foi construido em cima de um sitio arqueológico e nenhuma pesquisa foi realizada sobre os objetos encontrados, com todos os esforços do CELVA- Centro Étno Ecológico Vale do Araguaia para que fosse feita.
Os estudos e pesquisas sobre arqueologia ainda são incipientes no Brasil e importantíssimos para conhecimento de nosso passado (povoamento da América do Sul), muito ainda há por se fazer.

Há autoctonismo até qual ponto da história do projeto de vida ?

A biologia tem avançado em seus estudos sobre a origem da vida,
com os avanços da paleontologia, da geobiologia e da astrobiologia.

 
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