Os índios reunidos no Acampamento Terra Livre tiveram uma forte discussão na presença do ministro Tarso Genro nesta terça-feira. Fizeram discursos contundentes e exigiram que suas demandas por terras fossem reconhecidas e realizadas até o fim do mandato do presidente Lula.
Mas, pelo andar da carruagem, isto não será feito. Aliás, apesar da aparente boa vontade do ministro Tarso Genro, até agora nenhuma terra indígena foi demarcada como iniciativa sua ou da atual gestão da Funai. Todas as portarias de demarcação dos estados de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia estão sub judice, barradas em tribunais federais pelo Brasil afora. O próprio ministro Genro reconheceu esse fato e deu como desculpa pela não demarcação de terras indígenas em sua gestão.
Mas, todos sabemos o que vem acontecendo nos últimos dois anos. Movido por um desejo fervoroso de demarcar terras indígenas como se fosse um ato de pentear os cabelos, o ministro lançou uma série de portarias de uma só vez e elas terminaram levantando o maior sentimento anti-indígena do Brasil nos últimos cem anos. Iludido pela vontade, sem capacidade estratégica, o Ministério da Justiça e a Funai estão de mãos atadas.
Todas as portarias estão paradas. Os GTs, de que a atual gestão da Funai tanto se orgulha de ter criado, estão parados por inatividade forçada ou voluntária. Alguns nem antropólogos têm. Nada sai dali, só promessas vãs e planejamentos sem sentido.
Os índios também fizeram discursos fortes contra a iniciativa do CIMI e das Ongs e da atual gestão da Funai de mudar o Estatuto do Índio. Sabem que o perigo dessa mudança é muito grande e que não se pode confiar nas atitudes intempestivas e vaidosas desse pessoal. Aliás, nos sites do CIMI e do ISA a ideia é de que os índios estão consensuando a aceitação dessa proposta, quando é exatamente o contrário que está acontecendo no Acampamento.
Os índios do Acampamento Terra Livre, especialmente os Xavante e os do Centro-Oeste em geral, estão furiosos com toda a pasmaceira da atualidade, com os erros cometidos, com o desleixo obsequioso da Funai para com eles. Os Terena não suportam mais a promessa de demarcação de suas terras e o seu não cumprimento efetivo.
Haja paciência aos índios, que declararam terem-na perdido.
____________________________________________
Índios exigem demarcação de reservas até o fim do mandato de Lula
Agência Brasil
“Acabou a paciência, o momento é este”. Assim resumiu Ramon Terena, liderança indígena de Mato Grosso do Sul, quanto a expectativa de que o governo cumpra os processo demarcatórios de terra indígenas em diversas regiões do país.
Ramon Terena falou diretamente para o ministro da Justiça, Tarso Genro, e para o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira. Os dois estiveram presentes no Acampamento Terra Livre, montado na Esplanada dos Ministérios, com a participação de 113 etnias indígenas.
Além, da demarcação, os índios mostraram-se preocupados com a criação do novo estatuto dos povos indígenas e com impactos das obras do PAC sobre as reservas . “Esse processo de desenvolvimento favorece os empresários. Ficamos só com os impactos”, disse Sônia Boni, liderança Guajajara do Maranhão.
Após a fala de cerca de dez lideranças indígenas, o ministro da Justiça garantiu que dará continuidade à publicação das portarias declaratórias, que inicia o processo de demarcação. Seguindo Genro, já foram feitas 29 portarias para a demarcação de terras indígenas e há grupos de trabalho fazendo estudo para novas demarcações. “Nós vamos continuar fazendo demarcações”, disse.
O ministro da Justiça admitiu que existe um “processo de resistência dos tribunais” contra as demarcações. Tarso Genro também garantiu às lideranças indígenas que caso haja “qualquer equívoco na Polícia Federal [no tratamento de conflitos envolvendo povos indígenas] é um desvio de conduta. Não é uma determinação”, afirmou.
As lideranças indígenas entregaram ao ministro da Justiça, Tarso Genro, uma carta com uma série de reivindicações, entre elas, à do cumprimento do prazo das demarcações de terras em Mato Grosso do Sul
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Lá não tem nióbio, ouro e quetais, pra que demarcar?
Postar um comentário