terça-feira, 7 de setembro de 2010

A ciência do próximo: honra e glória a Rondon


A ciência do próximo

Movido pelos ideais do movimento positivista, Rondon fez de sua vida uma luta pela aceitação dos índios como legítimos brasileiros.

Por Mércio P. Gomes
Foto de Luiz Thomaz Reis/Acervo Museu do Índio
A ciência do próximo
Os parecis estão entre os primeiros povos pacificados no interior do Mato Grosso, antes mesmo da chegada de Rondon (acima, o sertanista distribui brindes aos índios, em 1913). Eles tornaram-se aliados do marechal, colaborando no contato com outras tribos e assumindo o controle de postos telegráficos
Era um dia quente de verão no Rio de Janeiro, em janeiro de 1958, quando Rondon estava às portas da morte, e a família mandou chamar Darcy Ribeiro. O antropólogo fora seu jovem e brilhante escudeiro durante nove anos, de 1947 a 1956, no Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Juntos haviam concebido e construído o Museu do Índio e elaborado o projeto do Parque Indígena do Xingu, o qual transformou o indigenismo brasileiro - a partir daí, o Estado passou a reconhecer terras que eram alocadas aos índios como "territórios tribais". Com Darcy segurando suas mãos, Rondon rezou o credo do positivismo ortodoxo que aprendera, e ao qual fora fiel desde 1898: "[...] Creio[...] que, ao lado das forças egoístas, existem no coração do homem tesouros de amor que a vida em sociedade sublimará cada vez mais. Creio[...] que a missão dos intelectuais é, sobretudo, o preparo das massas humanas desfavorecidas, para que se elevem, para que se possam incorporar à Sociedade. Creio[...] que, sendo incompatíveis às vezes os interesses da Ordem com os do Progresso, cumpre tudo ser resolvido à luz do Amor [...]".

Cândido Mariano da Silva Rondon, nascido em Mimoso, ao sul de Cuiabá, descendente dos índios terena e bororo, não convivera com eles em sua infância nem na juventude. Provavelmente o fato de ter tido avós ou bisavós indígenas não teria sido razão de orgulho naqueles tempos e lugares. Na verdade, não havia motivos, digamos, emocionais para Rondon ser o defensor tão excepcional dos índios brasileiros. Aos 6 anos, já morava em Cuiabá e, aos 15, estava no Rio de Janeiro como aluno da Escola Militar. Foi aí que encontrou sentido em sua vida ao abraçar o positivismo como base filosófica e como princípio de fé. Pois a doutrina do positivismo religioso, criado por Auguste Comte no século 19 e instituída no Brasil pouco antes da proclamação da República, exortava como sua máxima virtude "Viver para outrem!", como um mandamento supremo da religião da humanidade.

No Brasil, a República aconteceu sem revolução, sem ao menos participação vívida da população. Entretanto, para aqueles que lutaram por ela ao longo de duas décadas, que nela projetaram a redenção do povo brasileiro, a República veio carregada de esperanças, de promessas de virtude, de compromissos transcendentais. Para os positivistas, ela chegou por razão histórica, pelo princípio da ordem das coisas.

Na Assembleia Constituinte de 1890-91, os positivistas apresentaram uma proposta inovadora para o federalismo brasileiro, pelo qual as terras indígenas seriam reconhecidas como "Estados autóctones americanos", diferentes dos "estados ocidentais", as províncias tradicionais do ex-Império do Brasil. A proposta dizia que as áreas autóctones teriam fronteiras reconhecidas, e por elas só se poderia passar com licença dos próprios índios. Seriam nações autônomas.

Assim, quando organizou o Serviço de Proteção aos Índios, em 1910, Rondon não somente tinha base filosófica do que deveria fazer como já havia experimentado e aplicado esses ensinamentos em sua lida com povos indígenas sem relacionamento com a sociedade. Desde 1890, Rondon passara a viver praticamente nos sertões do Mato Grosso (que, naquele tempo, compreendia os atuais estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia) espichando fios de telégrafo e abrindo estradas de rodagem, cumprindo a tarefa estratégica de integrar o Brasil. Acompanhado de estudiosos, o sertanista abriu à ciência um campo desconhecido de pesquisas e descobertas, mapeou rios e relevos, refez os traços das fronteiras geopolíticas.

Quando atacado por um grupo de nhambiquaras, Rondon proibiu que seus soldados revidassem ao ataque e os fez recuar, cumprindo a sina de "morrer se preciso for, matar nunca". Essa máxima virou o dístico do SPI e o cálice simbólico do indigenismo brasileiro ao longo dos anos. Muitos morreram nas mãos dos índios como se fossem mártires da humanidade.

Rondon conviveu com diversos povos indígenas, entre eles os bororos, terenas, cadiuéus, parecis, nhambiquaras, umutinas, no velho Mato Grosso, mas também com povos do Amapá, do Pará, do Amazonas e de Roraima. Viveu quatro anos em Letícia, na Colômbia, pacificando grave disputa territorial entre esse país e o Peru. Depois, a partir de 1938, renovou o SPI para consolidar sua obra indigenista. Chegou a ser indicado duas vezes para o Prêmio Nobel da Paz, uma delas por carta de Albert Einstein quando o cientista estivera no Brasil. Nenhum outro brasileiro teve vida tão intensa na labuta, tão dedicada a causas e tão fecunda nas realizações. Seus feitos são extraordinários, e se hoje não parecem visíveis é porque estão incorporados à ordem das coisas.

13 comentários:

Anônimo disse...

caros leitores,
Lembrando que esses R$ 17.000,00 apenas usado para final de exercício, vamos somá-los aos já gastos de janeiro a agosto, com passagens aéreas, diárias, locação de carros, pagamentos de outros encontros, passagens terrestres para a participação dos poucos índios convidados para explanar sobre a reestruturação. Deslocamentos desnecessários de Coordenadores a BSB e entre Regionais. Deu pra fazer uma média de gastos? Não? Então vamos acrescentar outros gastos: Abandono dos prédios próprios das antigas Administrações e postos indígenas para locações de novos espaços para as novas coordenações. Somou? Não? Acrescente isso, com toda certeza as novas compras de Móveis e etc., para estruturar as novas CTR e CTL. Perdeu-se nos gastos, não foi? Nem eu consigo imaginar as cifras desperdiçadas. O Governo LULA faz tanta propaganda junto ao MDS sobre liberação de Cestas básicas e a própria FUNAI, porém vejam quantos recursos foram destinados de cestas para algumas regiões em detrimentos de outras. Onde estão as cestas do Fome Zero? Esse gasto é para encobrir as desnecessárias viagens e eventos. Vamos salientar que esses gastos de nada foram aplicados em terras indígenas. Já pensaram quantos projetos produtivos e sustentáveis foram deixados de lados em prol das famosas viagens de trabalho? Enquanto isso, os índios continuam protestando e cada dia ficando mais insatisfeito com o nada faz da FUNAI para com os índios. Será que foi isso que a CNPI queria? Foi para isso que a CNPI deu total apoio? Esses seminários não deveriam ser para servidores e sim para índios. Na realidade nem deveria existir, pois deveria ter sido antes da publicação do Decreto. Fazem 09 meses de inatividade e improdutividade do que foi um dia FUNAI. Servidores que tanto protestaram contra esses gestores, têm a oportunidade de demonstrar isso nessas eleições e, no entanto estão tão perdidos que acha que votando na terceira colocada nas pesquisas é uma oposição a candidata do governo. Lendo engano caros colegas, votar na 3ª colocada é votar diretamente no governo, pois a 3ª colocada não tem possibilidade de levar essa eleição para um 2 turno apenas com os votos da FUNAI. O que ainda tem possibilidade ainda é o 2ª colocado, seguindo a regra e a lógica. Esqueçamos a ideologia e vamos à lógica e na prova concreta de insatisfação, se queremos tirar esses que aí estão usando de um raciocínio lógico, deveríamos votar no 2º colocado e tentar um segundo turno. Da forma como estão raciocinando, com certeza não verá. O Governo ganhará de primeira. E isso significa que estamos de acordo e que ela ganhou com o nosso aval e com a nossa subserviência. Criticamos, e ainda o fazemos, vamos mostrar o poder de nossa força e do nosso voto. Vamos mostrar que não nos entregamos. Já que não temos coragem de brigar de outra forma ou seja de forma concreta, objetiva e civilizada junto com os índios. E se queremos mudança, a hora é essa ou então amargue por mais alguns anos, sofrendo os reveses dessa gestão. Exerça com maestria o seu direito de cidadão, mostre que quer realmente uma mudança e que realmente estão brigando. Usem a sabedoria. Sejamos inteligentes, não adianta criticar, falar, espernear, quando na hora de ter o poder nas mãos não sabem o que fazer. E com isso a candidata do governo pode ganhar no 1º turno, aí amigos votamos no continuísmo e principalmente nessa gestão que tantos criticam e não saem do lugar. Criticar só não adianta, vamos mostrar que estamos juntos com os índios que ainda acreditam na luta e tiveram coragem de fazê-lo abertamente. Sejamos coerentes. Quanto ao Raide, tenho a informar que: Quantos tratores e sementes dariam para minimizar a situação das terras indígenas com esse recurso. E se realmente o Decreto foi tão benéfico assim não precisaria fazer tantos seminários de alienação com servidores e índios. Ninguém é doido que não se receba de braços abertos algo bom. Acredito que até a CNPI não imaginava tantos desmandos quando apoio tudo isso. Não acredito que índios da CNPI fiquem coniventes com os descasos para com os irmãos. Capivara Ariem.

Anônimo disse...

A historia acerca Rondon e formidavel. Enviarei para a gente na Universidade de Leipzig na Alemanha, que publicam o "Quetzal Leipzig" com noticias acerca America Latina. Parabens pelo 7. de Set.! Jan Z. Volens (EUA)

Anônimo disse...

Comentários que a direção da Funai ordenou e enviou cerca ou até mais de R$ 1.000.000,00 hum milhão de reais em cestas básicas para os xavantes.
E que o CTI é quem está manobrando tudo com vista a atender as hidroelétricas que estão projetadas para a região.
È o fim do paternalismo ainda bem que o Ministério Público está cuidando disso também.

Anônimo disse...

Estamos rindo a toa, que nem dizer que esta gastando 17 milhoes. rsrsrsrsrsr

Anônimo disse...

Eh manu veiu o pessoal da Coordenação de Barra já estao malucos, o TCU. CGU e DPF ja querem saber das diversas licitaçao de generos alimenticios para aliciar Xavante, o bichu vai pegar

C. Preto

Anônimo disse...

A Funai este ano só homenageou Rondon bem de "levinho", através do Museu do Índio do Rio de Janeiro, que depois da reestruturação ficou consolidado como Museu do Antropólogo.

Anônimo disse...

O que a Regina anda comentando nos corredores a respeito?
Já que a mesma é sempre verdadeira e afirma que todos devem ser punidos em seus despachos elaborados nos processos por ela analisados, sempre perseguindo fracos e do lado dos fortes, cansei de ver sua voz esbravejar veneno.

Anônimo disse...

essa semana começa o turismo para explicar o inesplicavel, tenho pena da Hildinha, por se meter em mais uma cilada para justificar depois. Hildinha, toma juizo.
BJS e te adoro.

Ofé disse...

TUDO É GRANA AMIGOS, GRANA MUITA GRANA, ONGS AMAPÁ, SÃO PAULO, E MATO GROSSO DO SUL, MUITA GRANA
COM A ALEGRIA DO FIM DA TUTELA, hiPocritamente,
INICIO DA MINERAÇÃO EM TERRA INDIGENA
E DEMAIS AQUISIÇÕES DE BENEFÍCIOS CONSULTORIAIS SOBRE INDIGENAS

SE OS ÍNDIOS SE VALEREM DE RESPEITO
NÃO VÃO ACEITAR NENHUMA DESSA ONGS,
nem mesmo a sacana da coiabi

raide xatante disse...

caros postantes copiem e colem o link abaixo e vejam o absurdo que madeireiros cometem em desfavor dos indigenas em mato grosso

http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2010/09/corte-de-madeira-em-terras-indigenas-comecou-com-o-descobrimento.html

Essa história de explorar madeira ilegal no Brasil começou no descobrimento. Depois da chegada de Cabral, ali mesmo, no saliente nordestino, onde é o Rio Grande do Norte, se fez a primeira joint-venture da nova terra: portugueses e holandeses. Para que? Para explorar madeira. E os índios da nação potiguar ficaram só olhando.

Desde então não parou. Hoje restam alguns testemunhos da Mata Atlântica e apenas isso. E nós fomos entrando. Entradas e bandeiras. Eu era menino e lia em O Cruzeiro as histórias dos contatos com os índios no então indomado Brasil Central. Hoje o Brasil Central está coberto de lavouras e criações de gado.

Agora é a vez da Amazônia. E só muda a forma de convivência entre brancos e índios. A natureza da convivência é a mesma. O índio sai perdendo. Alguns tentam ganhar e prejudicam os outros. O repórter Jonas Campos nos contou a história de uma indiazinha Cinta Larga que o irmão obrigou a conviver com um madereiro. Ela com 13 anos. O madereiro deu para família fogão, roupas, artigos de maquiagem... quinquilharias. Ela engravidou e lamenta agora que não pode mais ir à escola que ela queria frequantar.

A ideia de manter o índio numa redoma é derrubada pelo próprio índio, que precisa conviver com a internet, a parabólica, o equipamento moderno de trabalho, precisa ter escola e saúde pública para poder se defender. Defender dos que querem as suas árvores e as suas irmãs.

raide xatante

Anônimo disse...

ATENÇÃO LEIA ESTA, ENFIM PARECE QUE OS POTIGUARAS SE TOCARAM DO MAL QUE ESTA DIREÇÃO ESTÁ FAZENDO AOS MESMOS.
Representantes da Funai são tomados como reféns em aldeia da Baía da Traíção; órgão não confirma

Terça, 14 de Setembro de 2010 11h49
Por Juliana Bandeira, da redação do JORNALONORTE.COM.BR

Sete representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), oriundos de Brasília, foram supostamente tomados como reféns, na manhã desta terça-dfeira, dia 14, em uma das aldeias da tribo Potiguara, na Baía da Traição.

De acordo com o Capitão Potiguara, cacique da tribo, os três coordenadores e os quatro técnicos do órgão nacional foram apresentar um seminário sobre meio-ambiente e logo que foram recebidos foram avisados de que não poderiam mais deixar a tribo. "A liberação só vai acontecer depois que o presidente da República vier até aqui para conversar com a gente e ouvir nossas reivindicações".

A reportagem entrou em contato com a Funai, em Brasília, mas o órgão, que já está a par do suposto cárcere privado, não confirmou se a ocorrência é verídica. "Nossos assessores já estão tentando entrar em contato com os servidores. Estamos tentando confirmar a informação", explicaram. Quanto ao fato de técnicos terem sido enviados ao estado da Paraíba, a assessoria do órgão também não pode confirmar a informação.

O Capitão Potiguara informou ainda que os sete funcionários da Funai estão detidos no interior do colégio da aldeia. A reportagem do O Norte Online tentou falar com um dos reféns, através do telefone do cacique, mas o chefe da tribo não permitiu o contato.

Anônimo disse...

NÃO ACREDITO NESSES ÍNDIOS POTIGUARAS. APOSTO QUE MAIS UMA VEZ ELES VÃO SE VENDER, POIS A UNICA COISA QUE SABEM FAZER É ISSO. SÃO UNS BANANAS, ISSO SIM. COM CERTEZA NÃO SABEM NEM O QUE QUEREM. APOSTEM E VERÃO QUE ESTOU CERTO.

Anônimo disse...

Os Potiguara estragaram a “praia” dos Coordenadores Gerais da CGGAM, CGETNO e CGPTI. A “Funaitur” continua esbanjando milhares de reais para a farra dos coordenadores. Uma delas é a que ganhou apartamento em Brasília, mesmo residindo na cidade. Não há limites para ao desperdício, para a sacanagem escancarada !!!!

Mas, reclamar pra quem? O TCU, a CGU colocam panos quentes na Funai....(não sei em troca de que)

 
Share