Detalhes sobre as jazidas de diamante na terra indígena Cinta-Larga. Estão entre as maiores do mundo. Entre 1 e 2 bilhões de reais por anos poderiam sair daquelas terras.
É dose quíntupla para qualquer um.
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Jazidas mapeadas são as maiores do mundo
Capacidade para produzir até R$ 2 bilhões ao ano é motivo da cobiça e da violência na região
Situada no sul de Rondônia, a região dos cintas-largas tem, conforme estimativas dos Ministérios da Justiça e de Minas e Energia, entre 15 e 20 formações rochosas de onde saem os diamantes. Essas jazidas já mapeadas dão aos cintas-largas o título de donos da maior reserva de diamantes do planeta, com capacidade para produzir entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões ao ano, motivo da cobiça e da violência que marcam o convívio dos indígenas com os não-índios.
Os cintas-largas foram contactados pela primeira vez na década de 50 e, em 1969, a Funai iniciou o processo de integração da etnia. Mas o contato com os não-índios foi o pior possível.
Na década de 80, vieram os madeireiros, que devastaram milhares de hectares de floresta para extrair mogno e cerejeira, subjugando ou corrompendo os índios. No início da década atual, vieram os garimpeiros e contrabandistas de diamantes. No seu auge, com diamantes brotando na flor da terra, o garimpo, mesmo manual na maior parte, chegou a produzir cerca de R$ 20 milhões mensais. Hoje, com a repressão que se seguiu ao massacre de 2004, a extração não chega a R$ 10 milhões mensais.
Mas a riqueza já produzida pelo garimpo estimulou o consumismo entre os índios. Eles compraram muitos carros, inclusive caminhonetes de luxo, esbanjaram em festas e orgias e foram ludibriados por exploradores brancos, de modo que a maioria continua pobre. Mas alguns souberam aplicar bem o dinheiro e se tornaram verdadeiros capitalistas da selva.
Os caciques, por exemplo, possuem casas com padrão acima da média dos demais moradores em cidades como Riozinho e Cacoal. O ex-cacique Nacoça Pio, um dos indiciados no massacre de 2004, por exemplo, tem duas casas em Riozinho, com muro alto e proteção contra ladrões, outra em Cacoal e um chalé de dois andares, de madeira, na Aldeia Roosevelt, à margem do rio. Alvo da desconfiança dos demais por causa do enriquecimento rápido, ele perdeu a última eleição de cacique para um novo líder, o índio Azuma. Procurado pelo Estado, Pio mandou dizer por parentes que não falaria sobre o assunto ou sobre o massacre.
O mais bem-sucedido de todos, porém, é o cacique João Bravo, que modernizou sua aldeia, a Tenente Marques, e construiu invejável patrimônio. Ele tem 22 empregados brancos, de diversas áreas, incluindo mecânico, eletricista, motoristas, vaqueiros e serviçais para atender a ele e à família - que inclui três mulheres e um número incerto de filhos. Sua frota pessoal é hoje de seis veículos (já chegou a dez), dos quais três caminhonetes, um caminhão, carro de passeio e um microônibus de 22 lugares com ar-condicionado, além de motos.
Bravo recusou-se a falar com o Estado, alegando que a imprensa distorce suas declarações, mas mandou dizer por um emissário que não é rico e todo o patrimônio que conseguiu é posto a serviço de sua aldeia, de cerca de 80 índios. De fato a Tenente Marques é considerada modelo. Tem escola, posto de saúde, tratores, escavadeiras e caminhões. A sede tem telefone fixo, mas o cacique dispõe também de um aparelho celular.
A aldeia tem ainda um restaurante rústico e alojamento para visitantes. Insatisfeito com o barulho e os constantes apagões do gerador a diesel doado pela Funai, Bravo construiu com recursos próprios uma pequena hidrelétrica no Rio Roosevelt.
domingo, 11 de novembro de 2007
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