segunda-feira, 8 de junho de 2009

Quantas mortes no Peru?


É impressionante a desatenção da imprensa brasileira sobre o conflito que estorou no Peru entre tropas militares e os índios amazônidas que estão embarrerando as estradas e dutos petrolíferos. Os índios protestam contra uma série de decretos-leis emitidos pelo presidente Alan Garcia que abre a Amazônia para empresas petrolíferas. Os índios não foram consultados e sentem que esses decretos podem facilitar a tomada da Amazônia por essas empresas. Também sentem que estão perdendo a condição de preservar suas terras e garantir sua segurança.

Até agora morreram pelos menos 23 militares e um número desconhecido de indígenas, entre 9 e mais de 30. Talvez 60 mortes tenham ocorrido nos confrontos. E nada disso na imprensa. Mundo afora também é pouquíssima a repercussão. Por que será?

É surpreendente o número de militares mortos. Parece que uma parte deles havia sido detida pelos indígenas no início dos confrontos e, ao tentar resgatá-los, terminaram sendo mortos. Os índios alegam que não tinham armas de fogo e que os militares morreram pelo fogo cruzado de seus próprios companheiros. Difícil acreditar nisso.

No Peru, a tensão abre novas preocupações. Flutua sobre a nação o espectro do Sendero Luminoso. A oposição mais ferrenha culpa o morticínio ao governo Garcia. Os indígenas vinham armando protestos desde abril, quando fracassaram as negociações entre suas organizações representativas e o primeiro-ministro. O governo Garcia, aparentemente, não está nem aí para o quê os índios pensam. Quer porque quer explorar a Amazônia, cujas riquezas minerais e madeireiras considera patrimônio de todo o Peru. Não só dos índios. É o principal discurso governamental.

Desde abril os índios passaram a fechar estradas, passagens de barcos pelos rios e a tomar sedes de empresas de petróleo. O governo resolveu reagir e aí deu-se o conflito nesta sexta-feira p.p.

A organização indígena pareceu a princípio bem estruturada. Eram mais de 1.000 índios guerreiros em vários pontos na região norte do Peru, descendo para a Amazônia, nas províncias de Bagua e Utcubamba. Suas lideranças estão em Lima. O líder da Aidesep, uma das três principais organizações indígenas peruanas, Alberto Pizango, está foragido, com mandato de prisão por incitamento à violência.

Não há perspectiva de fim dos conflitos. Pode haver alguma parada, recuo estratégico, mas os indígenas amazônidas voltarão a reagir.

O grande problema do Peru é que não tem instituições de intermediação com os povos indígenas da Amazônia. Os índios dos Andes, vivendo em comunidades e vilarejos já conectados e integrados ao regime "colonialista" peruano, agem por meio de partidos políticos. Ou se rebelam em partes, como no caso do Sendero Luminoso. Já os amazônidas só recentemente é que iniciaram suas atividades políticos de envergadura maior. Assim, não têm eles mesmos como abrir negociações sérias com o governo.

A Amazônia Peruana está ao deus-dará.

3 comentários:

Anônimo disse...

A Situação dos indígenas no Peru assim como em alguns outros países latinos não será resolvido por nehuma agência governamental de intermediação. Pois o canal de diálogo está fechado do lado do governo que insiste em ouvir somente os interesses das grandes empresas. E a repercussão aqui na imprensa golpista do Brasil só não é maior por que entre as empresas que querem explorar a Amazônia peruana está a petrobrás (nosso orgulho!!!!!?????).

Cláudio Teixeira

guilherme carrano disse...

Continua a exploração da América do Sul pelos interesses empresariais iniciado no século XVI pelas empresas européias e seus reis.
Os indígenas continuam sofrendo a invasão...
Bancos e empresas promovendo o holocausto dos povos indigenas...
em pleno século XXI.
O modelo capitalista fracassou, já faz muito tempo, e continuam tentando mantê-lo sem o diálogo e com a utilização de forças militares e armas.
Trazem sofrimento para todos,
mas seus donos e acionistas nem chegam perto, ficam ao longe mandando...e influenciando com seus recursos a continuidade do liberalismo e suas agências, sejam governo ou não governamentais.

Anônimo disse...

estamos caminhando para um holocausto seja nuclear ou catastrofe climática com descongelamento nos andes,no polo norte,inundando cidades,terremotos e parece que é pouco para alguns que como farao do egito pensa que vai levar seu dinheiro pro túmulo,certamente vai precisar de tanto dinheiro para onde esta indo.caciquepindorama

 
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