terça-feira, 4 de junho de 2013

Por que o SPI foi extinto e como se desenvolveu a FUNAI

Nesses tempos de liminaridade, de confusão sobre a questão indígena brasileira, com a Funai sendo criticada pelo poder econômico, desprezada há tantos anos pelas ONGs, e relegada pelo governo federal a minguar, vale a pena ler trechos do meu livro O ÍNDIO NA HISTÓRIA: A Saga do povo Tenetehara em busca da Liberdade, publicado em 2002 pela Editora Vozes.

Nesses trechos, correspondentes ao final do Capítulo VIII e começo do Capítulo IX, procuro fazer um balanço da ação do SPI e seus resultados em relação ao povo Tenetehara (Guajajara do Maranhão e Tembé do Pará), bem como das razões de sua extinção e substituição pela Funai.

Procuro ser objetivo, baseado no que pesquisei da realidade histórica, através de materiais de arquivos, entrevista com velhos indigenistas e chefes de posto, e acima de todos com os índios Tenetehara.

Ao longo do livro, de mais de 600 páginas, relato a história desse povo indígena desde seu primeiro contato com os franceses que fundaram a cidade de São Luis, do Maranhão, em 1612, e de todos os períodos históricos pelos quais passaram os Tenetehara.

Em alguns trechos há críticas fortes, em outros uma aquilatamento dos resultados, em outros mais uma visão positiva do papel do Estado em relação a esse povo indígena e à questão indígena brasileira em geral.

Pode servir, nesse momento, de base histórica e analítica para a reflexão do momento atual. E para uma possível e necessária transformação do órgão indigenista.

Boa leitura a todos
_______________


SPI: uma avaliação parcial
O Serviço de Proteção aos Índios foi extinto em 5 de dezembro de 1967 e substituído pela Fundação Nacional do índio através do decreto‑lei 6.001. Nos prévios três anos havia estourado uma série de escândalos em que supostamente alguns dos seus servidores foram considerados até como assassinos, ou cúmplices de assassinatos, de índios; outros foram considerados corruptos, venais e despreparados. O escândalo maior foi a descoberta pela imprensa de um massacre de uma aldeia inteira de índios Cintas‑Largas, em Mato Grosso, na altura do paralelo 11, entre cujos assassinos, a mando de um grande especulador de terras, estava um ex‑funcionário do SPI. Um procurador da república, Jardes Figueiredo, abriu um inquérito, que teve larga repercussão na imprensa, no qual, ao final, ninguém parecia ter ficado sem nódoas. Até o trabalho de pessoas como Noel Nutels, o sanitarista que criara o serviço de combate à tuberculose, e último diretor do SPI no governo João Goulart, os sertanistas Francisco Meirelles, pacificador dos Xavante, e os irmãos Villas Boas, diretores do Parque Nacional do Xingu, de alguma forma foi posto em questão. Com certeza uma ala do regime militar da época queria dar um fim ao órgão indigenista, na expectativa de dar fim também aos índios[i]. Integrar os índios à sociedade nacional, através do trabalho, da educação e da aculturação, era um mote que estava presente em parte da elite política brasileira, e uma linha de militares queria ver isto cumprido. A imagem que se queria projetar de um Brasil grande e em desenvolvimento, com espírito moderno, também não parecia se coadunar com o jeitão do velho SPI. Foi nesse espírito, e sob um fundo de combate à imoralidade e a incúria, que o SPI foi extinto para surgir a FUNAI.

Encarando objetivamente a história do SPI, não podemos fugir à obrigação de pesar os prós e os contras dos seus 57 anos de atividades. Desde a sua extinção, muitos antropólogos já fizeram tais avaliações, quase todas reprobatórias. Afinal, nesse período, muitas etnias foram extintas e quase todos os povos sobreviventes perderam grandes contingentes populacionais. Poucos tiveram suas terras demarcadas e garantidas, e pouquíssimos adquiriram os meios econômicos e educacionais para fortalecer suas culturas e suas conceituações perante a sociedade brasileira. Do lado positivo, pode‑se dizer que foi o SPI que estabeleceu uma visão humanística e uma atitude prática de dedicação e auto‑sacrifício poucas vezes vistas em associações de caráter estatal e laico. Foi o SPI que projetou o índio à categoria de brasileiro ante quod altre e forneceu os argumentos para a sua inserção especial nas constituições brasileiras desde 1934. Por fim, pode‑se dizer que foi na última década de sua existência que a maioria das etnias indígenas brasileiras, tendo descido aos seus nadires populacionais, começaram, imperceptivelmente, a crescer, revertendo a tendência de 450 anos de declínio demográfico, que parecia a todos inexorável[ii].
            
Em relação aos Tenetehara, espero que a análise descritiva ora apresentada possa nos ajudar a aquilatar o grau de relevância da atuação do SPI. No baixo e médio rio Grajaú, o resultado é absolutamente negativo, pois os índios ficaram à mercê dos fazendeiros e coronéis locais e, apesar de sua resistência até a década de 1960, perderam suas terras. No alto e médio Pindaré e em todo o Gurupi, sua ação foi deficiente ao ponto de abandono, pois os índios sofreram baixas de quase 90% de suas populações e seus territórios teriam sido perdidos não fosse por eventos inesperadas, como a chegada de imigrantes Tenetehara vindos do baixo Grajaú, e a atuação da FUNAI. Nas demais áreas, porém, por circunstâncias favoráveis do relacionamento interétnico, o SPI foi capaz de solidarizar‑se, talvez apesar de suas intenções assimiladoras, com o propósito dos Tenetehara de manter sua identidade étnica, e ensejar condições que ajudaram à sobrevivência desse povo, inclusive com a pré‑garantia da posse das suas terras. Porém, no balanço final, não restam dúvidas de que o mérito dessa sobrevivência deve ficar com os próprios Tenetehara, que não concebiam outra opção honrosa senão lutar para serem eles mesmos. Nesse sentido, a ação positiva do SPI foi obra das circunstâncias históricas por que passou o Brasil, em que o Estado e parte da sociedade foi ganhando uma compreensão mais progressista da realidade indígena, compreensão esta que em alguns casos foi realizada positivamente. No mais, o que vinha acontecendo era o surgimento dos índios como fautores de um novo destino que eles começavam a traçar para si próprios.



[i]. Durante a história do SPI houve diversas ocasiões em que o órgão indigenista foi posto em questão e ameaçado de extinção. Por exemplo, no relatório anual de 1954 consta um artigo de Darcy Ribeiro em que rebate um anteprojeto de lei de um deputado que propunha a extinção do órgão indigenista e sua substituição por missões religiosas.
[ii]. Ver o capítulo final de meu livro Os índios e o Brasil, para uma explicação mais detalhada sobre o crescimento populacional das etnias indígenas brasileiras.


Capítulo IX
A FUNAI e os Tenetehara

Razões de ser
A Fundação Nacional do Índio ‑ FUNAI ‑ surgiu da vontade do regime militar de criar suas próprias instituições e descartar aquelas que lembrassem de algo que ele era contra[i]. Nos três anos após o golpe de 1º de abril de 1964, a desmoralização do SPI crescera e se difundira na mídia, e sua filosofia indigenista parecia ao novo regime muito condescendente, assistencialista e sem prumo. A geração dos companheiros de Rondon e seus discípulos imediatos não existia mais, e a dos antropólogos, indigenistas e sertanistas que havia participado e contribuído para a reorganização do órgão no pós‑guerra fora deslocada ou estava sendo acusada de subversão política ou malversação de fundos, tendo alguns se exilado, e não se fazia renovação dos quadros. Francisco Meireles, o pacificador dos Xavante, de inclinações esquerdistas, foi processado e preso, enquanto os irmãos Villas Boas, assentados no Parque Nacional do Xingu, se aquietaram por lá, um pouco sob a cobertura da Força Aérea Brasileira, que há anos mantinha um serviço aéreo que dependia do campo de pouso do Parque. O último diretor do SPI do governo João Goulart, o médico sanitarista Noel Nutels, foi exonerado do cargo, processado diversas vezes e aposentado.

Durante o ano de 1964 o SPI ficou desorientado, estando à sua frente um burocrata do ministério da Agricultura, Aristides Procópio de Assis. Uma de suas medidas imediatas, naturalmente, foi a substituição de grande parte dos inspetores regionais por militares ou por gente ligada ao movimento golpista. Em 1965 foi nomeado o tenente-coronel Luiz Vinhas Neves, que ficou até abril de 1966, quando foi substituído pelo major-aviador Hamilton de Oliveira Castro. Este se fez conhecido pela idéia de doar as terras dos Canela para o INCRA, achando que podia deixá-los a viver permanentemente entre os Tenetehara[ii]. Nesse período que vai até dezembro de 1967 é que alguns antigos burocratas do SPI, como Luís Lacombe, junto com juristas como Temístocles Cavalcanti, planejaram a extinção do SPI e a criação de um novo órgão. A idéia de uma fundação implicava maior autonomia financeira e administrativa, bem como possibilidades de obter e manejar mais recursos. Seus mentores planejavam, inclusive, incrementar as atividades econômicas dos índios e gerir a renda de suas riquezas naturais, principalmente a madeira, os produtos extrativos e o gado, onde fosse possível, para ajudar com as despesas de custeio[iii].

Assim, a FUNAI, instituída pelo decreto-lei nº 5.371, de 5 dezembro de 1967, veio para resolver o que o regime militar concebia como a questão indígena brasileira, qual seja, a presença de grupos étnicos populacionalmente e culturalmente diferenciados, os quais, embora de pouca conseqüência para a nação, controlavam vastos territórios, ao mesmo tempo em que estiolavam na pobreza e na impossibilidade de se desenvolver. Por ambos os motivos, chamavam a atenção da mídia para si, quase sempre negativamente para a imagem que o regime militar queria projetar do país. A resolução desse problema só poderia vir com a integração dessas populações à maioria nacional, o que significaria a dissolução das etnias indígenas que haviam sobrevivido até então. Essa visão ‑ contrária à do SPI, que pretendia mudar o índio para que ele servisse de sustentáculo rural à nação ‑ implicava duas ações, que mais tarde provaram ser incompatíveis entre si: a aceleração do processo de integração econômica e social, inclusive via emancipação da tutela do estado, por um lado, e a garantia de suas terras, em tamanho aceitável para eles e para a nação, por outro.

Sob tantos aspectos o novo órgão indigenista não iria diferir muito do velho. Passou do ministério da Agricultura para o do Interior, centrando todas as suas atividades de planejamento na sede, que foi transferida do Rio de Janeiro para Brasília. O Conselho Nacional de Proteção ao Índio, criado pelo General Rondon em 1939, foi mantido porém cada vez menos consultado até ser desativado em 1985. Vivendo um período de grande crescimento econômico, a FUNAI surgiu com orçamentos mais generosas do que os do SPI, os quais foram usadas para criar a infra-estrutura administrativa e operacional que iria durar pelos anos seguintes. A partir da década de 1980 os orçamentos foram diminuindo, o que coincide tanto com o fim do ciclo de crescimento econômico, quanto com a desaceleração do ímpeto de resolução projetada da questão indígena.

Como em outros órgãos estatais da época, a FUNAI era fiscalizada internamente por um setor de controle de informações, cujos cargos foram sempre ocupados por agentes do Serviço Nacional de Informações, ou oriundos do Exército, que informavam, espionavam e vetavam atos e pessoas considerados subversivos ou ameaças à segurança nacional.

Nos primeiros dois anos a implantação do novo órgão se deu lentamente, tanto mais porque esses anos vivenciaram um período em que graves questões políticas arrebatavam o país, que resultaram na Constituição de 1967, no famigerado Ato Institucional nº 5 e na Constituição outorgada através do Ato Institucional nº 10, em 1969. A questão indígena se fez presente nessas constituições não somente seguindo os moldes dos artigos a ela consagrados nas constituições de 1934, 1937 e 1946, mas adicionadas por medidas que favoreceram a ação estatal na demarcação das terras indígenas. Completando juridicamente a criação do novo órgão, em 19 de dezembro de 1973 foi promulgado a Lei nº 6.001 criando o Estatuto do Índio, o qual iria servir de guia normativo para o relacionamento entre índios e o Estado brasileiro até recentemente.

Por volta de 1970 as inspetorias regionais do SPI passaram a ser chamadas de delegacias, mais ao gosto militar, como aliás militares foram muitos dos delegados. As delegacias mantiveram a incumbência de coordenar as atividades‑fins dos postos indígenas e de dar solução aos problemas mais prementes dos índios. Passaram a contar com um corpo médico‑odontológico que, anualmente, ou de acordo com as necessidades, visitariam os postos e aldeias indígenas. Teriam também um setor jurídico para acompanhar as causas do órgão e representar os índios em juízo. Para abrigar os índios visitantes, deveriam possuir ou alugar hospedarias, que ficaram conhecidas como Casas dos índios.

Na ponta do organograma estavam os postos indígenas, cada qual com equipe própria formada por um chefe, um auxiliar de enfermagem, com uma boa farmácia, um técnico agrícola, um professor, preferencialmente indígena, com uma escola até o nível da 4ª série, e um ou mais serviçais, ou trabalhadores braçais, para cuidar dos bens do posto e fazer roças para o sustento da equipe. Fisicamente o posto deveria ter sede própria, casa de maquinário, viatura ou barco, canoas, ferramentas, se possível, luz elétrica e poço semi‑artesiano. Na implantação dos postos foram utilizados os já existentes, criados pelo SPI, alguns com mudança de sede, e muitos mais foram criados a partir de meados da década de 1970. Quase todos mudaram de cognome, perdendo os nomes dos heróis e luminares do SPI, e passando a ter cognomes dos pontos geográficos ou das aldeias em que se situavam.

Em suma, a FUNAI foi instituída para ser um SPI menos carregado de história e ideologia, mais eficiente e impessoal na administração e que cumprisse o propósito indigenista fundamental do Estado brasileiro que era de fazer o índio virar um brasileiro como outro qualquer[iv]. A partir de 1971 a FUNAI criou um curso de formação de indigenistas, o qual foi ministrado por professores e antropólogos de confiança do órgão, especialmente da Universidade de Brasília. Até 1985 sete tais cursos haviam sido dados formando mais de duas centenas de indigenistas, muitos dos quais chegaram a galgar posições políticas de relevo dentro do órgão. No início os indigenistas se distinguiam como uma geração nova dos velhos sertanistas do SPI, mas, com o passar dos anos, eles mesmos, tendo experiência com povos indígenas autônomos de recém-contato, foram sendo promovidos aos cargos de sertanistas. 

Sob muitos aspectos, sobretudo os mais objetivos, tais como a demarcação das terras indígenas e o crescimento demográfico, pode‑se dizer que a FUNAI melhorou, substancialmente, o legado do SPI. Por outro lado, suas deficiências inatas, especialmente a deformação do uso do poder, a subordinação a uma política desenvolvimentista e essencialmente antiindígena, a corrupção em vários níveis e a incúria administrativa provocaram, a contragosto, a reação cada vez mais política dos povos indígenas. Finalmente, há que se entender que os tempos eram outros, com a presença ativa da mídia nacional e internacional cobrando a defesa dos interesses dos índios, o florescimento dos movimentos democrático, indígena, ambientalista e de minorias em geral, bem como os desdobramentos econômicos e sociais da expansão agropastoril e extrativa que atingiram diversas regiões indígenas e que as conectaram às cidades e aos meios de comunicação.

O destino dos índios foi aos poucos se revertendo positivamente em função de novos fatores sociais que estavam ocorrendo na sociedade brasileira e no mundo indígena. Na sociedade brasileira cresceu o interesse e a simpatia pela causa indígena, abrindo com isso um flanco de crítica ao governo federal que antes só era acessível aos especialistas. No decorrer da década de 1980 iriam surgir novas lideranças indígenas que traziam um discurso mais contundente e afinado com os tempos e agiam com mais determinação política. Mais importante ainda, as populações da maioria dos povos indígenas estavam experimentando algo surpreendente até para os antropólogos que os conheciam: um crescimento demográfico incomparável, o que revertia a curva demográfica negativa de quase cinco séculos. Assim, o controle do destino dos índios foi ficando um pouco mais em suas próprias mãos, embora não se possa dizer que sua vulnerabilidade tenha sido controlada de todo.

Esses novos fatores se exerceram independentemente da ação da FUNAI, mas não se pode dizer que à sua revelia. Houve momentos em que o órgão indigenista teve ímpetos ativistas que marcaram uma presença positiva, tais como entre 1975 e 1979, e no biênio da transição democrática, entre 1984 e 1985. Porém, quase sempre sua direção foi exercida por militares sem vínculo com a ideologia rondoniana, sem nenhuma visão integradora da relação entre os índios e o Brasil. Os civis que os substituíram após 1985 tampouco compreenderam as possibilidades socioculturais dessa relação, considerando sua tarefa apenas como administração de conflitos interétnicos, ou, mais recentemente no governo Cardoso, como adaptadores da ideologia neoliberal ao órgão indigenista. Desde 1986 a FUNAI vem perdendo importância para ajudar os povos indígenas em relação aos novos obstáculos que os perseguem, e pouco faz para justificar sua existência. Seus objetivos precípuos não foram atingidos, já que nem todas as terras indígenas foram demarcadas e garantidas. Porém, para sorte dos índios, a emancipação da tutela do Estado, que havia sido proposta no final do governo Geisel como solução final para resolver a questão indígena no Brasil, não se tornou uma realidade. Os povos indígenas dão todos os sinais de querer continuar a ser índios, de continuar lutando pela sobrevivência e pela ampliação de seus direitos como etnias e como cidadãos brasileiros, participando de sua vida social, política e econômica. Ser índio e ser brasileiro não lhes parece condições incompatíveis. Embora desde a redemocratização do país estejamos vivendo um período de indefinição e desleixo da parte do Estado em relação aos índios, algo terá que ser feito, pois, do contrário, a inércia só servirá aos inimigos dos índios, que se agrupam com mais intensidade nos seus interesses de exploração das riquezas que há nos territórios indígenas[v].



 1. Por motivos semelhantes o governo militar extinguiu a Superintendência da Reforma Agrária (SUPRA) e criou o Instituto Nacional de Crédito e Reforma Agrária (INCRA).
2. Após o ataque de 7 de julho de 1963 à aldeia do Ponto, em que cinco índios foram mortos e quatorze ficaram feridos, os Canela foram removidos para a terra indígena Guajajara-Canabrava, onde permaneceram por três anos. Lá diversos morreram de uma epidemia de tifo e de problemas pulmonares. Seu retorno às suas terras na chapada se deu quando um dos líderes, Pedro Gregório Kakroré, que também era servidor do SPI desde 1940, tomou a iniciativa de fazer sua roça nas terras do seu povo, a partir de setembro de 1966. Quanto aos mais de 120 atacantes, só em 16 de dezembro 1978 é que o seu líder Miguel Veríssimo foi julgado por júri comum em Barra do Corda, tendo sido absorvido por seis votos contra um.
[iii]. Um dos pré‑projetos de organização da FUNAI previa até a complementação dos salários dos funcionários com recursos da renda indígena, mas isto foi abandonado no texto final. É de se recordar que essa concepção havia sido utilizada pelo sistema de Diretoria Geral dos Índios, do tempo do Império, que por sua vez a copiara de uma das cláusulas do Diretório de Pombal, de 1757.
[iv]. A respeito da urgência em assimilar o índio, o presidente Ernesto Geisel (1974‑1979), em cujo governo se tentou fazer a emancipação jurídica dos índios, costumava argumentar que, se ele, que era brasileiro apenas de segunda geração, chegara a ser presidente da república, por que os índios, que eram nativos do país, deveriam demorar tanto para virarem brasileiros? Recordemos, ao contrário, que um dos propósitos do SPI, nas palavras de um dos seus primeiros diretores, Horta Barboza, era “fazer do índio, um índio melhor”, isto é mais adaptado para viver como cidadão brasileiro.
5. Para uma visão mais abrangente e detalhada da questão indígena no Brasil ver meu livro Os Índios e o Brasil, 1991 (2012).

3 comentários:

Anônimo disse...

PORTARIA Nº 2.238, DE 10 DE JUNHO DE 2013
O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso da atribuição
que lhe foi delegada pelo art. 1o, inciso I, do Decreto nº 3.035,
de 27 de abril de 1999, tendo em vista a fundamentação constante no
Processo nº 08620.001613/2011-30 e respectivo Parecer nº
053/2013/EVX/CAD/CONJUR-MJ/CGU/AGU, aprovado pelo Despacho
nº 186/2013/CAD/CONJUR-MJ/CGU/AGU, que adota, e com
fundamento no art. 129, parte final, da Lei nº 8.112/90, resolve:
SUSPENDER, por 40 (quarenta) dias,
LUDE SIMIOLI JÚNIOR, Engenheiro Agrônomo do Quadro
de Pessoal da Fundação Nacional do Índio, matrícula SIAPE nº
0444428, pelo enquadramento nas infrações disciplinares previstas
nos incisos III, VII e IX do artigo 116 da referida lei.
ATENÇÃO COMPANHEIROS..
O SERVIDOR LUDE, FEZ PARTE DE VARIOS PAD..PORTANTO SÃO NULOS PORQUE ELE ESTAVA SENDO PROCESSADO..ISSO É ILEGAL

Anônimo disse...

Anônimo analfa, prêmio nobel da burrice.

Anônimo disse...

Antenor Vaz

A FUNAI NÃO SE VE! NÃO ESCUTA E NÃO FALA!

Amigos e amigas..... nesses dias vibrantes, com tantas perguntas que surgem diante das certezas de multidões que ocupam as ruas , tenho me emocionado e tentando entender os rumos que virão. Essa incerteza me emociona mais ainda.

O gigante acordou......a partir de agora nada será como antes. Se voltarmos um pouco para entender esse antes, encontraremos pistas para continuar nesse caminho em busca da liberdade.

O povo chegou no seu limite. Claro! viver numa pais onde as elites (incluindo principalmente a política) propaga uma “conversa” e pratica outra. Não tem quem agüente! Discursam as leis, mas não as cumprem. Uma prepotência incomum, que aliás sempre foi a marca das elites dominantes. Um grupo reduzido SABENDO o que é certo, enfiando “goela abaixo” suas decisões. Decidem e implementam a partir de suas “tropas de choques (centenas de sábios com suas funções criando portarias oportunistas que desrespeitam a constituição).

Foi isso que a FUNAI viveu e ta vivendo ainda hoje. “Iluminados” orquestrados pelo planalto, mudaram, a partir de portarias editadas na calada da noite, uma reestruturação “maluca”. No limiar de fim de ano de 2009, apoiados por marqueteiros e pouquíssimos intelectuais que divulgaram cartas de apoio, inclusive afirmando que se fossem consultar os “servidores”da FUNAI, não aconteceria reestruturação alguma. Coisa típica da ditadura. Essa turma impôs uma reestruturação que na verdade desestruturou o que já existia. Deram com os “burros n`água”. Hoje a FUNAI ta sem estrutura e acabando com o que tinha. Prepararam a FUNAI para ser obediente!

Ha menos de dois meses encontrou-se o “Relatório Figueiredo” que descortinou um passado horripilante orquestrado por agentes do Estado (SPI, Exercito, etc..). Em nome de um pais “que vai pra frente” mataram, torturaram e roubaram terras indígenas. A pergunta que me faço hoje: Tantas arbitrariedades que aconteceram.....e tantos servidores, antropólogos, indigenistas e pesquisadores e esse silêncio reinou por décadas!

Diante desse “gigante que desperta”, diante de manifestações protagonizadas por indígenas (Gurani, Munduruku, Terena, Xingu, em fim... todos) o máximo de manifestação institucional que se observou foram as notas elaboradas pela ANSEF. Louvável.

O planalto instalou na sede central da FUNAI em Brasília uma “sucursal” (entenda-se “tropa de choque”do PT: afiliados e afilhados de políticos, etc.) com um discurso falso-renovador que, por sua vez, agregou um grupo de novos servidores (recém concursados) e os oportunistas de plantão de sempre.

Nos momentos que os indígenas e os servidores começaram a se mobilizar contra essa reestruturação, a FUNAI foi ocupada pela FORÇA NACIONAL. Isso mesmo....OCUPADA. Proibiam até a entrada de índios. Silêncio!

Hoje o silêncio “ensurdecedor” e com uma presidenta interina sem maturidade alguma, inclusive com a questão indígena, a FUNAI se isola dos índios e de seus servidores.

Ta na hora dos servidores da FUNAI dizer um basta a essa gestão e questionar esse modelo autoritário e elitista que decide de cima e empurra goela abaixo. Questionar o silêncio dos superiores. Questionar uma “elite” que define regimentos, portarias, demite e cria condições constrangedoras que leva servidores a pedir demissão. Hoje na FUNAI existe “castas”.

Se tudo isso acontece entre “brancos”, imaginem como essa “gestão” se comporta com os indígenas.

O mínimo que um indigenista, um antropólogo, um servidor da FUNAI tem obrigação de fazer é recuperar a capacidade de escuta. Escutar mesmo..... se não um dia a casa cai..... já caiu.... o rei ta nu......

Os indígenas não..... milenarmente resistem e um dia vão assistir esse “poder do branco” se corroendo por dentro. Assim como já está.

A FUNAI NÃO SE VE! NÃO ESCUTA E NÃO FALA!

 
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