Brasília,
11 de julho de 2010
As
Mulheres Indígenas do Acampamento Indígena Revolucionário (AIR)
As
Mulheres Indígenas do Foro de Organizações
Feministas
Latino-americanas y Caribenhas
As
Mulheres Indígenas do Conselho Nacional de Mulheres Indígenas
Vêm
a publico manifestar o seu repúdio a truculenta ação ocorrida na manhã do
dia 10 de julho de 2010, quando uma violenta, irregular,
arbitrária, ilegal e etnocida operação policial a mando do GDF, contando
com forças do BOPE, Força Nacional, Policia Federal, Policial Civil, Batalhão
de Choque Rotam, PM do DF e Cavalaria da PM do DF, cumprindo solicitação
da AGU (Advocacia Geral da União) e da Fundação Nacional do Índio (Funai),
atacou o Acampamento Indígena Revolucionário – instalado na Esplanada
dos Ministérios, em protesto pacifico contra o decreto 705609, que
extingue Postos Indígenas e Direitos adquiridos, e pedindo exoneração do
presidente da Funai, Marcio Meira – no amanhecer, enquanto homens,
mulheres, idosos e crianças ainda dormiam.
Sem
mandado judicial, a operação deixou inúmeros feridos, incluindo duas crianças
de 2 e 4 anos, que foram removidas para os hospitais HMIB e HRAN – por
conta dos efeitos do gás pimenta. Uma menina de 12 anos foi brutal
e covardemente atingida com um jato de gás pimenta no rosto por um oficial
do BOPE (o que ficou gravado no celular). Uma militante agredida
pelos policiais, grávida de 3 meses, abortou. Uma mãe de família foi
arrastada pelas pernas para fora de sua barraca e agredida verbal e
fisicamente.
A
operação policial destruiu as barracas e recolheu roupas, panelas
e comidas dos acampados – o que pode ser caracterizado como FURTO - no
intento de dificultar a vida dos manifestantes e forçar sua saída da
Esplanada dos Ministérios, pleito do Palácio da Justiça ha mais de seis
meses.
Apoiadores
ficaram detidos sem acusação, sendo que um desses, gravemente adoentado e
precisando tomar antibióticos, teve o seu direito a atendimento médico
negado pelo delegado da 5ª DP. Os responsáveis pela divulgação midiática
do Acampamento Indígena Revolucionário (AIR), gravando, fotografando e
divulgando os eventos, foram os primeiros a ser algemados e detidos, só sendo
liberados apos o termino da operação policial – sendo que um desses
recebeu sua câmera de volta danificada e sem a fita com o registros das violências
que comprometem as corporações policiais envolvidas.
Pelo
que foi ouvido de um oficial do BOPE, havia a determinação expressa de que
não se filmasse nada. Militantes ficaram detidos sem acusação
formal, apoiadores foram ameaçados.
O
Governo ilegítimo do DF age como um Estado Policial a serviço do Ministério
da Justiça e do Gabinete Pessoal do Presidente Lula, que forçam uma queda
de braço com as populações indígenas brasileiras ao se recusar a discutir
o fim do decreto e a exoneração de Marcio Meira.
A
indígena vitimada por um aborto, provocado pela brutalidade policial, teve
a sua condição de gestante negada pelo médico do Hospital de Base
por conta da pressão da servidora Joana, da FUNAI – apesar dela contar
com exames pré-natais que comprovam a gravidez, o médico se recusou a
assinar o laudo. O Instituto Médico Legal encenou uma farsa, com a perícia
não fotografando nem relatando os hematomas e demais lesões de um
rapaz Tupinambá, ferido e torturado em sua passagem pela 5ª DP, quando –
com pés e mãos algemadas – recebeu golpes de cassetete e jatos de spray de
pimenta no rosto, a pedido do ouvidor da FUNAI e membro do CNPI (Conselho
Nacional de Política Indigenista), Paulo Pankararu, e seu subalterno,
Ildert.
O
subalterno da FUNAI, usando óculos escuros, boné e casaco, como se
fosse um ladrão que quisesse se esconder, assessorava a sanha etnocida
dos policiais na 5ª DP, afirmando que as bordunas recolhidas – que são um traço e
diferenciação cultural das etnias acampadas - eram porretes comuns
(armas brancas), afim de caracterizar uma suposta propensão a violência
dos membros do Acampamento Indígena Revolucionário, negando a condição de indígenas
aos manifestantes, fotografando apoiadores do AIR que entravam na
delegacia como forma de intimidar e confraternizando alegremente com os
torturadores.
O
ouvidor da FUNAI, ao invés de ouvir as reivindicações dos indígenas –
ou ao menos as queixas dos manifestantes nativos, que foram algemados e
feridos – se limitava a cruzar os braços e rir com seu subalterno.
Hoje,
dia 11 de julho de 2010, está no ar uma nota oficial da FUNAI que nega aos
manifestantes do Acampamento Indígena Revolucionário a condição de indígenas,
dizendo que não pertencem a qualquer etnia nativa, apesar dos militantes
do AIR, em sua grande maioria aldeados, possuírem língua, crenças, cultura
e genealogia originárias – além do reconhecimento expresso do órgão, na
forma de carteira de identidade emitida pela Fundação Nacional do Índio.
Nós,
Mulheres Indígenas do Acampamento Indígena Revolucionário, exigimos
do Governo do DF e do Governo Federal a imediata devolução dos
pertences apreendidos e total assistência ao feridos na ação policial do
dia 10 de julho de 2010. Nós exigimos uma ação responsável por parte do
Governo Federal, representados por FUNAI e Ministério da Justiça, no
sentido de dar uma atenção especial as reivindicações do AIR, expressas na
Carta Aberta ao Povo Brasileiro e nos 11 Pontos do Acampamento Indígena Revolucionário,
além das exigências particulares de cada uma das mais de 20 etnias
representadas no Acampamento Indígena Revolucionário (AIR) há sete meses.
Nós,
Mulheres Indígenas do Acampamento Indígena Revolucionário, exigimos o fim
da violência – física, moral e institucional - contra nossos Povos, tanto
na Esplanada dos Ministérios quanto nas mais diversas Terras Indígenas (Tis)
do Brasil.
6 comentários:
Esse é o Governo Democrático e Popular !!!
O pior de tudo é que na Funai de Brasília prevalece a Lei do silêncio e a nova Lei dos DAS (corrompidos pelo $$)...quem fala perde a função !!!!!
Portanto, Márcio Meira e a equipe paraense tem 100% de aprovação !!!!!
Só elogios ....
Até o Ministério Público Federal acha ótima a atual gestão atual da Funai !!!!!
Como lutar contra uma força totalitária dessas??????
Para quem não sabe,
O presidente Márcio Meira colocou os móveis de Rondon (aqueles mesmos que estavam no museu) no seu gabinete para seu uso pessoal.
O que será que se passa numa mente monstruosa dessas???
Seria bom que o espirito de Rondon baixasse lá no gabinete para dar uns conselhos ao Marcio Meira. Acho que só vindo algum indigenista do outro mundo para abrir a cabeça dura do presidente.
O próprio Rondon é que está dando os conselhos e orientando o Márcio a limpar a podridão de dentro da Funai.
O próprio Rondon é que está dando os conselhos e orientando o Márcio a limpar a podridão de dentro da Funai.
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